FARC-EP e
governo colombiano atingem acordo sobre drogas
A guerrilha das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo
(FARC-EP) e o governo colombiano conseguiram, em 16
de maio, em Havana, vários acordos para solucionar o
problema das drogas ilícitas, terceiro ponto
discutido de seis incluídos na agenda dos diálogos
de paz, iniciados em novembro de 2012.
Em comunicado conjunto, divulgado no
Palácio das Convenções, as partes informaram que
fecharam acordos nos três ítens que contém este
tema: culturas ilícitas, consumo e saúde pública e
comercialização e tráfico ilegal.
O texto expressa a pertinência de
desenhar uma nova visão que atenda as causas e
consequências deste fenômeno e apresente
alternativas reais que permitam a solução definitiva
do flagelo, que alimenta o conflito e a violência
nesse país.
Com tal propósito, acordaram a
implementação dum programa Nacional de Substituição
de Culturas de uso ilícito, como parte da
transformação estrutural do campo, que busque a
reforma rural integral.
Esta iniciativa terá um ponto de
vista territorial e levará em conta as propostas das
assembleias comunitárias.
Ainda, as partes expressam o
compromisso de pôr em prática um programa de
desmineralização e limpeza das áreas, bem como a
promoção, prevenção, atenção social e inclusão
social, com ênfase nas crianças e adolescentes.
O acordo também inclui a
implementação de uma estratégia nos territórios sob
ameaça do crime organizado e a desarticulação desses
grupos, entre outras iniciativas.
O chefe do grupo negociador
governamental, Humberto de la Calle, considerou o
acordo como "um passo importante" nos diálogos, e
qualificou o plano de "ambicioso e bem concebido".
Contudo, Ivan Márquez, que lidera a
delegação de paz das FARC-EP, estimou que ficaram
pontos pendentes ou aspectos que deverão ser
resolvidos no acordo final, ou através da realização
de uma Assembléia Nacional Constituinte.
O desenho de uma nova política de
enfrentamento ao narcotráfico, a suspensão das
aspersões aéreas com substâncias químicas e
reparação das vitimas, a transformação e adequação
do sistema nacional de saúde pública, figuram entre
esses aspectos pendentes.
As FARC-EP também consideraram
necessária a conformação, a instâncias da mesa de
diálogos, de uma conferência nacional para examinar
o problema da comercialização e produção de drogas
ilícitas.
Ambas as partes agradeceram a Cuba e
à Noruega, garantes destes diálogos, "pelo apoio e
ambiente de confiança propiciados", bem como o
acompanhamento do Chile e a Venezuela, e o apoio de
outras nações, organismos e líderes internacionais.
Quanto ao cessar-fogo unilateral de
oito dias, por causa das eleições presidenciais,
decretado pelas FARCs-EP e o Exército de Libertação
Nacional, Márquez indicou que a decisão constituía
um contraste com a atitude do governo de negar ao
processo de paz a possibilidade de uma trégua
bilateral. (