Ucrânia no
caminho à União
Europeia e a OTAN
OS resultados preliminares das
eleições parlamentares antecipadas, celebradas em 26
de outubro na desintegrada Ucrânia, mostram uma
prometida vitória da direita que augura avançar na
aplicação de medidas acorde aos interesses da União
Europeia e a OTAN.
As eleições, promovidas pelos
setores golpistas à procura de legitimidade e para
tirar do jogo os seguidores do derrocado presidente
Víktor Yanukóvich, realizaram-se no território
ucraniano, à exceção das repúblicas populares de
Donetsk e Lugansk, que organizam suas próprias
eleições nos começos de novembro, onde o exército de
Kiev leva adiante a ofensiva militar.
Na vizinha Rússia saudaram a
celebração do sufrágio — mais além de sua
legitimidade — em função de seus desejos de retomar
o diálogo para conseguir uma saída à crise na região.
O bloco do presidente Petró
Poroshenko, que venceu em maio prometendo mais
Europa e uma economia mais eficiente seria o mais
votado nas legislativas de Ucrânia, com 23%, segundo
uma primeira sondagem das urnas difundida pela
televisão, de acordo com a agência Efe.
A Frente Popular do
primeiro-ministro, Arseni Yatseniuk, seguiria com
21,3%, o que suporia uma vitória da tendência mais
europeísta no novo Parlamento.
Segundo a sondagem, os outros
partidos que obteriam representação parlamentar são
Autoajuda, do prefeito de Lvov (oeste), com 13,2% de
apoio, seguido do Bloco Opositor, criado por antigos
membros do Partido das Regiões do
ex-presidente Yanukóvich, com 7,6%.
O Partido Radical de Oleg Liashkó, que se perfilava
como o segundo mais votado nos dias prévios às
eleições, teria que se conformar com 6,4% dos votos.
Também entrariam no Parlamento os
ultranacionalistas de Svoboda (Liberdade), com 6,3%
e o Batkivschina (Pátria – da extrema direita), da
ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko, que
conseguiria representação "in extremis", com 5,6%.
De acordo a esta sondagem, os
comunistas, submetidos a uma brutal pressão e
acusações de traição, ficariam fora ao não obter 5%
necessário para aceder à Rada Suprema (Legislativo).
Os números mostram que os partidos
pró-europeus obterão a maioria dos lugares na Rada
Suprema (300 de 450) o que permitirá a Poroshenko
formar uma coalizão no Parlamento para introduzir
reformas estruturais e solicitar o ingresso na União
Europeia, em 2020.
Cabe destacar que a participação
eleitoral apenas superou 50% e que o Ministério do
Interior recebeu mais de 300 relatórios sobre
irregularidades no sufrágio.
Da mesma forma, as eleições tiveram
lugar em quase todo o país, à exceção das repúblicas
populares de Donetsk e Lugansk — opostas ao domínio
fascista de Kiev — onde o exército ucraniano lançou
uma ofensiva bélica que já matou mais de 3,8 mil
pessoas e mais de 9 mi pessoas feridas — de acordo
com os números oferecidos pela ONU em 15 de outubro,
em um relatório.
Por seu lado, a Rússia declarou que
Moscou reconhecerá os resultados das eleições
parlamentares embora não tenham abrangido a
totalidade do território ucraniano em um gesto para
tentar resolver a crise no vizinho país.
"Reconheceremos as eleições, já que
para nós é muito importante que na Ucrânia surjam
finalmente umas autoridades que não se dediquem a
lutar uns contra outros, nem arrastar a Ucrânia para
o oeste ou para o leste, mas sim aos autênticos
problemas com que se defronta o país", sustentou o
ministro das Relações Exteriores russo, Serguei
Lavrov, ante a imprensa internacional.
Em um tom conciliador, o chanceler
também se mostrou "convicto" de que a Rússia
encontrará um interlocutor no novo governo e a Rada
Suprema. Além do mais anunciou que prevê ter um
encontro com o chanceler ucraniano assim que este
for nomeado.
"Naturalmente, nunca temos
suspendido (os contatos), inclusive teve encontros
com aqueles que não foram eleitos e tomaram o poder
mediante um golpe de Estado", assinalou Lavrov.
A boa vontade de Moscou para
dialogar com os novos representantes de Kiev
responde à tentativa de retornar aos acordos de
Minsk de cessar fogo de 5 de setembro como ao
Memorando de Paz de 19 desse mesmo mês para a
criação de uma zona desmilitarizada entre o exército
ucraniano e as milícias populares.
Mais além da diplomacia, na
chancelaria russa reconhecem que o aumento de
nacionalistas e radicais na Rada Suprema agravará as
tensões na desintegrada Ucrânia, marcada por uma
luta política interna e a crise econômica, na que,
segundo advertem, a partir da sede parlamentar se
pode chamar novamente a lançar mão das armas,
derramar o sangue e resolver os problemas pela força.
(Redação Granma Internacional)