Cuba, um modelo
segundo a Organização Mundial da Saúde
Salim Lamrani
SEGUNDO o organismo das Nações
Unidas, o sistema de saúde de Cuba tem valor de
exemplo para todos os países do mundo.
O sistema de saúde cubano é
reconhecido em nível mundial por sua excelência e
sua eficiência. Apesar de ter recursos sumamente
limitados, e o impacto dramático causado pelas
sanções econômicas que os Estados Unidos impõem a
Cuba, há mais de meio século, Cuba conseguiu tornar
universal o acesso à saúde a todas as categorias da
população e conseguir resultados similares aos das
nações mais desenvolvidas.
Durante sua visita recente a Havana,
a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde,
Margaret Chan, elogiou o sistema de saúde cubano e
declarou que estava impressionada pelos avanços
nesse campo. "Cuba é o único país que eu tenho visto
que tem um sistema de saúde estreitamente ligado à
pesquisa e ao desenvolvimento em ciclo fechado. É
esse o rumo correto, porque a saúde humana não pode
melhorar se não for com a inovação", enfatizou.
Parabenizou "os esforços que o país faz nesse
sentido, para colocar a saúde como pilar essencial
do desenvolvimento".
Cuba baseia seu sistema de saúde na
medicina preventiva e os resultados são
excepcionais. Segundo Margaret Chan, o mundo deve
seguir o exemplo da Ilha neste campo e substituir o
modelo curativo, pouco eficiente e custoso, por um
sistema baseado na prevenção. "Desejamos de modo
fervente que todas as pessoas que vivem no planeta
possam ter acesso a serviços médicos de qualidade,
como em Cuba", sublinhou.
A OMS lembra que a falta de
atendimento médico no mundo não é, de maneira
nenhuma, uma fatalidade procedente da falta de
recursos. Traduz, ao avesso, uma falta de decisão
política por parte dos dirigentes, no sentido de
proteger as populações mais vulneráveis. A
organização coloca o exemplo da Ilha do Caribe, como
um exemplo ao contrário. Por isso, em maio de 2014,
Cuba presidiu a 67ª Assembleia Mundial da Saúde,
como reconhecimento à excelência do seu sistema de
saúde.
Com uma taxa de mortalidade infantil
de 4,2 em cada mil crianças nascidas vivas, Cuba
apresenta o melhor índice do continente e do
Terceiro Mundo, refletindo assim a qualidade do seu
sistema e o impacto sobre o bem-estar das crianças e
das mulheres grávidas. A taxa de Cuba é, inclusive,
inferior à dos Estados Unidos e se posiciona como
uma das mais baixas do mundo.
Com uma expectativa de vida de 78
anos, Cuba é um dos melhores alunos do continente
americano e do Terceiro Mundo, com um indicador
semelhante ao das nações mais desenvolvidas. Em
média, os cubanos vivem 30 anos mais do que seus
vizinhos haitianos. Em 2005, Cuba disporá da maior
proporção de pessoas com 60 anos ou mais da América
Latina.
UM SISTEMA DE SAÚDE AO SERVIÇO DOS
POVOS DO TERCEIRO MUNDO
Cuba também beneficia as populações
do Terceiro Mundo com seu sistema de saúde. Com
efeito, desde 1963, Cuba envia médicos e outro
pessoal de saúde aos países do Terceiro Mundo, para
atender aos deserdados. Atualmente, cerca de 30 mil
colaboradores cubanos trabalham em mais de 60 países
do planeta.
O exemplo emblemático desta
solidariedade com os mais desapossados é a Operação
Milagre, lançada por Fidel Castro e Hugo Chávez em
2004. Esta campanha humanitária, lançada em nível
continental, no âmbito do projeto da Aliança
Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba),
consiste em operar gratuitamente os
latino-americanos pobres que sofrem de catarata e
outras doenças oculares.
Após uma década, mais de 3,5 milhões
de pessoas conseguiram recuperar a visão graças ao
internacionalismo cubano. Este programa social,
criado em um primeiro tempo para a Venezuela,
estendeu-se ao continente todo, com o objetivo de
operar 6 milhões de pessoas. Além das operações
cirúrgicas, a Missão Milagre oferece óculos e lentes
de contato às pessoas que apresentam problemas de
visão.
No total, cerca de 165 instituições
cubanas participam da Operação Milagre, que dispõe
de uma rede de 49 centros oftalmológicos e 82
centros operatórios em 14 países da América Latina:
Bolívia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Guiana,
Haiti, Honduras, Granada, Nicarágua, Panamá,
Paraguai, São Vicente e as Granadinas, Venezuela e o
Uruguai.
A solidariedade médica cubana também
se alarga à África. Em 2014, a Labiofam, empresa de
produção química e biotecnológica cubana, lançou uma
campanha de vacinação contra a malária na África do
Oeste, em não menos de 15 países. Segundo a OMS,
esta doença, que afeta majoritariamente as crianças,
mata não menos de 630 mil pessoas ao ano, "a maioria
delas crianças de menos de cinco anos que vivem na
África".
"Isso significa que mil crianças
morrem diariamente por causa da malária", lembra a
Organização.
Da mesma forma, Cuba está formando
médicos do mundo todo, na Escola Latino-americana de
Medicina (Elam). A partir de sua criação, em 1998, a
Elam já formou mais de 20 mil médicos de 123 países.
Atualmente, 11 mil jovens vindos de mais de 120
nações estudam a carreira de medicina na instituição
cubana. Segundo o secretário-geral da Organização
das Nações Unidas, "a Elam é a escola médica mais
avançada do mundo". Ainda, elogiou os médicos
cubanos que trabalham no mundo todo, particularmente
no Haiti. "Sempre chegam primeiro e são os últimos a
saírem, permanecendo depois da crise. Cuba pode
mostrar ao mundo todo seu sistema de saúde, um
modelo para muitos países".
Ao pôr o exemplo de Cuba, a
Organização Mundial da Saúde enfatiza que é possível
para um país do Terceiro Mundo com recursos
limitados elaborar um sistema de saúde eficiente e
oferecer a todas as populações uma proteção social,
caso existir a decisão política para colocar a
pessoa no centro do projeto da sociedade. (Extraído
de Opera Mundi)