Zona de exclusão aérea é passo prévio
para a invasão da Síria
Miguel Angel González Claros
DESDE a noite de 22 de setembro, aviões de combate
dos EUA estiveram atacando com mísseis e aviões não
tripulados alguns alvos nos arredores de Ragga,
cidade na zona norte da Síria, onde se encontra a
sede do Estado Islâmico. Os ataques não foram
autorizados pelo governo sírio, nem pelo Conselho de
Segurança da ONU.
Sabe-se que os EUA e seus aliados têm financiado,
treinado e armado grupos rebeldes na Síria,
incluindo o Estado Islâmico do Iraque e Síria
(ISIS), com o fim de derrubar o governo de Bashar
Al-Assad.
Essa estratégia não funcionou e agora o ISIS deve
ser banido através de bombardeios, mas a intervenção
militar viola o direito internacional e a soberania
territorial da Síria, O objetivo da “guerra contra o
terror” de Obama não é derrubar o ISIS, mas sim os
governos que descumprem as decisões de Washington.
A
administração de Barack Obama planeja estabelecer
uma zona de exclusão aérea sobre o nordeste da
Síria. O objetivo seria desativar o sistema de
defesa aéreo do governo sírio, através de ataques
aéreos. Uma vez estabelecida a zona de exclusão,
começaria a ser criada uma zona de amortecimento,
administrada pela OTAN ao longo da fronteira
turco-síria, que poderia ajudar a enviar forças
terrestres estadunidenses à região, em 2015.
A
proposta serviria para realizar uma planificação
estratégica ajudando a ofensiva rebelde a
enfraquecer as forças militares do governo sírio.
A
ideia de que os EUA necessitam uma zona de exclusão
aérea contra um grupo de sunitas que não têm força
aérea é ridícula.
Os
bombardeios norte-americanos provocaram a evacuação
da cidade de Deir al-Zor por parte dos terroristas,
dirigindo-se a outros povoados como Ayn El Arab
(Kobane), provocando um aumento dramático de
combatentes do Estado Islâmico numa cidade mais
pequena, mas que está na fronteira com a Turquia.
Tudo foi apenas um grande show e a capacidade do
ISIS não se degradou, apesar dos bombardeios dos EUA
e seus aliados.
Com
o objetivo de eliminar Al-Assad, que se revelou ser
um grande obstáculo para os interesses geopolíticos
do eixo anglo-estadunidense na região, e para
enfraquecer a posição estratégica da Rússia,
Washington necessita as forças da OTAN para eliminar
as defensas aéreas sírias.
Por
essa razão, Ocidente lançou mão de suas forças
delegadas do ISIS para destruir a base aérea de
Ragga, no leste da Síria, com o fim de abrir metade
do país a um ataque militar estadunidense.
O
exército sírio estava a ponto de voltar a tomar o
controle de algumas refinarias controladas pelos
yihadistas, esse era o caso em Dayr al-Zor. Os
esquadrões da morte ajudados pela OTAN, foram
apanhados quando a cidade estava a ponto de ser
libertada por parte do governo sírio. Essa
oportunidade se esvaiu como consequência dos ataques
aéreos estadunidenses, que destruíram a
infraestrutura da refinaria, onde a maior parte dos
terroristas fugiu para outras áreas, depois de
receber aviso prévio dos ataques, que causaram mais
mortes de civis do que de partidários do ISIS.
De
fato, muitos destes homens rumaram para o norte da
Síria, na fronteira com a Turquia, desse modo têm-se
reforçado outros esquadrões da morte em seus
esforços para reabrir as linhas de fornecimento a
partir da Turquia.
Obama prefere bombardear a infraestrutura para
evitar que o governo retome o controle. A campanha
de bombardeios dos EUA e seus aliados provoca a
destruição de importantes regiões da Síria e deixará
pouco de valor real para o exército sírio, caso
consiga vencer as milícias do ISIS.
Na
medida em que os EUA continuem atacando o governo
sírio, surgem novos motivos para os ataques aéreos:
não só a refinarias de petróleo, mas também armazéns
de grãos, em Manbij, uma cidade de Alepo, onde se
travaram intensos combates entre as forças do ISIS e
o governo sírio. O ataque contra as instalações de
grãos por parte das forças da OTAN e seus aliados é
mais um exemplo de que os bombardeios na Síria não
estão dirigidos a destruir as divisões do ISIS, mas
são contra as forças governamentais, para evitar que
voltem a tomar os recursos necessários para
proporcioná-los a seus cidadãos ou a suas forças
armadas.
PAPEL DO REGIME SIONISTA
Israel tem dado atendimento médico e outros
serviços aos terroristas. Nos últimos três meses, os
cipaios transportaram dezenas de feridos através de
uma linha de cessar–fogo que separa Israel da Síria,
desde 1974, nas colinas do Golã. Quando chegam a
Israel, recebem atendimento medico antes de serem
enviados de retorno à Síria.
Os
ataques aéreos dos Estados Unidos e suas tentativas
de criar uma “zona de segurança” dentro da Síria não
são mais que uma farsa.
Os
bombardeios têm o objetivo de que Ragga fique nas
mãos dos próprios terroristas que os EUA afirmam
estarem atacando. A ideia seria que Ragga seja a
“capital da oposição”, tal como Bengazi foi na
Líbia.
O
ISIS já conseguiu muitos dos objetivos de
Washington. O anterior presidente do Iraque, Nuri Al
Maliki, foi substituído por um fantoche dos EUA que
modificará o SOFA (Status of Forces Agreement,
acordo para a retirada do exército dos EUA),
permitindo eliminar um Estado unificado forte, que
atue como país membro da resistência frente a
Israel.
A
“guerra contra o ISIS” é só o último episódio da
intervenção do imperialismo estadunidense no Oriente
Médio. O desejo da Casa Branca é dominar a região,
rica em combustíveis, e a preparação de novos
ataques contra o Irã e os principais alvos de
Washington: Rússia e a China.
(Fragmentos
extraídos do
La
Haine)