Escândalo de banqueiros foragidos:
Ileana Ros com a mão na massa
Jean-Guy Allard
O
senador Robert Menéndez, membro do círculo mafioso
cubano-americano no Congresso dos EUA, deixa de
estar sozinho no escândalo dos irmãos Isaías, os
banqueiros equatorianos foragidos, que ele ajudou a
prosperar. A representante por Miami, Ileana
Ros-Lehtinen, também meteu a mão na massa, aceitando
o dinheiro destes multimilionários delinqüentes, aos
quais também ajudou a assentar-se em sua nova
pátria.
A
congressista, politiqueira furibunda que não perde
uma oportunidade para atacar Cuba, Venezuela,
Bolívia, Equador e qualquer país progressista da
América Latina, acaba de ser denunciada — com provas
— pelo jornal web The Daily Beast, que revela
que mandou cartas a várias agências federais a favor
dos irmãos foragidos e vários membros de suas
famílias, para que obtivessem a residência nos EUA.
O
problema é que Ileana Ros-Lehtinen recebeu — entre
outras coisas — dos irmãos caloteiros pelo menos
US$23 mil para seu “fundo de campanha”. Não se sabe
por agora se esta doação de dinheiro roubado por
parte dos multimilionários equatorianos foi
acompanhada de outras bondades.
No
Equador, William e Roberto Isaías foram condenados
in absentia por roubo de fundos, há mais de uma
década. Estiveram lutando para evitar a extradição e
fixar sua residência nos Estados Unidos.
Os
Isaías tiveram outro aliado cubano-americano nessa
busca: o presidente do Comitê das Relações
Exteriores do Senado, Robert Menéndez, que fez
ligações telefônicas e escreveu cartas apoiando seu
pedido de residência, lembra o The Daily Beast.
DOIS
EMINENTES PARCEIROS DA MÁFIA CUBANO-AMERICANA
Menéndez e Ros-Lehtinen são identificados com a
máfia cubano-americana de Miami. No Congresso,
Ros-Lehtinen, que há alguns anos confessava à
televisão britânica que estava a favor do
assassinato do líder cubano Fidel Castro, não perde
a chance de criticar o governo do presidente Rafael
Correa e está ligada a golpistas equatorianos.
No
mês passado, a NBC News informou que o FBI
estava investigando Menéndez sobre possíveis delitos
de corrupção relacionados com suas intervenções em
nome dos irmãos delinquentes.
O
fundo de campanha de Menéndez também foi
generosamente engraxado por estes amigos
equatorianos.
OS
ISAÍAS MORAM EM CORAL GABLES, O DISTRITO DE
ROS-LEHTINEN
Os
Isaías doaram ao menos US$23,700 a Ros-Lehtinen, nos
ciclos eleitorais de 2010, 2012 e 2014, de acordo
com os registros federais de contribuição de
campanha. Os irmãos Isaías moram em Coral Gables,
precisamente no distrito de Ros-Lehtinen.
Em
março de 2011, Ros-Lehtinen enviou uma carta ao
então secretário de Estado Adjunto para os Assuntos
do Hemisfério Ocidental, Arturo Valenzuela, a favor
dos irmãos Isaías, pois estes dizem que “acreditam
que estão sendo perseguidos politicamente e
economicamente pelo governo do Equador”.
Para
se defender, a congressista afirmou ao The Daily
Beast que sua intervenção em benefício dos
banqueiros era simplesmente um serviço de rotina de
seu escritório, a favor de residentes do distrito.
“A
família Isaías contatou meu escritório e, como é
habitual, transmitiu-nos sua preocupação para com as
agências federais. Nós nos encarregamos de centenas
de casos similares e somos, provavelmente, um dos
escritórios do Congresso que mais trabalha para
resolver casos de interesse para nossa comunidade”,
disse numa linguagem característica do mundo
político dos EUA.
Ros-Lehtinen também disse ao The Daily Beast
que, contrário a seu colega Menéndez, não pensa que
ela se encontre sob investigação do FBI em relação
com o caso Isaías. O FBI se negou a comentar.
Os
Isaías são buscados no Equador desde o colapso de
seu banco Filobanco, que faliu em 1998. Segundo a
justiça equatoriana, os irmãos escaparam com mais de
$100 milhões de fundos do banco.
