Rússia apoia
diálogo pacífico da
crise na Ucrânia
MOSCOU. — O ministro de Assuntos
Exteriores, Serguei Lavrov, reiterou a proposta da
Rússia de analisar em formato multilateral uma
solução pacífica para a crise na Ucrânia, mas
insistiu na presença de representantes políticos das
regiões.
Lavrov declarou que a Rússia está
disposta a discutir a situação ucraniana com
representantes da União Européia, Estados Unidos e
Kiev, em qualquer dos formatos, expressou em
coletiva de imprensa quando terminaram as
conversações oficiais com seu par de Angola, Georges
Chikoti.
Esclareceu que abordou o tema de
eventuais negociações nesse formato com o secretário
norte-americano de Estado, John Kerry, sem precisar
data nem agenda, e insistiu em que não estão
definidas as partes que participarão. A contraparte
norte-americana anunciou como dado possível para o
encontro os próximos 10 dias.
O chefe da diplomacia russa
considerou a respeito que nas conversações
internacionais sobre a crise ucraniana devem estar
representadas as regiões do leste e sul desse país,
e deixou claro que Moscou não legitimará uma reforma
constitucional na Ucrânia que até hoje ninguém "tem
visto", que se organiza a portas fechadas, e muito
menos sem consenso nacional.
Lavrov reiterou que não haverá uma
normalização da situação enquanto as autoridades
ucranianas continuem ignorando os interesses dessas
regiões, e disse que a Rússia não aceita um diálogo
com o governo instalado em Kiev, após o golpe de
Estado de 22 de fevereiro passado.
Desde o fim de semana passado
aumentou a onda de descontentamento com as
autoridades golpistas ucranianas nas cidades de
Donestsk, Járkov, Lugansk, Mariopol e Nikolaevsk,
onde as populações reclamam o status de federalismo
para a Ucrânia, enquanto outros setores exigem um
referendo para decidir pela adesão a Rússia.
Em coletiva de imprensa o prefeito
de Donestsk, Alexander Lukyachenko, afirmou que as
novas autoridades de Kiev não entendem o que
acontece na região de Donbass. Tudo o que acontece
hoje no sul e no leste do país é conseqüência da
política errada de Kiev, afirmou o funcionário.
São conseqüências da falta de
decisão de entender e solucionar os problemas,
salientou Lukyachenko, ao mencionar os ânimos
separatistas que predominam e as ocupações do
governo.
Disse que a todos esses problemas
havia que responder ontem e não hoje e manifestou
esperanças em que o governo e a Suprema Rada
(Parlamento) escutem os pedidos destas pessoas
daqui, de Donbass e do sudeste. Advertiu que se num
prazo breve as pessoas não recebem resposta vão
buscar proteção do estado vizinho.
Segundo Lukyachenko, uma parte das
armas ocupadas aos manifestantes durante a tomada do
prédio do Conselho de Segurança regional foi
entregue durante as negociações entre os ativistas
rebeldes, a administração e o comando das tropas
especiais enviadas a Donetsk para sufocar a
resistência.
Tropas do interior e comandos
especiais também tomaram controle da sede da
administração na cidade de Járkov, onde começou uma
operação militar para desalojar os grupos de
opositores ao regime golpista de Kiev. Foram presos
70 ativistas rebeldes e continuam as ações na cidade
de grupos de resistência. O auto-designado
presidente interino, Alexander Turchinov, informou
ao abrir a sessão do Parlamento, também em qualidade
de ministro do legislativo, que foram sufocadas
ações similares em Dnepropetrovsk e Nikolaevsk.
Afirmou que num prazo breve
recuperarão o controle da administração de Donetsk e
do prédio do Conselho de Segurança em Luganks.
Um dos deputados do Partido
Batkivshcchyna, de Turchinov, declarou à imprensa
que sobre Járkov foi lançado um regimento completo
dos comandos especiais Jaguar, do ocidente
ucraniano, de onde procedem os membros da recém
formada Guarda Nacional da Ucrânia, com
ultranacionalistas e fascistas.
O Parlamento ucraniano aprovou por
maioria uma iniciativa legislativa para fortalecer o
código penal em relação com atos de separatismo e
para criminalizar a onda de descontentamento
popular. (PL)