Marlon Vega González
CONFESSO que durante algumas semanas
quis localizá-la e não foi tão fácil, mas valeu a
pena esperar por Yarisley Silva, uma atleta que não
necessita muita apresentação. A torcida a reconhece
e aplaude em cada lide. Seus resultados competitivos
em nível mundial a convertem em uma das
protagonistas dentro de uma geração de saltadoras
com vara muito competitivas, encabeçadas pela
extraclasse russa Elena Isinbayeva.
O fato de ter saído da Liga do
Diamante e levar algum tempo sem concorrer motivaram
este diálogo, em cujo reconto do passado recente ao
futuro próximo, ressalta não só seu excelente
desempenho esportivo, mas também a simplicidade,
sinceridade e qualidade humana desta pequena
gigante, que a tornam muito maior ainda daquilo que
refletem as estatísticas.
Muitos de nós ficamos com os desejos
de ver você animando mais competições da Liga do
Diamante. O que aconteceu?
"Não tive a preparação adequada,
faltaram alguns componentes essenciais e isto, em
alguma medida, influiu na baixa do meu rendimento.
Apesar disso, neste tempo fora das competições tive
experiências muito bonitas como a de ter participado
do Festival Mundial da Juventude e os Estudantes,
celebrado no Equador, em dezembro do ano passado,
onde tive a chance de conhecer várias
personalidades, entre eles e talvez a mais especial
para mim foi conversar via telefônica com Gerardo
Hernández, um dos Cinco lutadores antiterroristas
que foram condenados nos Estados Unidos, o qual,
apesar de ter a mais alta condenação de todos eles,
era capaz de alentar-me com tanto ânimo para
continuar avançando na minha carreira esportiva.
Isso me deu muita força para continuar.
Que vinculação pode existir entre a
quantidade de competições e o ocorrido?
Muita. Não parava de concorrer desde
o ano 2012, tive competições muito intensas nesse
tempo todo, e cheguei a ocupar o primeiro lugar do
ranking mundial, o qual gera certa cota de pressão,
assim como o aumento da preparação psicológica,
física, técnico-tática, e a família, da que sinto
muita saudade.
Tudo isto em alguma medida me
afetou, sobretudo no plano psicológico. Daí que
resolvesse descansar, afastar-me algum tempo das
competições, para recuperar-me e reencontrar-me com
a confiança necessária para concorrer ao mais alto
nível.
Depois de alguns meses sem competir.
Como percebe o apoio do público?
Principalmente tenho uma família
muito unida, que me tem apoiado muito na minha
carreira toda; depois tenho uma equipe técnica
liderada por meu treinador Alexander Nava, que dia a
dia trabalha comigo e com os quais me sinto muito
grata.
Devo destacar também o apoio
espiritual de vários trabalhadores da Escola
Formadora de Atletas de Alto Rendimento Cerro
Pelado, especialmente seu diretor Wilmer Lewis.
O público, sobretudo agora que não
estive concorrendo, faz-me muitas perguntas,
acompanhadas de uma frase e um gesto de apoio. E nem
falar das crianças, com as quais fico muito
empolgada quando me reconhecem e se aproximam para
compartilhar comigo, o qual sempre é uma experiência
muito bela.
Já sabemos que confirmou sua
participação nos Jogos Centro-americanos e do Caribe
que se celebrarão dentro de poucos dias. Depois
disso você pensa participar de alguma competição
próxima?
Não, realmente quero é descansar. No
mês de janeiro haverá competições indoor, mas não
penso participar. Começarei a concorrer para os
Jogos Pan-americanos que se realizarão em julho, um
mês depois participarei no Mundial que se celebrará
na cidade de Pequim. Ali estarão as principais
figuras do salto com vara, especialmente Isinbayeva,
quem já teve seu bebê.
Sonhos e perspectivas...
Chegar aos cinco metros. Esse é um
sonho que qualquer saltadora deseja conseguir. Por
outro lado, eu gostaria de vencer no Mundial ao ar
livre e posteriormente na Olimpíada. Esses são
sonhos que mantenho viventes.
Alguma mensagem especial para nossos
leitores?
Que lutem sempre por aquilo que
querem. Que sejam constantes na qualidade de sua
superação. Eu acredito muito nas pessoas quando
querem conseguir algo.
Tomara que com amor pudéssemos
unir-nos mais para combater com maior força as
doenças que têm ressurgido na África, como é o caso
do Ébola. E que apoiemos as ações solidárias que se
realizam no mundo todo a favor da libertação dos
Cinco.