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Brasil: resultado
presidencial enfrenta contrários tradicionais
Leovani García
Olivares

Dilma Rousseff
obteve 41,59% dos votos, insuficientes para ficar
quatro anos mais no Palácio do Planalto; o social-democrata
Aécio Neves surpreendeu ao reunir 33,55% e Marina
Silva ficou terceira, com 21,29%; o resultado final
será daqui a três semanas.
BRASÍLIA.— O segundo turno eleitoral no Brasil
pressagia uma luta intensa entre candidatos
presidenciais de partidos políticos com projetos
opostos, que se enfrentaram em outras ocasiões no
passado, afirmam analistas políticos locais.
A vitória da presidenta Dilma Rousseff, com 41,59%,
após a contagem de 99,9% dos votos, confirmou as
previsões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que augurou um segundo turno entre a chefa de
Estado e o candidato da Social Democracia Brasileira
(PSDB), Aécio Neves.
“Vamos rumo a um enfrentamento tradicional entre o
Partido dos Trabalhadores (PT), com Rousseff, e o
PSDB, com Neves”, sublinhou Lula da Silva. Trata-se
de duas forças políticas muito fortes, que nada têm
a ver com a candidatura da ex-senadora Marina Silva,
candidata da organização socialista (PSB).
O ex-governante afirmou que a chefa de Estado não
tem medo das denúncias sobre corrupção na companhia
Petrobras e está pronta para debater sobre
ilegalidades e subornos com o aspirante à cadeira
presidencial da social democracia.
“A presidenta Dilma quer debater sobre corrupção
com Aécio, além de economia e saúde”, acrescentou.
Após conhecer sua vitória e o avanço para um
segundo turno, por não ter conseguido 50% mais um
nas urnas, a presidenta vaticinou a continuação da
luta para mudar o país e a vitória em 26 de outubro
próximo.
O segundo turno “será uma luta dos construtores do
futuro, que jamais permitirão que o Brasil recue”,
sublinhou ao se referir a Neves, o porta-bandeira do
PSDB, “que governou no passado somente para um terço
dos brasileiros”, disse.
Rousseff falou acerca da necessidade de não
permitir um retrocesso do país e assinalou que esta
primeira vitória demonstra que está no caminho
correto.
Salientou a importância de continuar unidos nas
ruas para mudar o Brasil, para melhorar os serviços
da saúde e da educação, combater a corrupção e dar
impulso a uma reforma política que garanta maior
democracia.
As estatísticas oficiais revelam que a governante
obteve maior pontuação em 15 estados do nordeste, na
Amazônia e no Rio de Janeiro.
O aspirante do PSDB ficou no segundo lugar, com
33,55%, ao vencer em dez estados do sudeste e
noroeste do Brasil, mas anunciou que buscará somar
os votos de Silva, que somente triunfou nos
territórios de Acre e Pernambuco.
Sua surpreendente ascensão nos últimos dias foi
acompanhada de uma queda do apoio da pretendente do
PSB, devido a suas constantes mudanças de posição e
contradições em seus discursos.
Neves tentará atrair os seguidores de Marina Silva,
que deixou entrever seu afastamento do partido que a
indicou como candidata, após a morte do líder
socialista Eduardo Campos, num acidente aéreo, em 13
de agosto passado.
Os candidatos neste segundo turno anunciaram seu
retorno às ruas para convencer o eleitorado: um com
propostas de mudanças e desenvolvimento com inclusão
social e outro com mais privatização, livre mercado
e menos funcionários públicos. (PL)
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