Arsat-1, o
caminho da Argentina rumo à soberania satelital
O lançamento do Arsat-1 levou a
Argentina pelo caminho da soberania satelital e
abriu uma porta para a América Latina, que poderia
aproveitar os benefícios deste sucesso científico e
tecnológico.
"Estamos construindo uma pátria
grande satelital", expressou o diretor do projeto
Arsat, Matías Bianchi, desde Kourou, Guiana
Francesa, após completar-se o voo do foguete Arianne-5,
que pôs o sensor espacial em órbita elíptica de
transferência.
"A soberania satelital é um
fundamento essencial, que adotou o presidente Nestor
Kirchner, como ferramenta para a independência
tecnológica do país, quando em 2006 criou a empresa
argentina satelital (Ar-Sat)", explicou Bianchi.
"Foi uma decisão estratégica para
proteger as posições orbitais que correspondem ao
país, com satélites feitos na Argentina".
Para o vice-secretário das
Comunicações da nação, Norberto Berner, que também
viajou a Kourou, o projeto Arsat tem muita
importância para o país e para a região, e o definiu
como "algo transcendental que é preciso manter no
tempo".
Em termos práticos, trata-se dum dos
sucessos tecnológicos mais importantes que a
Argentina realizou nos últimos tempos, e que a
incorpora ao reduzido grupo dos sete países mais a
União Europeia que produzem satélites.
Quatro deles são nações emergentes
que pertencem ao vigoroso Grupo Brics: Rússia,
China, Índia e agora a Argentina.
Este projeto permitirá que o país
não tenha que continuar alugando satélites. Não só
oferecerá soberania e diminuirá a fenda digital, mas
também permitirá poupar US$25 milhões ao ano por
esse aluguel.
"Ainda, isso também responde a uma
política de inclusão social, pois permitirá que o
sinal chegue até as escolas rurais e a lugares onde
anteriormente era impossível receber o sinal através
dum cabo de fibra óptica", salientou Bianchi.
O projeto foi desenvolvido pela
companhia Ar-Sat, uma sociedade anônima que pertence
ao Estado argentino, 98% é administrado pelo
Ministério de Planejamento e 2% pelo Ministério da
Economia.
Entre outras aplicações, o satélite
ampliará a difusão da televisão digital aberta,
garantirá redes de internet e transferência de
dados, e expandirá a telefonia celular. O
desenvolvimento do Arsat-1 custou US$250 milhões,
investimento que será recuperado dentro de sete
anos, afirmaram seus diretores.
Ao mesmo tempo, permitiu que a
Argentina não perdesse a posição orbital 81, muito
cobiçada, pois cobre desde os Estados Unidos até as
Ilhas Malvinas. O Reino Unido estava à espera da
decisão na União Internacional das Telecomunicações,
para adquiri-la.
Outro dos benefícios radica em que
com o tempo diminuirá o preço do acesso à Internet e
das comunicações celulares, e ao ampliar a televisão
digital aberta, poderia gerar uma redução no custo
dos serviços por cabo.
Em alocução pela rede nacional, após
o lançamento, a presidenta Cristina Fernandez
assinalou nesse sentido que também servirá para que
empresas estatais — e privadas — possam exportar
serviços.
Após felicitar os cientistas que
participaram do projeto, a presidenta expressou que
"em tempos em que os abutres nos querem embargar o
presente, e outros desde adentro nos querem derrogar
os sonhos, podemos dizer-lhes que os sonhos não se
derrogam, que o futuro não se derroga", salientou.
Dessa maneira, a chefa de Estado
fustigou os fundos abutres que litigam contra o país
e os dirigentes opositores que ameaçaram de derrogar
recentes leis aprovadas pelo Congresso e promulgadas
por seu governo.
"Como as asas do Arsat, as asas da
Argentina também estão desdobradas, pois estas não
são asas de derrogação, nem destruição, são asas de
construção, asas brancas do progresso da ciência e
da tecnologia, asas de igualdade, da pátria",
afirmou a presidenta.
Cristina também adiantou que "já
está construído 70% do Arsat-2, que se espera seja
lançado ao espaço no ano próximo e que permitirá a
empresas nacionais e não nacionais exportar serviços
das telecomunicações", disse.
Também informou que já foi desenhado
o Arsat-3, o qual permitirá desenvolver e otimizar
toda a fibra óptica, desenvolvida durante os últimos
anos no país. (PL)