BOLÍVIA
Nacionalização dos combustíveis,
uma decisão histórica
Joel Michel Varona
A nacionalização do setor do petróleo e seus
derivados na Bolívia, não só mudou o curso da
história na nação sul-americana, mas se converteu na
locomotiva da economia nacional, nos últimos oito
anos.
Do início do processo, o governo e o setor
organizaram diferentes programas como o Plano
Nacional de Desenvolvimento, a Estratégia Boliviana
de Combustíveis e os planos de investimentos,
exploração, industrialização, além da Agenda de
Hidrocarbonetos.
A nacionalização trouxe uma época de bonança para a
Bolívia, através da entidade estatal Jazidas
Petrolíferas Fiscais Bolivianas (Ypfb).
Tais resultados alentadores permitiram investir US$
3 bilhões, quantia recorde na história da indústria
nacional.
Este processo de investimento beneficia áreas como
a exploração, armazenamento, refinação, transporte,
central de separação, industrialização, redes de
gás, comercialização e investimentos menores.
Em 1º de maio de 2006, o presidente da Bolívia, Evo
Morales, decretou a nacionalização do setor, e esta
decisão, segundo o presidente da Ypfb, Carlos
Villegas, foi fundamental, pois permitiu resgatar a
empresa e torná-la na companhia mais importante da
nação sul-americana.
Villegas lembrou que a Ypfb estava despencando, por
causa de decisões adotadas pelos governos bolivianos
que se associaram ao consenso de Washington, cuja
coluna vertebral era a privatização das empresas
públicas.
A nacionalização já percorreu um caminho de oito
anos e foi uma decisão política, econômica e social
de caráter vital adotada por Evo Morales.
Recentemente, efetuou-se o 4º Congresso
Internacional de Gás e Petróleo, organizado pela
Ypfb, na cidade de Santa Cruz de la Sierra, onde
participaram especialistas, executivos e autoridades
em matéria de petróleo e os derivados.
Entre as empresas participantes estiveram a russa
Gazprom, YPF da Argentina, Pdvsa da Venezuela, a
equatoriana Petroamazonas, Petrobras do Brasil, e a
chinesa National Petroleum Corporation Company.
Na reunião foi anunciado que a indústria boliviana
de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) tem previsto
produzir 1,4 mil toneladas diárias, a partir de
janeiro de 2015, o que permitirá ao país
sul-americano ser autosuficiente e consolidar seu
plano de exportações na América Latina.
Segundo a opinião do responsável pelo grupo para o
Desenvolvimento de Negócios da GLP, da empresa
holandesa Trafigura, Patrício Norris, a Bolívia
poderá liderar a indústria do gás na América Latina.
Argumentou que para fortalecer esta indústria, a
nação andina amazônica deve pensar em mercados
regionais, cujo custo de transporte lhe outorgaria
maiores lucros.
Norris explicou que o Brasil também conseguirá, em
breve, ser autosuficiente, mas não terá excedentes
para exportar, enquanto o Chile, Paraguai e Uruguai
devem superar deficiências para produzir esse
recurso energético em grande escala.
Uma das principais propostas do 4º Congresso de Gás
e Petróleo foi criar um bloco de países
latino-americanos produtores de petróleo e derivados
para alargar a cooperação neste campo.
Em sua intervenção, o presidente das Jazidas
Petrolíferas Fiscais da Argentina, Miguel Matias
Galuccio, informou que se prevê organizar um
congresso que reúna as principais potências em
petróleo e derivados da América Latina, cuja
denominação seria G-10.
“Creio que de alguma maneira existe um potencial
entre as empresas que trabalhamos na América Latina,
mas ainda não está totalmente explorado”.
“Somos uma zona livre de conflitos. A América
Latina é um continente com histórias comuns e com
integração, tanto econômica como cultural”.
“Também temos pontes de integração em matéria
energética, temos gasodutos que atravessam nossos
países, usinas elétricas que operamos de maneira
conjunta”, salientou Galuccio.
Nesse sentido, informou que se a iniciativa tiver
sucesso, o ano próximo começaria a desenvolver-se o
primeiro congresso do G-10 de potências com
petróleos e derivados na região.
O 4º Congresso Internacional de Gás e Petróleo,
efetuado durante estes dias em Santa Cruz, foi
considerado o mais importante da região neste setor.
(PL)
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