Até sempre, Juan
Formell
• Oferendas florais do líder
histórico da Revolução cubana e do presidente cubano
Raúl Castro foram colocadas junto das cinzas do
popular músico, no vestíbulo do teatro Nacional, em
Havana • O primeiro vice-presidente dos Conselhos de
Estado e de Ministros, Miguel Díaz-Canel, assinou o
livro de condolências • Várias das melhores
agrupações cubanas participaram do tributo musical,
na Tribuna Antiimperialista "José Martí", que também
teve lugar em todas as províncias do país
A notícia cai com tamanha força
sobre a cultura nacional: Juan Formell, o célebre
diretor, baixista, arranjador, compositor e cantor
da orquestra Los Van Van, morreu repentinamente,
quinta-feira (1º) em Havana, estando hospitalizado.
Tinha
71 anos de idade, e dedicara sua vida toda a fazer
da música uma maneira de entretenimento popular e
enriquecimento do espírito. Suas cinzas foram
expostas no vestíbulo do teatro Nacional de Cuba até
onde o povo foi prestar-lhe a derradeira e merecida
homenagem.
Oferendas florais do líder histórico
da Revolução cubana Fidel Castro e do presidente dos
Conselhos de Estado e de Ministros, e primeiro-secretário
do Comitê Central do Partido, general-de-exército
Raúl Castro foram colocadas junto das cinzas do
popular músico, expostas ao público sexta-feira (2),
no vestíbulo do teatro Nacional em Havana.
Personalidades do governo e do Estado cubanos, da
cultura, familiares e amigos deram o adeus ao
prestigioso artista, cujo legado, afirmam, sempre
estará vivo, como parte da identidade nacional.
O primeiro vice-presidente dos
Conselhos de Estado e de Ministros, Miguel Díaz-Canel,
assinou o livro de condolências e destacou as
contribuições musicais de Formell e sua lealdade à
Revolução e ao povo da Ilha.
Formell morreu devido a complicações
de uma doença hepática, que o manteve internado num
hospital da capital cubana, durante a última semana,
segundo declarou seu filho Samuel Formell à agência
Efe.
TALENTO EXCEPCIONAL
Formell tinha nascido em Havana, em
2 de agosto de 1942. Realizou seus primeiros estudos
musicais com seu pai, Francisco Formell, e os
continuou depois de maneira autodidata. Em sua
formação como compositor e instrumentista de violão
baixo contou com a orientação de prestigiosos
músicos cubanos como Félix Guerrero, Rafael
Somavilla, Armando Romeu, Antonio Taño e Orestes
Urfé.
Em sua carreira profissional
trabalhou em diversos agrupamentos musicais, entre
eles o de Pedro Jústiz (Peruchin), Guillermo
Rubalcaba e a orquestra de Carlos Faxas, onde
começou como orquestrador e compositor, com peças
como Y ya lo sé, De mis recuerdos, Lo material
e Yo soy La luz, que interpretava a
cantora cubana Elena Burke.
Sua entrada na orquestra Revê, em
1967, foi muito importante em seu desenvolvimento
artístico, pois realizou importantes contribuições
estilísticas e estruturais às orquestras de charanga
cubanas, como foi a incorporação do baixo elétrico e
a organeta (teclado) em substituição do contrabaixo
e o piano acústico, o tratamento rítmico e
amplificação acústica nos violinos, o emprego da
flauta de sistema e a bateria que substituíram a
flauta de cinco chaves e as pailas, o trabalho vocal
com três vozes, em lugar do uníssono, e outros.
Criações como El martes, Yuya
Martínez, Que bolá, que bolón, La flaca, Te lo
gastaste todo e El jueves, são algumas
das mais representativas dessa etapa. Nesses anos
manteve seu trabalho com Elena Burke, e retomou a
prática de interpretar suas obras somente com o
violão, como tinha feito em suas primeiras
apresentações artísticas, quando ainda era trovador
amador.
Foi nos finais de 1969 que fundou a
orquestra Los Van Van, onde continuou e ampliou seu
trabalho criativo, apoiando-se agora, nomeadamente,
no máximo aproveitamento dos recursos expressivos do
son. Desta orientação surgiu o songo, denominação
que ele e José Luis Quintana (Changuito) deram a um
novo ritmo que resultou determinante em sua criação
posterior. Em 1981, incluiu os trombones para
reforçar o registro central de sua orquestra.
Formell e sua orquestra gravaram
numerosos discos com a Egrem e outras editoras. Em
1999, obteve o Prêmio Grammy com seu CD Llegó...
Van Van (Van Van is here).
Em março de 2010 recebeu o título de
Doutor Honoris Causa, do Instituto Superior da Arte,
como reconhecimento a suas contribuições à cultura
cubana e, particularmente, por seu trabalho
desempenhado na orquestra líder da música popular
para dançar da Ilha.
Quando recebeu o prêmio, Formell
expressou:
"Minha vida esteve totalmente
consagrada à música e somente ganha sentido quando
as pessoas a fazem sua e a desfrutam. Na ordem
artística tenho recebido vários prêmios, entre eles
o Nacional da Música, que me orgulha muito. Agradeço
à Academia Latina o gesto de premiar-me, em
particular porque um reconhecimento deste tipo não
só potencializa neste hemisfério minha obra e a obra
da minha orquestra, mas também a vanguarda da música
cubana". (Redação Granma Internacional e excertos
extraídos do CubaDebate)
• Milhares de havaneses desafiaram a
chuva e se reuniram, ao sábado, 3 de maio, na
Tribuna Antiimperialista "José Martí" para
participar da cantata por Juan Formell. O grupo
Yoruba Andabo iniciou a homenagem oferecida em honra
do músico cubano, tributo ao qual se juntaram
Alexander Abreu, o pianista Frank Fernández, garotos
da companhia de teatro infantil La Colmenita, os
músicos Orlando Valle "Maraca", Moisés Valle "Yumuri",
Sixto Llorente "El índio", Ricardo Amaray, voz líder
da agrupação musical Manolito Simonet y su Trabuco,
integrantes da orquestra Bamboleo, Elito Revê y su
Charangón, e o cantor cubano Paulo FG e seu grupo, e
outros. Esta oferenda musical teve lugar em todas as
províncias do país.