rio
do início da luta da Frente Polisária contra a
ocupação ilegal de seu território por parte da
monarquia marroquina.
Apesar de que a luta do povo saaraui
data de muito antes, foi em maio de 1973 quando se
constituiu a Frente Polisaria e começaram de forma
organizada os combates pela independência nacional.
O colonialismo espanhol, depois de
ter sido derrotado em Cuba, em 1898, ocupou esse
território — conhecido como Saguia el Hamra e Rio de
Ouro — quase totalmente desértico no nordeste
africano, com escassa população, fundamentalmente
nômade, mas muito rica em fosfato e com um
apetecível banco pesqueiro frente a suas costas,
dentro de suas águas territoriais.
A Espanha, segundo o ditame da
Comissão de Descolonização da ONU, devia ter
iniciado, no início dos anos 70, o processo de
autodeterminação com a população do território, para
pôr fim a sua condição colonial; mas interesses
políticos reacionários determinaram que o
entregasse, em sua maior parte, à ambiciosa e
expansionista monarquia marroquina, e uma porção
sulista ao governo da Mauritânia, o qual, pouco
tempo depois renunciou a ela, devido a sua
incapacidade de resistir a guerra que travavam os
saarauis. Marrocos ficou com todo o território e
promovendo uma demagógica campanha que chamou "a
marcha verde", lançou dezenas de milhares de seus
cidadãos para colonizá-lo.
O processo de autodeterminação
continuou até os nossos dias, pendente de executar
pela ONU e os sucessivos governos da Espanha,
comprometidos com interesses econômicos dos
marroquinos e de outros países da OTAN,
especialmente a França, longe de atuar para que este
seja aplicado, têm posto todo tipo de obstáculos ao
obrigatório procedimento. Boa parte do povo saaraui
mantém-se refugiado em acampamentos em territórios
argelinos, vivendo em condições desumanas ou em uma
faixa do território libertado após um imenso muro
militarizado e minado com todo tipo de explosivos,
construído pelos ocupantes.
A monarquia, tal como os sionistas
de Israel, não só ocupa ilegalmente território
alheio, mas também tentou expandir-se e tomar
territórios argelinos e mauritanos. Recém obtida a
independência da França, depois de anos de lutas, a
Argélia teve que enfrentar, em 1962, as tentativas
marroquinas de apoderar-se de uma parte de seu
território. Naquela ocasião, um regimento de tanques
cubanos foi enviado para ajudar os irmãos argelinos
a deter a ilegal agressão.
Antes da ocupação marroquina do
Saara Ocidental, uma delegação da ONU percorreu o
território e se entrevistou com seus habitantes, bem
como com autoridades de países fronteiriços,
constatando, tal como expressou em seu relatório,
que o povo saaraui se pronunciava claramente pela
independência total e não por sua anexação a nenhum
de seus vizinhos.
Contudo, Marrocos o invadiu
ilegalmente e obrigou boa parte da população a
refugiar-se no deserto e na região adjacente da
Argélia, sem outra alternativa que iniciar a luta
pela libertação nacional.
Tal como tem acontecido com a ilegal
ocupação da Palestina, as potências ocidentais
praticam a dúbia moral neste caso. As autoridades de
Rabat realizam todo tipo e violações, reprimem e
massacram o povo patriota saaraui, mantêm centenas
de prisioneiros em condições desumanas, torturam e
desaparecem seus cidadãos. Mas não são levados a
tribunais internacionais nem a comissões de direitos
humanos. Marrocos tampouco aparece nas famosas e
hipócritas listas que publica o Departamento de
Estado. Tudo ao contrário, recebem ajuda de seus
aliados e de seus amos, incluído armamento moderno.
Logicamente, a "grande imprensa ocidental" passa por
alto o que acontece no Saara ocidental.
Em boa medida, foi por ali por onde
começou, em novembro de 2010, a denominada
"primavera árabe" quando as manifestações populares
se iniciaram ou as promoveram em outros países da
região. Num grande acampamento de tendas, Gdeim Izik,
nos arredores da cidade de El Aiun, milhares de
saarauis que exigiam liberdade e independência,
incluídas mulheres, anciãos e crianças, foram
brutalmente atacados por militares e forças de
segurança marroquinas, com um saldo desconhecido até
hoje de mortos, feridos e desaparecidos.
A repressão contra a decisão de
independência do povo saaraui é permanente. Os
hipócritas das potências ocidentais e sua imprensa,
estão muito ocupados observando e inventando o que
eles dizem acontece na Síria, Cuba e Venezuela ou
outros países que não se lhes subordinam. (Fragmentos
extraídos do Rebelión)