O
The Daily Beast também revela que em março de
2012, a congressista escreveu à secretária de
Estado, Hillary Clinton, em nome de María Estefanía
Isaías Plaza, que lhe tinham negado um visto de
trabalho não residente H1B. O empresário Alfredo
Balsera, que ia contratar Isaías Plaza, contribuiu
pelo menos com US$1,000 à campanha de Ros-Lehtinen.
Em
agosto de 2013, Ros-Lehtinen escreveu a Linda
Swacina, vice-diretora do Serviço ao Cidadão de
Imigração dos EUA em Miami, pedindo-lhe que se
pronunciasse sobre o pedido de residência permanente
de Estéfano Isaías. Em dezembro de 2013, escreveu à
diretora de USCIS em Washington, Lori Scialabba,
pedindo-lhe para reconsiderar o caso de Roberto
Antonio Isaías Plaza, ao qual tinham negado um
pedido de imigrante.
Os
generosos membros da família Isaías também
contribuíram com os fundos de campanha do senador
Bill Nelson, da Flórida, da congressista e também
presidenta do Comitê Nacional Democrata, Debbie
Wasserman-Schultz, e do representante Joe García.
Estes três “democratas” são amigos próximos da
Ros-Lehtinen e compartilham suas ideias
ultradireitistas e seu ódio à emancipação da América
Latina.
PRESIDE O FUNDO DE DEFESA DE POSADA CARRILES
Ros-Lehtinen, que deve sua primeira eleição ao
Congresso a uma campanha de apoio ao defunto
terrorista Orlando Bosch, que realizou com Otto
Reich e Jeb Bush, agora preside o Fundo de Defesa do
terrorista Luis Posada Carriles. Deve sua reeleição
à máfia cubano-americana de Miami, herdeira da
ditadura cubana de Fulgencio Batista.
A
mulher de 60 anos que viajou a Honduras para apoiar
publicamente o ditador Roberto Micheletti, enquanto
a polícia matava manifestantes nas ruas de
Tegucigalpa, é uma fervente predicadora de sua forma
de democracia, a qual inclui golpes de Estado e
assassinatos.
Segundo o Center for Responsive Politics, organismo
independente que fiscaliza as doações a políticos,
Ros-Lehtinen e vários políticos da Flórida, no fim
da última década, aceitaram o dinheiro do banqueiro
caloteiro Robert Allen Stanford, assim como
políticos envolvidos em escândalos de corrupção,
tais como Bob Ney, Jack Abramoff e Tom DeLay.
Ros-Lehtinen e seus amigos se sentiram aliviados, em
fevereiro de 2010, quando se soube que o chefe de
segurança de Stanford se encarregou de destruir
milhares de documentos do banqueiro, quando foi
descoberto o gigantesco calote.
Standord era acusado de calotear nada menos que US$7
bilhões a investidores. Em seu afã de comprar-se a
complacência de políticos, uma prática
característica da democracia norte-americana,
Stanford contribuiu também a engrossar o fundo de
campanha de Barack Obama com US$31,750.
ATÉ
DESCOBRIU URÂNIO NO EQUADOR
Tão
fanática é a congressista que em 2012, quando era
presidenta do Comitê das Relações Exteriores da
Câmara dos Representantes, expressou seu temor que
“o Irã obtenha acesso às reservas de urânio do
Equador, para nutrir seu programa nuclear”.
O
presidente do Equador, foi o primeiro surpreso pela
denúncia: “Primeira vez em minha vida que tomo
conhecimento de que o Equador tem urânio”, ironizou.
Em
2010, Ros-Lehtinen convocou, promoveu e presidiu uma
Cúpula latino-americana fascista, em pleno Capitólio
de Washington. “Agora mais do que nunca é o momento
que os Estados Unidos apoiem seus amigos”, proclamou
a legisladora republicana perante uma sala cheia de
golpistas, terroristas e conspiradores de toda a
classe.
O
chamamento a apoiar os “amigos” cuja identidade não
precisou, provocou expressões de satisfação no rosto
de muitos dos participantes, entre os quais figurava
o golpista equatoriano Lucio Gutiérrez, associado à
tentativa de golpe e de magnicídio em Quito,
ocorrida três meses antes.