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C U L T U R A

Havana. 9 de Abril, de 2014

As boas energias de Paulo FG
• O cantor e compositor apresenta um novo disco, Abre que voy, com a editora Egrem e faz sua estreia como ator

Mireya Castañeda

PAULO FG é uma das figuras centrais da timba (tipo de música) cubana. Sua imagem elegante e moderna arrasta legiões de fãs. Mas, muita atenção, ele é realmente um músico extremamente inteligente e com muita habilidade para improvisar.

Muitos músicos lhe reconhecem sua perícia para combinar, tanto com a melodia como com as palavras de suas canções e sua versatilidade no palco.

Paulito FG lançou, recentemente, no bar-café Delirio Habanero, do teatro Nacional, seu novo disco Abre que voy, da editora Egrem, casa discográfica que está comemorando seu 50º aniversário.

Paulito afirma que "sempre quis ser músico". E para suas composições se inspira em tudo aquilo que o rodeia e nos fatos cotidianos.

"Sempre esteve na minha música, no meu voo poético, na minha rumba, na minha descarga. Todo artista com sentido de pertença tem grande sensibilidade e consciência do entorno em que vive, das coisas que acontecem... Minha carreira é artística e musical... sou muito honesto. Acompanho com muita atenção minhas inquietações musicais, tento satisfazer o que as pessoas exigem para sentir-se bem, para divertir-se, para entreter-se. Meu trabalho é fazer música para dançar, tenho uma orquestra que me acompanha, que acredita na minha pessoa. Gosto de fazer dançar as pessoas, de fazê-las rir, essa é minha tarefa como artista, cantar ao amor e a outras coisas que fazem parte da picaresca do cubano, do cotidiano".

Paulo Fernández Gallo (Havana, 1962) além de cantor é um bom compositor. No novo CD os dez temas são de sua autoria.

Do seu início, a fusão tem estado em primeiro plano, mistura correntes como o rock, a balada, o jazz e o son, com sonoridades contemporâneas às quais une textos novos.

A linguagem de muitas músicas de inúmeras agrupações tem estado no bojo da crítica, pela vulgaridade de muitas delas. Não sendo o caso de Paulo FG.

Tampouco é de filosofar, pois sua orquestra, La Elite, faz música para dançar. A esse respeito ele expressou:"...gosto muito da linguagem direta, não gosto de divagar com metáforas... a linguagem direta é mais prática para a música para dançar, o público gosta mais disto".

A carreira de Paulo FG foi ascendendo constantemente, desde que se apresentou no Festival Internacional de Varadero, em 1986, com Adalberto Alvarez y su son. Depois, foi cantor principal de grupos como Dan Den, de Juan Carlos Alfonso, e Opus 13, agrupação dirigida por Joaquín Betancourt.

Em 1992, criou seu próprio grupo, apresentando-se em mais de vinte países e gravando uma dezena de discos.

O primeiro disco com sua agrupação, Tú no me calculas, data de 1993, a seguir aparecem, Sofocándote (1994); El bueno soy yo (1996, Prêmio Egrem, na categoria de música para dançar e da popularidade); Con la consciencia tranquila (1997); Una vez más por amor (2000); Te deseo suerte (2002); Ilusión (2005, disco de boleros clássicos, com um novo contexto para a contemporaneidade, Prêmio Cubadisco na categoria canção); Un poquito de to (2006) e Sin etiqueta (2010).

"ABRE QUE VOY"

Paulo FG tem liderado, em Cuba, a maioria das sondagens da popularidade. Contudo, nos últimos tempos não esteve tão presente nos palcos da Ilha. A esse respeito, nos falou depois da apresentação de Abre que voy:

"Quero ter maior presença. Felizmente, mantemos um público, uma demanda. Mas temos projetos internacionais e por isso temos estado um pouco afastados, creio que com uma boa campanha de apresentação das canções e dos vídeosclipes este disco vai ajudar nisso".

Espera que o disco seja "um novo impulso, depois de certos impasses de produção discográfica, de trabalho. Estava tranquilo e reuni muitas coisas, me preparei e trago avanços".

Para Paulo FG "o disco em geral tem um potencial em suas músicas e pode inserir-se na preferência dos dançarinos e do público em geral. Por exemplo, La matadora tem sido uma peça muito elogiada. Sabemos disso pelos downloads na Internet. A música deste disco tem aberto espaços. No Peru foi proposto como o melhor disco do ano da timba".

"É por isso que tenho boas energias com a nova música — explicou — nos eventos funciona muito bem, o público não conhece as peças e não vá embora da pista, isso se chama aceitação".

