Intervenção do
vice-chanceler cubano, Abelardo Moreno, na sessão do
Conselho de Segurança da ONU, dedicada à luta contra
o Ébola
(Versões
Estenográficas do Conselho de Estado)
Senhora
presidenta:
Primeiramente, quero agradecer ao secretário-geral,
ao doutor Nabarro, à doutora Chan e ao senhor Niamah
pela informação que nos ofereceram, que posso
garantir-lhes que para nós é muito útil e
necessária.
Senhora
presidenta:
A gravidade
da situação criada por causa da epidemia de Ébola
que está dizimando alguns países da África Ocidental
e Central, coloca a necessidade de enfrentá-la com
energia e contar com a cooperação de todos os
países.
Nesse
espírito, Cuba, a pedido do secretário-geral das
Nações Unidas, Ex.mo Sr. Ban Ki-moon, e
da diretora-geral da Organização Mundial da Saúde,
doutora Margareth Chan, já iniciou o processo de
cooperação, sob a coordenação da OMS, como já foi
anunciado na sexta-feira passada, pelo ministro da
Saúde Pública de Cuba, doutor Roberto Morales Ojeda.
Esta
cooperação permitirá o envio a Serra Leoa de uma
brigada médica, cujos integrantes manifestaram a sua
disposição de se juntarem ao combate contra essa
epidemia. Todos eles possuem mais de 15 anos de
experiência profissional e trabalharam em outros
países logo após a ocorrência de desastres naturais
e epidemiológicos, assim como em missões de
colaboração médica.
Nós estamos
prontos para colaborar estreitamente com outros
países, incluindo aqueles com os quais não temos
relações diplomáticas.
Esta
resposta cubana se inscreve em nossa ajuda solidária
à África, Ásia e a América Latina e o Caribe.
Durante os últimos anos temos colaborado em 55
países, com a participação de 325.710 trabalhadores
da saúde. Em 39 países da África já trabalharam
76.744 colaboradores. Hoje, nesse setor, 4.048
cubanos prestam serviços em 32 nações africanas,
deles 2.269 são médicos.
Além do
mais, Cuba, país pequeno e pobre, até a data tem
formado, gratuitamente, 38.940 médicos de 121
países. Atualmente, estão estudando a carreira de
medicina em nosso país 10 mil jovens estrangeiros, 6
mil dos quais o fazem sem custo algum, sob o
princípio de continuar ajudando os mais pobres e
aqueles que contam com recursos assumem as despesas,
o que contribui a garantir a sustentabilidade do
sistema de saúde cubano e a colaboração
internacional.
Senhora
presidenta:
Nesta
batalha contra o Ébola, que deve ser de todos nós, o
governo de Cuba resolveu manter sua cooperação e
estendê-la aos países mais afetados, os que já foram
informados.
No restante
da região não afetada pelo Ébola e onde temos, como
já foi dito, mais de 4 mil colaboradores da saúde,
estamos dispostos a ajudar na prevenção desta
doença.
As brigadas
médicas que serão enviadas à África para a luta
contra o Ébola fazem parte do “Contingente
Internacional Henry Reeve” — criado no ano 2005 —
integrado por médicos especializados no
enfrentamento de desastres e de grandes epidemias.
A resposta
de Cuba ratificou os valores solidários que
nortearam a Revolução Cubana: não dar o que nos
sobra; compartilhar aquilo que temos.
África
espera pela resposta imediata de todos os Estados
membros das Nações Unidas, e muito particularmente
daqueles que têm recursos. Torna-se urgente que
todos se unam neste esforço global contra o Ébola. A
humanidade tem uma dívida com os povos da África.
Não podemos defraudá-los.
Muito
obrigado.