|
Está chegando o tempo das
nações do Sul
• A Declaração Final da Cúpula do
G77 mais a China, constitui, possivelmente, o
documento mais progressista aprovado pelo Grupo em
quase três décadas
Letícia Martinez Hernández e Yaima Puig Meneses
“ESTÁ chegando o tempo das nações
do Sul”, disse o presidente boliviano, Evo Morales
Ayma, perante mais de uma centena de países que se
reuniram em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, nos
dias 14 e 15 de junho, para advogarem, entre outros
temas, por uma Nova Ordem Econômica Internacional, a
qual se torna imprescindível porque, caso contrário,
como alertou o presidente boliviano, “não haverá
nenhum mundo possível”.


“E esse outro mundo de
igualdade, de complementaridade, de convívio
orgânico com a Mãe Terra só pode surgir das mil
línguas, das mil cores, das mil culturas irmanadas
de todos os povos do Sul”, considerou o atual
presidente do G77 mais a China.
Sob essa convicção teve lugar
essa Cúpula Extraordinária, onde a maioria das
delegações teve como centro de suas intervenções
três temas fundamentais: a cooperação Sul-Sul, a
agenda de desenvolvimento Pos-2015 e a mudança
climática.
A realização desta Cúpula
demonstrou a capacidade de convocatória do
presidente boliviano Evo Morales, o qual recebeu,
durante duas intensas jornadas, o apoio e o
reconhecimento da comunidade internacional. Foi uma
chance para fortalecer, ainda mais, sua liderança,
já confirmada na nossa região. O “bom viver” deixou
de ser um conceito apenas boliviano. Nesta Cúpula
isso se converteu também em um modelo de
desenvolvimento que procura, não só o equilíbrio
entre os seres humanos, mas também o equilíbrio e a
harmonia com a natureza. Tal como o definiu Evo no
discurso de inauguração: “significa gerar bem-estar
para todos, sem exclusões; significa respeitar a
diversidade de economia das nossas sociedades;
respeitar os conhecimentos locais, a Mãe Terra e a
sua diversidade biológica, que alimentará as
gerações vindouras”.
A Declaração Final da Cúpula foi
mais radical do que as anteriores, marcada pela
influência latino-americana e os resultados da 2ª
Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e
Caribenhos (Celac), efetuada em janeiro deste ano em
Havana.
O presidente pro tempore do
Grupo dos 77 mais a China, Evo Morales, deixou bem
claro que cada um dos pontos da Declaração de Santa
Cruz foi examinado e teve o consenso de todos os
membros, tendo em conta a instauração de uma nova
ordem mundial “para viver bem” e um sistema mais
justo e democrático que beneficie todos os povos.
Este foi um encontro histórico,
onde o claro reconhecimento a defender a unidade das
nossas nações, apesar da diversidade que as
caracteriza, começa a deixar o caminho livre rumo a
uma nova ordem mundial, na qual está chegando,
definitivamente, o tempo das nações do Sul.
|