A comunidade
internacional
respalda Cuba
A
Assembleia Geral das Nações Unidas adotou na
terça-feira, 28 de outubro, com o respaldo de 188
dos seus 193 membros, a resolução “Necessidade de
pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e
financeiro imposto pelos Estados Unidos contra
Cuba”.
Pela
vigésima terceira ocasião consecutiva, o principal
fórum do organismo internacional fez um apelo de
maneira categórica ao levantamento do cerco aplicado
por Washington durante mais de meio século, com
afetações econômicas estimadas em US$ 1,112 trilhão
e um prejuízo humano incalculável.
Na
Assembleia, o documento não foi respaldado pelos
Estados Unidos e Israel, enquanto as Ilhas Marshall,
Micronésia e Palau se abstiveram.
Durante a
jornada, fóruns governamentais e representantes de
diversos países deram seu apoio a Cuba na Assembleia
Geral da ONU e rejeitaram o bloqueio econômico,
comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos
há mais de meio século.
Em nome do
Movimento dos Países Não-Alinhados (Mnoal), o
embaixador iraniano, Javad Sharif afirmou que o
bloqueio estadunidense é o principal entrave para o
desenvolvimento de Cuba e considerou que era
injustificável.
Ainda, o
embaixador boliviano Sacha Llorente, falando em nome
do Grupo dos 77 mais a China, afirmou que o bloqueio
é uma “ameaça à humanidade” e “uma aberta violação
dos princípios consagrados na Carta das Nações
Unidas e o direito internacional”.
“As vidas
humanas são ameaçadas e o cuidado da saúde pública é
enfraquecido pelo bloqueio, tal como a educação, a
cultura, os esportes, as finanças, a banca, o
comércio exterior, o investimento estrangeiro”,
precisou.
Por seu
lado, o embaixador designado da Costa Rica, Juan
Carlos Mendoza, fez um apelo, em nome da Comunidade
dos Estado Latino-americanos e Caribenhos (Celac) a
respeitar sem justificações a soberania e a livre
determinação de Cuba.
Qualificou
de severo o bloqueio imposto desde o século passado
e afirmou que isso gerou grandes perdas econômicas
para o povo cubano.
A esse
respeito, o representante da Argentina, Carlos
Felipe Martínez, sustentou em nome dos países do
Mercado Comum do Sul (Mercosul) que o bloqueio é
“moralmente injustificável” e as medidas que impõe
“não têm cabimento no mundo de hoje”.
O
representante permanente da Rússia na ONU, Vitali
Churkin, também ratificou o rechaço do seu país a
qualquer medida punitiva discriminatória, como
instrumento de intromissão nos assuntos internos dos
Estados.
Por seu
lado, o embaixador venezuelano, Samuel Moncada,
censurou a agressão a terceiros Estados, por terem
vínculos com Cuba, que implica o bloqueio e outras
medidas contra a Ilha, como a Lei Helms Burton. A
Venezuela rechaçou, ainda, o fustigamento
estadunidense a entidades ligadas a Cuba, entre elas
o consulado cubano em Washington, privado durante
mais de um ano dos seus serviços financeiros.
Em nome da
União Europeia, o vice-representante permanente da
Itália na ONU, Inigo Lambertini, assinalou que “os
efeitos da legislação extraterritorial e de medidas
administrativas e judiciais unilaterais” dos Estados
Unidos contra Cuba “têm efeitos negativos sobre os
interesses da União”.
“Não
podemos aceitar que medidas impostas unilateralmente
impeçam nossas relações comerciais com Cuba”,
acrescentou o diplomata, após afirmar que a
revogação do embargo (bloqueio) “poderia facilitar a
abertura da economia cubana em benefício da
população”.
Também
intervieram a favor de Cuba e contra o bloqueio
estadunidense os representantes do México, Índia,
Argélia, Vietnã, China, Bielorrússia, Egito, África
do Sul, Colômbia, Brasil, Indonésia, Ilhas Salomão e
Zimbábue.
Boa parte
destas delegações elogiou Cuba por ter enviado à
África Ocidental mais médicos do que nenhum outro
país, com o fim de conter o maior surto de Ébola,
depois que essa doença fosse identificada, em 1076.
ARGUMENTOS
GASTOS
Representando os Estados Unidos, o embaixador Ronald
Godard, repetiu mais uma vez os mesmos argumentos
com os que, há duas décadas, esse país vem
justificando perante a Assembleia Geral sua política
de agressão contra a Ilha.
Tentou
demonstrar que as mesadas que recebem cidadãos
cubanos de seus familiares constituem uma ajuda do
governo norte-americano, quando realmente o bloqueio
proíbe qualquer tipo de assistência ao nosso país.
Culpou
também o governo cubano pela baixa extensão e
ligação à Internet, mas não disse que as autoridades
dos EUA são as que proíbem a ligação de Cuba aos
inúmeros cabos de fibra óptica que a rodeiam,
impedindo, ao mesmo tempo, a aquisição de softwares
e equipamento e negando o acesso dos cubanos a
inúmeros sites.
Suas
palavras foram alheias ao que publica a própria
imprensa do seu país, que de maneira crescente vem
pondo em causa, nos seus editoriais, a política do
bloqueio, assim como as declarações de altos
funcionários do seu governo que reconhecem a
necessidade de uma mudança.
A
intervenção do representante dos Estados não merecia
uma réplica, mas a intervenção da embaixatriz e
representante permanente da Nicarágua, Maria
Rubiales, descaracterizou os argumentos
norte-americanos de forma incontestável.
“Mais uma
vez pretendem confundir esta Assembleia com seus
argumentos gastos, que já não conseguem convencer
ninguém, reflexos dessas políticas teimosas e
obsoletas, próprias de seu egoísmo e prepotência
imperial”, disse.
“Tomara que
os Estados Unidos resolvessem retificar suas
políticas e acabarem com seu isolamento.
Convidamo-los a se juntar à comunidade internacional
e acompanhar-nos para pôr fim a um passado e
construir um futuro de amizade, cooperação e
respeito mútuo”, concluiu Rubiales.