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Consolidação das
relações estratégicas
Yaima Puig
Meneses e
Letícia Martinez Hernández
BRASÍLIA, Brasil.— A criação de um
fórum comum entre a China e a Comunidade dos Estados
Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) foi um dos
resultados mais significativos da reunião de 17 de
julho no Palácio de Itamaraty, onde os líderes de
ambas as partes se reuniram, a portas fechadas, para
continuar promovendo relações baseadas na igualdade
e benefício mútuo.
Segundo se soube, os presidentes
foram coincidentes e destacaram o respeito com o
qual a China se tem aproximado da Nossa América,
afastada dos ânimos hegemônicos com que outras
potências mundiais têm chegado historicamente à
região.
Em declarações à imprensa, a
presidenta brasileira Dilma Rousseff informou sobre
o fundo de US$35 bilhões que o país asiático pôs à
disposição dos governos latino-americanos e
caribenhos para financiar projetos de
desenvolvimento. "A China nos propõe um
relacionamento muito importante, que será definido
melhor a partir de janeiro próximo, em Pequim,
quando tenha lugar a primeira reunião dos
chanceleres da China e a Celac, que organizarão um
encontro posterior com os chefes de Estado e de
governo", referiu.
Esta cooperação se consolidará em
áreas como o comércio, o investimento, a
agricultura, a alta tecnologia, energia limpa e
renovável, as manufaturas, a infraestrutura, a
cultura, a educação, o turismo, bem como o
desenvolvimento social e sustentável.
Ao se referir a estes assuntos
importantes, o presidente dos Conselhos de Estado e
de Ministros, general-de-exército Raúl Castro Ruz,
considerou "que a ampliação das nossas relações nos
permitirá um diálogo bilateral sistemático sobre os
principais problemas internacionais, defendendo os
interesses do Sul".
Especificamente sobre as nações
caribenhas, o presidente cubano salientou que
requerem de uma atenção especial. "É uma necessidade
imperiosa que estes países, que em sua maioria são
tratados injustamente como países de renda média,
recebam em condições preferenciais a cooperação, o
comércio e os investimentos, tanto da América Latina
como da China".
Raúl pôs como exemplo o caso do
Haiti, nação com a qual todos têm o dever de
contribuir para seu desenvolvimento e a superação
das sequelas históricas da espoliação e os desastres
naturais que sofreu.
Sobre a relação de Cuba e o gigante
asiático, considerou que mais de meio século de
intercâmbio "nos permitira adiantar no
desenvolvimento de uma relação exemplar que superou
as provas do tempo".
Por seu lado, o presidente
venezuelano, Nicolas Maduro, ofereceu declarações à
imprensa, onde catalogou as reuniões como "passos
históricos de grande magnitude para o mundo que está
nascendo".
Disse que enquanto se recebiam más
notícias sobre a operação terrestre para desalojar
os palestinos de Gaza e o lamentável acidente do
avião da Malásia, do Brasil saem as melhores
notícias: o nascimento de um mundo de paz baseado no
respeito à diversidade.
REUNIÃO CHINA-QUARTETO DA CELAC
O momento também foi propício para
uma reunião entre a China e o quarteto da Celac,
integrada por Costa Rica, Cuba, Equador e Antígua e
Barbuda, onde os presidentes manifestaram seu
reconhecimento à posição do país asiático de assumir
uma cooperação mutuamente benéfica.
Nesse espaço, o presidente
equatoriano Rafael Correa considerou que a união da
China com a Celac será força determinante na nova
ordem mundial. Agradeceu também ao líder asiático Xi
Jinping sua visita à região, bem como o respeito e a
singeleza com a que tem tratado Nossa América.
Por sua vez, o presidente cubano,
Raúl Castro, reiterou o apoio ao Caribe, pois "esta
tem sido uma região muito leal", lembrando que,
pouco depois do triunfo da Revolução, quando Cuba
ficou totalmente isolada no âmbito internacional, a
Jamaica, Guiana, Barbados, bem como Trinidad e
Tobago estabeleceram relações diplomáticas com nosso
país. Raúl qualificou os vínculos com o Caribe de
"profundos e sinceros", e se referiu à Cúpula Cuba-Caricom,
que terá lugar na Ilha, nos finais deste ano.
Durante as jornadas em Brasília, o
general-de-exército Raúl Castro também se
entrevistou com os presidentes da Bolívia e Colômbia,
Evo Morales Ayma e Juan Manuel Santos,
respectivamente, bem como com o presidente da
Venezuela, Nicolás Maduro. Nos diálogos foram
tratados temas da agenda bilateral e outros
referidos aos processos de integração da região,
respeitando as diversidades dos nossos países.
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