Ébola e fome
açoitam o continente africano
A epidemia do Ébola na África
Ocidental agrava a situação alimentar da região,
nomeadamente na Guiné Conacri, Libéria e Serra Leoa,
alertou o Instituto Internacional de Investigação
sobre Políticas Alimentares (Ifpri).
O Ifpri estima que a fome vai somar
milhares de vítimas ao total de mortes devido ao
Ébola e fez um apelo à comunidade internacional para
unir-se e garantir a proteção, tanto das pessoas
infectadas como daquelas com dificuldades de acesso
aos alimentos.
Nas zonas mais devastadas nesses
três países, entre os mais pobres do planeta,
aumentam constantemente os preços dos produtos
agrícolas básicos, devido ao abandono das lavouras e
à pouca força de trabalho disponível.
O Banco Mundial (BM) supõe que se o
vírus se estende além destes povos, no final de 2015
a epidemia terá custado a África Ocidental US$ 32,6
bilhões.
Entretanto, o Ifpri insiste em
prevenir mazelas futuras, alegando que quando a
epidemia passar a proteção social e o apoio à
agricultura serão essenciais para aumentar a
resistência perante futuras crises.
"Investir na nutrição e na saúde das
populações vulneráveis poderia reduzir a taxa de
mortalidade de doenças como o Ébola, já que a
situação nutricional e a infecção estão intimamente
ligadas", sublinhou a identidade.
O Programa Mundial de Alimentos e a
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a
Alimentação (FAO) trabalham para facilitar o acesso
aos alimentos básicos a aproximadamente 1,3 milhão
de pessoas e 900 mil lares rurais nas três nações.
Ainda assim, o Ifpri qualifica de
preocupante a próxima temporada de colheita, pois a
escassez de mão de obra põe em perigo a segurança
alimentar de milhares de pessoas.
Outros organismos internacionais
também chamam a atenção acerca da severidade das
medidas impostas para conter a pandemia, o que
dificulta o acesso de boa parte da população aos
alimentos, enquanto o fechamento das escolas em
Serra Leoa afastou centenas de crianças dos
programas de apoio alimentar, dos quais muitas vezes
dependiam.
Ainda, as restrições impostas ao
consumo de carne de animais selvagens, suposta fonte
do vírus, eliminaram uma fonte tradicional de
proteínas e nutrientes da dieta local.
Se bem é imprescindível destinar
fundos em nível internacional para controlar e
eliminar o Ébola, também devemos pensar como
solucionar os problemas a médio e longo prazo,
naqueles países onde tem impactado com menor
inclemência.
Até o momento, o Ébola matou mais de
5 mil pessoas,dentre as aproximadamente 10 mil
infectadas, segundo relatórios recentes da
Organização Mundial da Saúde, tendo um impacto
severo na cadeia de produção e distribuição de
alimentos nos três países mais afetados.
Na região se registram novos casos a
cada hora, segundo a organização não-governamental
Save the Children, afirmando que se estende a um
ritmo "aterrador", o que põe em perigo outros
setores da economia dessas nações. (Fragmentos
extraídos da Pl)