BRASIL
Vale tudo neste ano de eleições
NESTE ano de eleições no Brasil, previstas para 5 de
outubro próximo, a presidente Dilma Rousseff e seu
governo têm sido alvo de acusações e denúncias que
buscam desgastar sua imagem.
O aumento da inflação, por causa do incremento do
preço dos alimentos, supostas anomalias na (estatal
empresa petroleira) Petrobras e supostos casos de
corrupção de deputados do Partido dos Trabalhadores
(PT), bem como a formação política de Rousseff,
acrescentam-se à lista de ataques da oposição, com o
objetivo de desgastar a popularidade da presidente e
seu gabinete.
A própria presidente reconheceu, em dias passados,
esta onda de ações e anunciou a decisão de
enfrentá-la e não recuar um milímetro na disputa
eleitoral.
“Temos experiência nisto, porque já passamos pelo
mesmo em 2006 e em 2010”, afirmou, ao se referir à
utilização de todos os instrumentos possíveis para
desgastar a administração nacional, neste período
que antecede à campanha eleitoral.
Blocos da oposição, liderados pelo Partido da
Social Democracia (PSDB), persistem no Congresso
para investigar supostas anomalias registradas na
compra, em 2006, por parte da Petrobras, da
refinaria Pasadena, nos Estados Unidos.
O Senado adiou a criação de uma Comissão para
investigar essa empresa e os acordos criados entre
1998 e 2008 com o objetivo de conseguir contratos no
trem e no metrô de São Paulo, durante os governos
tucanos (do PSDB).
Os legisladores opositores rejeitaram a ampliação
das investigações e apresentaram um recurso no
Supremo Tribunal Federal para que se investigue
somente a empresa petroleira nacional.
Segundo meios da imprensa, a Petrobras pagou
US$1,18 bilhão pela refinaria Pasadena, enquanto em
2005 a empresa belga Astra Oil a tinha adquirido por
pouco mais de 42 milhões de dólares.
Este negócio também envolveria a presidente, pois
nesse ano ela era chefa do escritório presidencial e
membro do conselho diretivo do consórcio
petrolífero, que autorizou a compra.
A isto se acrescenta a confiscação de documentos
dos escritórios do ente estatal petroleiro em Rio de
janeiro, devido ao possível envolvimento de
funcionários desta companhia numa operação de
lavagem de dinheiro.
Estima-se que empregados desta empresa participaram
duma rede de negócios ilícitos e evasão de divisas,
avaliada em US$ 4,3 bilhões.
Entre outros supostos participantes destes negócios
ilícitos também aparece o deputado do PT Andrés
Vargas, que recentemente demitiu-se da
vice-presidência da câmara baixa, devido ao seu
relacionamento, ainda não esclarecido, com Alberto
Youssef, dono de uma casa de câmbio e preso como
suposto membro da rede de lavagem de dinheiro.
Também transcendeu que o deputado realizou gestões
com o Ministério de Saúde a favor de Youssef,
interessado em montar um laboratório de
medicamentos.
Neste contexto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva exigiu uma ofensiva do governo e do PT para
contestar todas estas acusações “e defender este
projeto de país”.
“A gente não pode permitir que, por omissão nossa,
as mentiras continuem prevalecendo”, assinalou Lula,
salientando a necessidade de manter a unidade do
Partido e de deixar de lado as disputas internas e
enfrentar a oposição.
"A elite nunca foi condescendente com a esquerda e a
esquerda sempre foi condescendente com a direita",
disse o ex-governante.
Embora as enquetes assinalassem Rousseff como
favorita para as eleições de outubro próximo, com
40% de apoio, também mostram um leve declínio na sua
popularidade, aspecto que preocupa a cúpula do PT e
aos aliados da presidenta.
Para os analistas, a oposição continuará buscando
onde não há para encontrar deslizes e incrementar
seus ataques contra o governo e a chefa de Estado,
pois neste ano eleitoral, quando se trata de
ambições políticas, vale tudo. (PL)
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