Em 4 de maio passado, Juan Carlos
Varela, ex-vice-presidente e líder do Partido
Panamenhista-Partido Popular (PPA) galgou o poder e
ocupará a cadeira presidencial, a partir de 1º de
julho próximo, até 2019, com um programa muito
diferente do governo anterior, administrador
neoliberal das riquezas do país para favorecer uma
elite pequena de milionários.
O Panamá amanheceu esta primavera
com um presidente eleito, comprometido publicamente
a empreender uma luta social contra uma desigualdade
que se tem agravado nos últimos cinco anos, piorando
a situação econômica dos setores menos favorecidos.
Varela, de 51 anos de idade, venceu
nas urnas com 39% dos votos, sete pontos mais que
seu contrário mais próximo.
O líder do PPA chegou na
vice-presidência em julho de 2009, na mesma fórmula
de seu predecessor, Ricardo Martinelli, e
posteriormente foi ministro das Relações Exteriores,
mas a aliança durou pouco, pois foi demitido do
gabinete pelo presidente, que lhe exigiu a demissão,
à qual Varela não acedeu, pois a Constituição
determina sua permanência no cargo. Sua resposta
foi: "Eu sirvo ao povo e não a um governo corrupto".
As desavenças surgiram pelas
supostas intenções do presidente de buscar a
reeleição e por denúncias de Varela de compras
fraudulentas de helicópteros e radares a uma empresa
italiana de duvidosa reputação. Varela também
suportou acusações de certa imprensa de
financiamento ilegal de sua campanha.
Seu triunfo eleitoral foi sobre José
Domingo Arias, homem de confiança de Martinelli, que
levava na cédula eleitoral como vice-presidenta a
esposa do presidente, o que significava que o também
empresário de supermercados buscava a forma de
exercer o poder indiretamente, de forma continuada.
No terceiro lugar ficou Juan Carlos
Navarro, do Partido Revolucionário Democrático
(PRD), com 27,47% dos votos.
Nas eleições também foram eleitos
deputados nacionais, ao Parlamento centro-americano
e centenas de cargos municipais, com maioria
relativa do CD.
"A política vai mudar de um negócio
para um serviço... hoje vocês elegeram um novo
capitão, saiam às ruas para celebrar", disse Varela
ante seus seguidores depois do triunfo.
Expressou que nos próximos cinco
anos vai "servir" com "humildade" a todos ao
panamenhos, incluindo aqueles que não o apoiaram no
passado.
"Enquanto muitos panamenhos não têm
água potável, muitos têm chão de terra...não vou
permitir que se desvie um centavo que não seja para
servir ao povo", disse o presidente eleito, que
convocou "as forças políticas do país para formar um
governo de unidade, de paz e prosperidade para o
povo panamenho".
Varela vai herdar os grandes
empreendimentos feitos pelo governo anterior e sua
enorme carga, que duplicou a dívida pública, nos
últimos cinco anos, avaliada em US$20 bilhões.
O político triunfante baseou sua
campanha nos problemas da alta do custo dos
alimentos que preocupa muitos panamenhos, prometeu
congelar os preços de 22 produtos da cesta básica
para tentar controlar a inflação. Realmente, a nova
administração recebe um país cheio de problemas na
ordem econômica e social, bem como com prolongadas
greves de construtores e professores.
Varela já conversou com o presidente
venezuelano Nicolás Maduro e anunciou, como uma de
suas prioridades a partir de 1º de julho, o
reatamento das relações diplomáticas com a
Venezuela. Maduro rompeu relações oficiais e
congelou os laços comerciais com o Panamá por
entender como intervenção em seus assuntos internos
a proposta de Martinelli de que a situação política
venezuelana fosse examinada na Organização dos
Estados Americanos (OEA).