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CÚPULA EXTRAORDINARIA DO G-77+CHINA
O objetivo central é erradicar
a pobreza
SANTA CRUZ, Bolívia. — A Declaração de Santa Cruz,
aprovada pelos participantes da Cúpula do G-77 +
China, estabeleceu a erradicação da pobreza como
objetivo central e condutor da agenda de
desenvolvimento pós-2015, informou o presidente da
Bolívia, Evo Morales.
O presidente indicou que o texto final da cita, que
durante dois dias reuniu os chefes de Estado e de
governo do Grupo, tem 242 pontos em consenso para
uma nova ordem mundial para viver bem.
A Declaração insiste no problema da desigualdade,
situação que se agrava por padrões de consumo e
produção insustentáveis nos países desenvolvidos,
comentou Morales, segundo a ABI.
No documento também se rejeitaram as leis com efeito
extraterritorial e as listas e certidões de países
desenvolvidos referidas ao terrorismo, ao
narcotráfico e ao tráfico de pessoas.
Outro aspecto da declaração expressa solidariedade
com o problema das Ilhas Malvinas, com Cuba e
Palestina.
Evo Morales destacou que o líder histórico da
Revolução cubana, Fidel Castro, é o homem mais
solidário que tem conhecido.
Morales enviou um abraço a Fidel e destacou que “é o
primeiro homem solidário do mundo”.
Noutro momento, afirmou que os povos são
antiimperialistas e anticapitalistas por natureza,
como conseqüência da exploração à qual têm sido
submetidos.
Em sua intervenção durante a reunião, o presidente
venezuelano, Nicolás Maduro, disse que o G-77+China
“é um poderoso instrumento para a construção dum
mundo multipolar e multicentrico”.
Maduro apoiou a proposta boliviana de criar um
Instituto do Sul para a descolonização integral dos
nossos países e a construção de uma nova agenda para
as próximas décadas.
Por sua vez, a presidenta argentina, Cristina
Fernández, considerou urgente o estabelecimento de
uma nova ordem mundial mais inclusiva, segura,
respeitosa do meio ambiente e livre das práticas
financeiras que provocaram a crise econômica global.
Para Cristina é fundamental que o G-77+China se
pronuncie contra a extorsão, a dominação e a geração
de dinheiro fictício, porque o modelo se tornou
sistêmico e atenta contra a estabilidade econômica e
o desenvolvimento das forças produtivas na maioria
dos países, principalmente nos subdesenvolvidos.
A chefa de Estado se pronunciou, como outros de seus
homólogos, por uma reforma do Conselho de Segurança
da ONU e rejeitou a unilateralidade na tomada de
decisões sobre questões de interesse internacional.
Cristina Fernández catalogou como uma vergonha a
existência no século 21 de 17 encraves coloniais no
planeta e agradeceu a solidariedade do grupo,
fundando em 1964 com a causa das Ilhas Malvinas.
Destacou o apoio de Cuba durante a luta de
independência de Angola, ao expressar que os povos
latino-americanos creem nos valores da liberdade, a
democracia e independência de cada território.
Outro presidente do sul americano, o uruguaio José
Mujica, interveio na reunião, alertando sobre a
entrada de uma “cultura subliminal que tende a
colonizar nossas mentes e corações”.
É uma armadilha perigosa e está por cima do poder
dos exércitos e das vantagens tecnológicas,
denunciou Mujica, enquanto assinalou a contradição
da época atual, com um grande desenvolvimento
industrial, descobertas formidáveis e também com
crises formidáveis.
O presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén,
advogou pela erradicação da pobreza e afirmou que em
uma nova ordem para viver bem, nenhum canto do
planeta pode carecer de serviços básicos para suas
pessoas.
O governante qualificou de anacrônico o bloqueio
econômico, comercial e financeiro dos EUA contra
Cuba, de vez que deplorou a medida que data de mais
de meio século.
ÁFRICA, ÁSIA E ORIENTE MÉDIO TAMBÉM LEVANTARAM A VOZ
O presidente de Bangladesh, Abdul Hamid, chamou a
aprofundar a cooperação para promover o
desenvolvimento comercial, pois, segundo sua
opinião, o grupo necessita promover os novos acordos
comerciais em benefício de seus países membros.
Seu homologo de Fiji, Epeli Nailatikau, exortou para
a unidade do grupo para ratificar sua fortaleza e
manifestou que “para os países em desenvolvimento, o
G-77+China tem demonstrado ser o mecanismo de mais
políticas para nossos interesses coletivos”.
Em sua intervenção na jornada final, o presidente,
cujo país antecedeu a Bolívia na presidência anual,
insistiu em que a unidade, a solidariedade e o
esforço coletivo são a base do grupo.
Outra nação asiática representada na Cúpula foi Sri
Lanka, cujo presidente, Mahinda Rajapaksa, chamou
aos 133 países do G-77+China a priorizar o fim da
fome e a pobreza na agenda do bloco pós-2015.
Entretanto, o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe,
exortou a reformar o sistema financeiro global
maniatado por instituições creditícias
monopolizadoras como o FMI e o Banco Mundial.
Mugabe, que foi um dos presidentes africanos
presentes na reunião, comentou que as normas
monetárias mais rigorosas das grandes instituições
creditícias, como as mencionadas anteriormente,
somente parecem aplicar-se aos Estados menos
industrializados.
O presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang,
expressou romper com o monopólio que instauraram os
países desenvolvidos e que não favorece as nações
empobrecidas, precisou a ABI.
O primeiro-ministro da Namíbia, Hage Geingob, também
se pronunciou por uma nova ordem mundial mais justa
e eqüitativa de vez que chamou os países em
desenvolvimento a promover a independência
econômica.
Geingob agradeceu a Cuba por sua contribuição para
derrotar as tropas do apartheid sul-africanas em
Angola, que possibilitou a independência da Namíbia
.
Seu homólogo de Suazilândia, Barnabas Sibusiso
Dlamini, elogiou o papel do Grupo a favor do
desenvolvimento das nações menos industrializadas e
seu rol para melhorar as condições de vida dos povos
nos países em desenvolvimento.
O vice-presidente do Irã, Eshaq Jahangiri, chamou os
presentes a atuarem de maneira integrada para
atingir os objetivos de igualdade, justiça e
desenvolvimento, e expressou o compromisso de seu
país com os objetivos do G-77, para também atingir
os objetivos do Movimento dos Países Não-Alinhados.
Na jornada final também interveio o vice-ministro de
Cooperação e Relações Internacionais da África do
Sul, Luwellyn Landers, e o vice-presidente da
Assembléia Popular da China. Chen Zhu, que pediu a
união de todos os países do bloco para uma posição
comum na agenda de desenvolvimento pós-2015.
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