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C U L T U R A

Havana. 5 de Março, de 2014

Teatro Martí abre novamente suas portas em Havana

Juan Diego Nusa Peñalver

FOI um anelo da nação cubana toda e particularmente dos moradores de Havana. Em 24 de fevereiro de 2014, no 119º aniversário do reatamento das lutas pela independência nacional e contra o colonialismo espanhol, dirigidas pelo Apóstolo José Martí, se tornaram realidade as aspirações dos havanenses, com a reinauguração do célebre teatro Martí, emblemática sala de espetáculos que voltou à vida cultural do país, depois de mais de 40 anos fechada.

 Na função artística que teve lugar para a inauguração desta nova etapa marcou presença o presidente cubano, Raúl Castro Ruz, além de outras personalidades e se apresentou um espetáculo com um roteiro de luxo, com a interpretação de peças antológicas da tradição musical cubana.

 Sob o título de “Voltar ao Martí”, os espectadores escutaram novamente na lendária sala excertos das zarzuelas Cecília Valdés, Maria La O, Amália Batista e corearam a peça Damisela encantadora, de Ernesto Lecuona, além de desfrutarem de uma estampa costumbrista, nas vozes de Mario Limonta e Aurora Basnuevo.

  Jovens cantores dedicados ao canto lítico e dançarinos tiveram a responsabilidade de abrir esta nova temporada no teatro Martí, em cujo palco histórico atuaram muitos nomes imprescindíveis da história dos espetáculos na Ilha.

  O doutor Eusébio Leal, Historiador de Havana e artífice da recuperação desta jóia arquitetônica, considerou que a reabertura desta sala era “um tributo pequeno e modesto à obra da Nação cubana”. E agradeceu, particularmente, ao líder da Revolução (a Fidel Castro), o qual teve a visão, naquele memorável Congresso da União dos Escritores e Artistas de Cuba, de expor resolutamente que a cultura era a primeira coisa que devíamos salvar. “E certamente a cultura sempre andou paralela ao grande desafio histórico que supõe a Nação, sua vida, seus propósitos, seus sonhos, suas esperanças atuais e futuras”.

UMA PARTE DA HISTÓRIA DE CUBA

 Como está espelhado na história desta instalação, em 8 de junho de 1884 foi inaugurado em Havana um simples mas muito chique teatro, de estilo neoclássico chamado Irijoa, pois seu construtor foi um basco chamado Ricardo Irijoa.

 “O Coliseu das cem portas”, como foi denominado pelo poeta natural de Bayamo, José Fornaris, foi inaugurado com uma função para benefício do convento El Buen Pastor, encenada por artistas amadores. Posteriormente, ofereceram-se bailados públicos e diversos espetáculos: desde companhias de teatro humorístico e o circo de Dom Santiago Pubillones até zarzuelas, operetas, voudeviles e a estréia em Cuba da ópera La Bohème, de Giacomo Puccini. Durante o ano 1896 os artistas humorísticos da companhia do empresário Generoso González começaram a atuar no Martí. Nesse palco se estrearam obras como La mulata Maria, com música de Raimundo Valenzuela e o primeiro roteiro de Federico Villoch, qualificado depois como o Lope de Vega cubano, por causa de sua vasta obra; e Mefistófeles, de Ignácio Sarachaga e partitura de Rafael Palau.

  Em 1899, Enrique Pastoriza comprou o teatro aos herdeiros de Irijoa e ao longo de vários meses teve o nome de Éden Garden.

 Em 17 de janeiro de 1899, já terminada a guerra de independência na Ilha maior das Antilhas, tira-se esse nome e começa a ser chamado teatro Martí, um sobrenome que o dignificaria. “Está na hora em que, nas ruas havanenses e em outros lugares de Cuba, começa a se prestar tributo ao heróis, ao Apóstolo, ao mestre, ao poeta, ao político, ao orador insigne...” precisou o doutor Leal, em suas palavras de abertura desta nova etapa.

  Contudo, o teatro Martí faz parte de acontecimentos relevantes da história de Cuba, quando no ano 1999 serviu de sede à Assembleia Constituinte, que teve a responsabilidade de redigir a primeira Carta Magna, para a nova República Cubana, que nascia como um protetorado ianque, em 20 de maio de 1902, além dos inflamados debates que gerou a decisão do governo estadunidense, a potência que ocupava a Ilha, de impor como um apêndice à Constituição a Emenda Platt, deixando sem valor todos os atos soberanos de Cuba.

 Em seus muros ressoaram as vibrantes palavras de vários dos delegados da Constituinte contra a ignominiosa ofensa, entre eles a do marquês de Santa Lucía, Salvador Cisneros Betancourt, major general do Exército Libertador e presidente da República insurgente, e Juan Gualberto Gómez, nascido como filho de escravos em Sabanilla del Comendador, na província de Matanzas, no engenho Vellocino de Oro; que se converteu em advogado e jornalista na França. “Estes dois patriotas, Salvador Cisneros e Juan Gualberto Gómez se opuseram rotundamente à Emenda Platt, por isso seus nomes ainda ressoam nos nossos ouvidos”, expressou o Historiador de Havana.

 O teatro Martí ressurge hoje de suas cinzas, após intensos trabalhos de reconstrução que duraram anos, pois as obras incluíram a modernização da sua estrutura interior, sem afetar a decoração e o design originais, para o bem da Pátria. Já os havanenses poderão escutar o som das três badaladas da alegria”, as que anunciam o começo de cada função.

 

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