Juan Manuel Karg
NO próximo mês de outubro, no Brasil
terão lugar eleições presidenciais. Três candidatos
principais estão na lide: Dilma Rousseff, pelo
Partido dos Trabalhadores, no governo; Aécio Neves,
pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB);
e Marina Silva — substituindo o falecido Eduardo
Campos — pelo Partido Socialista do Brasil (PSB).
Nesta entrevista, enviada mediante o
correio eletrônico, feita antes da trágica morte de
Campos, o presidente do Partido dos Trabalhadores (PT),
Rui Falcão, fala acerca das conquistas sociais
conseguidas após três períodos de governo de Lula e
Dilma. Ainda, enuncia os desafios que terá um
possível quarto período presidencial do PT.
Quais são as expectativas no seio
do PT, tendo em vista as eleições presidenciais de
outubro?
"Nós trabalhamos com um cenário de
vitória, porque representamos o projeto político que
fez com que 40 milhões de pessoas ascendessem
socialmente, levando o Brasil a se converter na
sétima economia do mundo, e que deu, durante o
governo de Dilma, passos firmes para fazer face aos
desafios históricos do país, como é a falta de
médicos nas comunidades mais humildes".
"E nas eleições deste ano, este
projeto bem-sucedido enfrentará aqueles que
promoveram o arrocho salarial e a privatização dos
serviços públicos. Os brasileiros sabem que depois
de Lula e de Dilma, o Brasil é melhor que o Brasil
do PSDB".
O lema para a campanha da Dilma,
apresentado pelo PT na sua convenção nacional, foi
"Mais mudanças, mais futuro". Quais as propostas que
vai impulsionar?
"Temos a convicção de que fizemos
mais do que qualquer outro governo e, portanto,
temos credenciais para continuar governando. Com o
salário mínimo hoje no Brasil, você pode comprar
muito mais do que comprava noutros governos. Caso
bater na porta da casa de qualquer família, vai ver
que há muitas menos pessoas desempregadas que nos
governos passados. Por que? Porque o desemprego
atingiu os níveis mais baixos de todos os tempos no
Brasil, durante o governo do PT. Ainda, com
programas como ProUni ou Fies, o filho de um
operário ou de uma empregada doméstica pode entrar
numa faculdade. São transformações estruturais que
temos promovido na sociedade brasileira".
"Igualmente, também somos os
primeiros convictos de que é necessário continuar
transformando e mudando o país. E não fizemos todas
as mudanças necessárias, porque 12 anos é muito
pouco tempo. Por isso, para aprofundarmos as
transformações de que o Brasil ainda está
precisando, o programa de governo de nossa coligação
propõe quatro reformas: política, federal, urbana e
dos serviços públicos. Do ponto de vista econômico,
vamos levar o Brasil a um novo ciclo de crescimento
a partir de ganhar competitividade em nosso setor
produtivo".
Qual é o papel que desempenhará o
ex-presidente Lula da Silva, tanto na campanha como
em um novo período de governo?
"A disposição de Lula para
participar da campanha é total: ele continua sendo
uma das personalidades mais importantes do PT, e
assim será nesta eleição. Tem na agenda visitar as
zonas de maior densidade eleitoral, mas também
aquelas onde nós podemos ampliar a vantagem, como o
Nordeste. Ainda, Lula participará das gravações dos
spots para o horário eleitoral gratuito da
campanha".
Como está a oposição ao governo?
Quais o senhor acha que são as diferenças principais
da campanha do PT com aquilo que vai colocar Aécio
Neves, o principal candidato da oposição?
"A oposição está fazendo uma
campanha baseada no pessimismo, na defesa dos
interesses daqueles que se ressentiram com as
transformações sociais que ocorreram no Brasil. Eles
se apoiam em um discurso que não dialoga com a
realidade atual do país. Nunca nossa população teve
acesso a tantos direitos, teve tanta capacidade de
consumo e pôde aspirar a tantas conquistas, que
antes pareciam impossíveis de conseguir. Para termos
uma ideia do que isso significa, podemos dizer com
orgulho que, pela primeira vez na história, vamos
ter como votantes mais pessoas com nível superior
completo do que analfabetos. Esse é um dado que
ilustra o novo Brasil que estamos construindo".
"Estamos em um nível próximo do
pleno emprego, conquistado porque o governo de Dilma
conseguiu criar mais de cinco milhões de empregos no
Brasil, enquanto a economia mundial fechava mais de
60 milhões de postos de trabalho. Temos o período
eleitoral para mostrar aos brasileiros o que nós
fizemos para melhorar a vida de todos, e o que
faremos para levar essas conquistas a um novo
patamar".
Que foi o que aconteceu com o
recente relatório do Banco Santander, o qual
anunciava aos seus clientes que, caso vencer a Dilma,
a economia iria para pior? Qual é a sua opinião
acerca do tema, como titular do PT?
"Este episódio já foi superado. Quem
se prejudicou foi a diretoria do Banco, que resolveu
demitir. Nós só condenamos a distorção do relatório,
que não estava retratando o cenário. Dizia que, caso
a Dilma vencesse as eleições, as coisas iriam piorar.
Isso não é uma avaliação técnica, isso foi um juízo
político, que tem como base uma ideologia
reacionária e a ignorância de setores que
desconhecem nosso projeto ou bem estão ressentidos
pelas transformações sociais que os governos do PT
têm promovido. (Traduzido da versão espanhola
aparecida no site