ANC com maioria
parlamentar
na África do Sul
Jorge V. Jaime
O Congresso Nacional Africano (ANC)
comemora 20 anos de governo democrático multirracial
na África do Sul com uma nova e categórica vitória
eleitoral, que além disso, significa um segundo
mandato executivo para o presidente Jacob Zuma.
Com 20.500 centros de votação
contabilizados (dum total de 22.260), a Comissão
Eleitoral Independente (IEC) corroborou o triunfo do
ANC em oito das nove províncias do país austral e
mais de 9,9 milhões de votos positivos.
O movimento de libertação que
derrotou o apartheid e do qual foi militante ilustre
o ícone Nelson Mandela, ratificou ante o mundo que
sua empatia com o povo da Nação do Arco-Íris não
diminuíra após duas décadas no poder, apesar do
lógico desgaste político que significa essa
responsabilidade.
A IEC tornou pública a contagem de
16 milhões de cédulas eleitorais, mais de 92% do
total nacional, e afirmou que a organização de Zuma
era amplamente vencedora, com 62,7% de apoio cívico.
A cifra triplica os votos obtidos
pelo principal grupo opositor Aliança Democrática
(DA, grupo da minoria branca), que reteve o governo
na província de Western Cape, cuja capital é Cape
Town, a segunda maior cidade do país.
Com esta votação em massa, o povo
sul-africano respondeu positivamente ante um partido
que levara a cabo numerosos e importantes programas
contra o desemprego, a pobreza, as carências médicas
e a favor da justiça social em geral.
O apoio majoritário da população
silencia as vozes da oposição que vaticinavam o
fracasso de Zuma e do ANC nas quintas votações
legislativas da era constitucionalmente democrática
nacional.
Fundado em 8 de janeiro de 1912, na
igreja Waaihoek Wesleyan, de Bloemfontein, o
Congresso Nacional Africano tem hoje quase milhão e
meio de militantes, cifra oficial, além de centenas
de milhares de ativistas voluntários em todo o
território.
Membro da Internacional Socialista,
o ANC é a força de libertação nacional mais antiga
do continente. Seu programa principal é baseado na
proclamação de uma Revolução Democrática, um sistema
social que busca o poder intelectual, educativo e
econômico dos cidadãos.
A proporção de sul-africanos que
vivem na extrema pobreza diminuíra de 41% em 1994
(quando o ANC chegou a União Buildings) a 31%,
segundo estatísticas do Banco Mundial. Mais de 16
milhões de pessoas recebem atualmente subsídios do
Estado.
A partir do primeiro governo
democrático, com Nelson Mandela como líder, a
economia domestica cresceu a uma média anual de
3,3%, enquanto a riqueza nacional, em termos de
produto interno bruto, aumentara até mais de 3,5
bilhões de rands (uns US$300 bilhões).
Aproximadamente 15 milhões de
pessoas têm emprego hoje na África do Sul, a maior
cifra na história do país, até 2013 a maior
macroeconomia do continente. Somente durante o ano
anterior foram criados mais de 650 mil postos de
trabalho.
Após as eleições nacionais de 7 de
maio, três novos e minoritários partidos políticos
terão por primeira vez ao menos um deputado no
Parlamento: Combatentes pela Liberdade Econômica,
National Freedom Party e African Independent
Congress.
A outra surpresa foi que Democratic
Alliance, DA, superou em popularidade o
tradicionalista Inkatha Freedom Party em seu
baluarte central de KwaZulu-Natal, uma péssima
notícia para a organização dirigida por Gatsha
Mangosuthu Buthelezi desde 1975.
A África do Sul é uma república
parlamentar e, por tal motivo, neste país não há
eleições presidenciais. Nos dias próximos os
deputados que reúnam maioria no Parlamento e no
Conselho das Províncias (câmara baixa) nomearão o
chefe de Estado.