Poroshenko presidente da
Ucrânia toda?
Odalys Buscarón Ochoa
O novo presidente ucraniano, Pior Poroshenko, jurou
pela unidade de um país dividido, em guerra e com
uma parte de seus habitantes submetidos pela força
dos bombardeios e a persecução a uma ordem imposta
do ocidente.
Poroshenko ocupou vários postos em diferentes
governos e foi um dos oligarcas que financiou as
revoltas anti-governamentais em Kiev que terminaram
no golpe de Estado contra o presidente legítimo,
Viktor Yanuókovich, em fevereiro passado.
Apresentou-se como candidato independente, mas
tornou evidentes suas preferências pela junta
golpista de estreita colaboração com os Estados
Unidos, por sua cumplicidade com os setores
fascistas e por uma resposta de força ante o
descontentamento e rebeldia das regiões orientais
pela federalização.
Para o prefeito popular de Slavyansk, no norte de
Donetsk, Vvacheslav Ponomariov, Poroshenko é homem
de mentiras, pessoa em quem não se pode confiar.
Considero que não há nada que conversar com ele,
respondeu Ponomariov em reação à promessa de
Poroshenko de dialogar com “os representantes
pacíficos de Donbass”. Também acrescentou que nesse
território ninguém apóia o presidente milionário.
Segundo a revista Forbes, a fortuna declarada
do chamado rei do chocolate ascende a US$1,3 bilhão.
Em Donetsk, o primeiro-ministro da República Popular
homônima, Alexender Borodai, disse aos jornalistas
que Poroshenko “é o presidente de outro Estado e
seus pronunciamentos sobre o futuro de uma Ucrânia
unida e do ucraniano como única língua estatal” não
interessem aos líderes dessa nova entidade político
territorial.
Borodai lembrou que em 11 de maio, após o apoio
contundente à alternativa de independência no
referendo, a República Popular tornou-se Estado
soberano.
Kiev, tal como os Estados Unidos e a União Europeia,
não reconhecem as consultas efetuadas em Donetsk e
Lugansk, onde o sim obteve mais de 90% do apoio.
Também existe reticência desde o poder ao projeto de
federalização para a Ucrânia, como solução ao
conflito interno.
Os líderes das regiões rebeldes afirmam que qualquer
variante de negociação passa primeiro pelo cessar
das ações combativas e a retirada das forças
regulares e dos comandos repressivos desses
territórios.
Ao proclamar-se vencedor nas eleições presidenciais,
Poroshenko exigiu aos militares “limpar” as citadas
regiões antes da posse, em 7 de junho passado.
“Esta é nossa terra, e nossa crença a ortodoxia,
temos um modo de vida, o mesmo dos nossos avós, O
povo deve sentir-se livre. Não vamos entregar a
cidade a ninguém”, afirmou o prefeito de Slavyansk.
Para o líder do movimento alternativo sudeste e
deputado Oleg Tsariov, o novo presidente não tem
capacidade para dialogar com os habitantes do
oriente.
Sábado, 7 de junho, começou com bombardeios intensos
e combates em Slavyansk e durante seu primeiro
discurso como chefe de Estado, Poroshenko não deu
nenhuma ordem para deter a operação de castigo,
declarou Tsariov ao canal Rossia 24.
O político opositor advertiu, perseguido pelo regime
de Kiev, que desde sua posse, Poroshenko assume
juridicamente toda a responsabilidade pelas
consequências da operação militar-policial, que as
autoridades ucranianas iniciaram desde meados de
abril contra o sudeste do país.
Ele deve condenar as ações do governo anterior,
qualificá-las de criminosas e investigá-las. Somente
sob estas condições começariam então as consultas
sobre um possível dialogo, salientou o político
despojado da imunidade parlamentar pela nova maioria
legislativa.
Em uma entrevista recente ao jornal russo
Izvestia, Tsariov disse que suas denuncias sobre
os fascistas usurpadores do poder e sobre seus
crimes resultaram irritantes aos governantes
ucranianos.
Por tal motivo, lembrou, queimaram minha casa, meu
escritório de deputado e me espojaram do status e
imunidade parlamentar e além disso, me querem
arrestar.
Opinou que o poder atual perdeu influência e desde
sua impotência, adota todo tipo de medidas. Em sua
opinião, Poroshenko não estará muito tempo no poder.
Também não os pronunciamentos do novo presidente
tiveram boa aceitação em Lugansk.
O presidente da República Popular, Valeri Bólotov,
declarou ao serviço russo de notícias que as
promessas de Poroshenko também suscitavam
desconfiança entre os dirigentes e povoadores,
submetidos aos bombardeios.
Sem dúvida, uma economia que despenca,
descontentamento social e polarização crescente no
país pelas ações repressivas do poder central, além
de uma guerra fratricida, restam possibilidades para
uma rápida solução da crise ucraniana, com o quinto
presidente como timoneiro. (PL)