Quem é o
vencedor da última
agressão a Gaza? Qual será o futuro
da Palestina?
Basem Tajeldine
TONELADAS de explosivos jogados
pelas forças genocidas israelenses contra a
população civil de Gaza não foram suficientes para
parar o lançamento de mísseis de fabricação caseira
por parte de Hamas (Movimento de Resistência
Islâmica), nem muito menos para assassinar seus
líderes e dizimar seus aliados táticos das
organizações laicas palestinas: a Frente Popular
para a Libertação da Palestina (FPLP), a Frente
Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP) e
o Partido Comunista da Palestina (PCP).
Os bombardeios indiscriminados
assassinaram mais de 2.140 palestinos, a maioria
civis (mulheres e crianças), e feriram outras 11 mil
pessoas. Também destruíram quase a totalidade da
infraestrutura civil educativa, hospitalar e
industrial.
Milhares de moradias em Gaza foram
destruídas e afetadas. Apesar de tudo, os palestinos
não se renderam perante o poder bélico de Israel e
continuam resistindo. E precisamente isso é o que
não conseguem explicar-se os sionistas. Os
palestinos, ainda nas piores condições geradas pelas
constantes agressões israelenses, o bloqueio e a
traição de países árabes do Golfo se resistem a
entregar seus territórios aos usurpadores sionistas.
No terreno ocorreram situações
imprevisíveis. Os golpes de Hamas contra Israel não
foram nada comparáveis aos danos humanos e materiais
causados por Israel em Gaza; contudo geraram um dano
psicológico nos colonos sionistas, inesperado ou
subestimado pelos estrategistas do regime de Israel.
Hoje os israelenses voltam a experimentar os mesmos
traumas de ansiedade que sofreram durante as últimas
aventuras bélicas israelenses, em 2006, contra o
Líbano e em 2008 contra Gaza.
A ilusão de segurança pela suposta
inexpugnabilidade que oferecia o "escudo de ferro"
se esvaiu. O tão publicado sistema israelense
antimísseis não foi tão efetivo como se esperava,
frente a uma chuva de mísseis de fabrico artesanal
(Katiusha). Resultou ser mais efetiva a publicidade
que o próprio sistema.
Os israelenses os quais têm muito a
perder, começaram a pôr em dúvida a atual liderança
sionista, por causa do fracasso em Gaza. Entretanto
os palestinos, que não têm nada que perder porque já
perderam tudo, celebram a nova trégua.
Segundo a enquete publicada pelo
Canal 2 da televisão israelense, a taxa de aprovação
do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu
caiu de 82% para 38% desde o início da guerra. As
críticas a Netanyahu e ao exército israelense se têm
multiplicado. Metade dos entrevistados qualificou de
"péssima" sua gestão do conflito. Tanto Netanyahu,
como o ministro da Defesa Moshe Yaalon e o chefe do
Estado Major Beni Gantz, se converteram nos alvos
desta campanha. Contudo, os dirigentes sionistas, os
quais sabem muito sobre a arte da manipulação, agora
pretendem abafar as críticas com mais "pão para o
circo" dos dissociados e fundamentalistas sionistas.
Com efeito, Netanyahu ordenou confiscar novas terras
palestinas, por um total de 300 mil metros quadrados
aos proprietários de Nablus, no norte da Cisjordânia
e o sequestro de vários líderes da FPLP que se
encontravam na mesma região.
Entre os sequestrados pelo regime
sionista se encontram Ahmad al-Haj Muhammad Abu
al-Nimr e Zahi Khatatba, que foram detidos na cidade
de Nablus, Furik; enquanto Kamal Ibrahim Abu
Tharifa, Youssef Abd al-Haq Shaddad e Abu Salama
Moussa foram detidos em Nablus. Hamaeil Amjad, 37
anos, foi preso em sua casa em Beta, durante a
rusga.
Em Jenin, as forças israelenses
prenderam Fadaa Zugheibi al-Muhammad al-Zugheibi,
Abdullah al-Afif, Alam Sami Masad e Jaafar Abu
Salah. Mustafa Orabi Nakhla, ou Abu Wadee, foi preso
cerca do campo de refugiados de Al-Jalazun, no norte
de Ramallah.
Por seu lado, a liderança palestina
de Al Fatah atingiu um acordo com os líderes de
Hamas para iniciar os trâmites necessários para
exigir a intervenção da Corte Penal Internacional
(CPI), a fim de que sejam julgados os líderes
sionistas pelos crimes de guerra cometidos em Gaza.
Contudo, os dirigentes sionistas não
têm medo da CPI. Eles confiam na efetividade de seus
lobbys para fazer com que EUA e seus aliados
europeus bloqueiem no Conselho de Segurança da ONU e
outros espaços internacionais qualquer possibilidade
de ação daquela corte.
É bom lembrar que Israel, tal como
os EUA, não ratificou o tratado que permitiu a
criação da CPI, em 17 de julho de 1998, como único
organismo judicial internacional responsável por
perseguir e condenar os mais graves crimes de
guerra, massacres e genocídios cometidos por
indivíduos ou Estados.
Então, quem venceu quem? Até quando
durará a trégua na Palestina?
Para desgraça da humanidade, a
resposta é cruel. Venceu a morte. Venceu o Complexo
Militar Industrial estadunidense. Enquanto os bolsos
dos contribuintes estadunidenses perderam, os
mercadores da guerra e a morte (sionistas e
neoconservadores) ganharam milhões de dólares,
sacrificando milhares de palestinos.
Israel não reconheceu a existência
do povo palestino, e não respeitou a própria
Resolução 181 das Nações Unidas (de 1947) que
dividiu a histórica Palestina em dois Estados,
entregando só uma parte desse espaço (52% de
Palestina) aos europeus de religião judaica que
chegaram a esse país fugindo do Holocausto nazista.
E ainda se deve lembrar que líderes
históricos sionistas como David Ben-Gurion
(1886-1973), Menachem Begin (1913-1992) e Golda Meir
(1898-1978), os quais ocuparam o cargo de
primeiro-ministro, tal como os atuais Ehud Ólmert,
Benjamin Netanyahu, entre outros, deixaram bem claro
que não reconhecerão a criação de um Estado chamado
Palestina porque, segundo eles, "os palestinos nunca
existiram".
A recente "trégua" atingida na
Palestina será similar às outras "tréguas" que se
produziram no passado: o regime sionista a
interpreta como "um descanso merecido" para as
tropas assassinas, que durará o tempo necessário
para acalmar a opinião pública mundial e para repor
o inventário de armas esgotado nesta última aventura
criminosa.
Israel gastou mais de US$ 2,5
bilhões nos 50 dias que durou a agressão contra Gaza
(à razão de US$ 60 milhões diários) sem conseguir
atingir aqueles alvos, um montante muito próximo ou
quase a totalidade do que recebe anualmente dos EUA
para sua defesa. Israel espera receber dos EUA mais
US$ 3 bilhões em armas, no próximo ano 2015.
O futuro da Palestina continuará
dependendo da resistência de seu povo e das mudanças
geopolíticas que possam suscitar-se naquela convulsa
região do planeta. (Expertos tomados de Rebelión)