Temas do disco?

"De amores, é um tema que sei que as pessoas vão gostar muito, sobretudo aqueles que tenham sensibilidade. Outros vão gostar pelo sabor, por essa condição do cubano de sentir a música para dançar, com temas muito simpáticos como La matadora, Por su culpa, La culpa es de Cupido, um tipo de salsa-timba, de fusão com novas tendências, que me faz lembrar Tu no me calculas, meu primeiro disco e Dale play, que significa continuar para diante".

A la Lokera, com o grupo de regueton Jacob Forever...

"Isto não é novo, sempre gosto de fazer nossa música com outros gêneros, acho que esta fusão, não só com o regueton, é boa para qualquer artista, sempre que a interpretação seja de qualidade e de acordo a um gosto estético".

Para De amores, uma das músicas mais bonitas, se une com o nicaraguense Luis Enrique, famoso na América Latina por seu estilo de salsa romântica e vencedor de um Grammy Latino, em 2012 como melhor álbum Salsa por Soy y seré.

"Luis Enrique é um músico consolidado, do ponto de vista internacional. Temos um timbre bastante parecido. Foi muito bonito trabalhar juntos, temos empatia, simpatia pessoal. Compartilhamos como amigos".

O novo CD abrange vários gêneros, merengue, bachata, balada... "É algo que me caracteriza do meu início. Não comecei como solista, por tal motivo era obrigado a fazer diferentes gêneros. Eu sou um cantor, não só um salseiro. Faço o que sinto que possa transmitir".

Ao precisar acerca de Abre que voy, afirmou que é um disco "eminentemente para dançar com certos descansos. As pessoas necessitam um momento de descanso. Abre que voy é para bailar forte, depois o merengue tem outro movimento, a salsa e a bachata são dançadas de outra maneira, para que as pessoas se mexam de maneira diferente".

O novo disco tem uma sonoridade diferente, com muita qualidade, está muito bem masterizado (engenheiro Juan Mario Aracil), mixagem (GML Recording Studios) e gravação (na Abdala e Elite Productions Studios).

Para Paulo FG "a música tem que ter um trabalho de produção e edição tecnológica para que lhe dê os níveis adequados e para que soe em diferentes panoramas, de maneira agradável e efetiva. Pode, inclusive, ser um bom disco, mas sem um bom trabalho não vai ter sucesso. Abre que voy foi trabalhado por todas partes. O disco está completo e vai gostar muito".

Algum anúncio?

"Dois projetos para este ano, um de música para dançar e outro de música romântica, que seria o segundo meu, o primeiro foi Ilusión".

"VUELOS PROHIBIDOS"

Quando jovem, Paulo FG começou a estudar teatro mas depois não tinha tempo para a atuação. "A música era mais forte que eu, de tal maneira que não pensava noutra coisa, sou muito tenaz com minha obra, gosto do trabalho musical, de produzir para as pessoas, descarregar toda a energia no palco é minha realização".

Agora faz estreia como ator no filme Vuelos prohibidos, dirigido por Rigoberto López, que não é um recém-chegado à música, pois seu documentário Yo soy del son a la salsa (1996) é um clássico da cinematografia cubana.

"O filme foi uma proposta de amigos. Atuar foi difícil, estava na França filmando e ao mesmo tempo trabalhando para o disco. Escutava e enviava mensagens sobre o trabalho, foi muito difícil porém enriquecedor, uma grande experiência".

No filme, Paulo FG não canta e contracena com a atriz francesa Sanâa Alaovi. Atualmente, o filme está em processo de edição, "é uma história de amor que se desenvolve entre Paris e Havana, que ao mesmo tempo tenta refletir sobre vários temas da Cuba atual".

Diz que "tem sido uma honra ter trabalhado com Manuel Porto, Mario Balmaseda e Daysi Granados", nomes imprescindíveis do cinema e do teatro cubanos.

Uma avaliação de sua carreira?

"Minha felicidade é fazer música, com sucesso ou sem sucesso. Já tive sucesso e sou modesto e conforme. É preciso viver. Tenho sido consequente com nosso público e as pessoas nos retribuem e isso é impagável. Faço meu trabalho com muita paixão".

As boas energias de Paulo FG concederam-lhe gravar um novo fonograma, Abre que voy, e não só fazer estreia no cinema, mas também fazê-la como protagonista. Com certeza tem que ter trabalhado com muita paixão para conseguir fazer um disco e um filme ao mesmo tempo.
 

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