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24º FESTIVAL INTERNACIONAL DE BALÉ DE HAVANA
Companhia Irene Rodríguez: surpreende, cativa, atrai
Mireya
Castañeda
A bailarina e coreógrafa Irene
Rodríguez tem-se tornado, com passo seguro, figura
proeminente da dança em Cuba. Desde a criação, há
três anos, da companhia que leva seu nome, cada
apresentação surpreende, cativa e atrai o público.
Apesar de mostrar no palco um
temperamento avassalador, Irene Rodríguez é uma
jovem de caráter afável e acessível. A presença de
sua companhia no Festival de Balé de Havana não é
novidade. Em 2012, chegou com impecável credencial:
a encenação de sua obra O crime foi em Granada,
primeiro prêmio no 8º Certame Ibero-Americano de
Coreografia Alicia Alonso (CIC), concedido em
parceria pela Fundação Autor da Sociedade Geral de
Autores e Editores (SGAE) da Espanha e o Ballet
Nacional de Cuba.
A própria Alicia Alonso, presidenta
do júri que concedeu o galardão, fez questão de
afirmar que esta coreógrafa: "uniu de maneira
original o flamenco e a dança espanhola e
contemporânea com uma interpretação muito precisa".
Na ocasião, Irene Rodriguez
assinalou que tinha tentado flagrar a essência
dramática do poema de Antonio Machado, publicado em
1937, e dedicado a Federico García Lorca.
Determinada em "criar novas
tendências que façam evoluir o gênero espanhol, em
fusão com tudo aquilo que alargue o vocabulário
cênico", a diretora da companhia aceitou — durante a
entrevista coletiva onde foi apresentado o programa
do Festival — comentar a estreia mundial da obra que
titulou Aldabal.
"Ante tudo desejo expressar que é
uma grande oportunidade poder apresentar esta, minha
mais recente criação, durante um evento de tanto
prestígio internacional, onde se unem figuras da
dança de tantos países. Neste ano, fui novamente
convidada ao Festival por Alicia Alonso e para mim é
uma grande honra".
A coreógrafa precisou que o novo
tema, Aldabal, "significa um lugar cheio de
aldravas com as quais se batem as portas", e é uma
seguiriya, considerada o baile mais essencial
do canto popular, pela profundidade extrema do
queijío e sua dilacerante solenidade. É uma das
modalidades flamencas, junto à soleá e a
buleria.
"A peça é interpretada por todos os
membros da companhia, com música do nosso novo e
talentoso violonista e compositor Noel Gutiérrez,
que fez a música todinha", precisou Irene.
"Escutarão um tema flamenco, um dos
ritmos ou modalidades deste estilo que é a
seguiriya, mas muito inspirado no elétrico
acústico, para dar esse matiz contemporâneo que leva
adiante nossa companhia".
A coreógrafa acrescentou outro valor
à peça: "a interpretação da dança vai acompanhada da
execução das castanholas, tão típico da dança
espanhola mas que, ultimamente, as companhias estão
obviando um pouco e eu quis resgatá-lo em sua forma
mais virtuosa".
Aquele que conseguiu ver as obras
dela sabe que para Irene Rodríguez não existe
movimento desvinculado de uma emoção. Por tal
motivo, esta estreia mundial não deixará impassível
o público em seus assentos.
Entre essas peças de Irene Rodríguez
aparecem: Al Andalus (flamenco); Asturias,
Guajira de Lucía, a Dança Final do Chapéu de Três
Bicos (estilo clássico espanhol); Allegranza;
5 por Bulerias; Solera; Emigrantes
(vários estilos como danças afro-cubanas,
neoclássicas e flamenco) e o espetáculo
Coincidências (ritmos diversos como o flamenco,
o jazz e o tango).
Destaque singular para o programa-concerto
Sinfonia espanhola do clássico ao flamenco,
com a Orquestra Sinfônica Nacional, regida por
Enrique Pérez Mesa. Este espetáculo ficou inscrito
no Livro de Honra do grande Teatro de Havana, após
sua estreia ali, em 2012.
Quase todas as obras são assinadas
pela própria diretora da companhia, porque ela esta
na busca constante "dum estilo próprio, dentro do
leque de companhias que reverenciam nossas raízes
hispânicas".
A companhia Irene Rodríguez é
integrada por dez bailarinos, cinco homens e cinco
mulheres, com amplo domínio dos diferentes estilos
da dança espanhola, o balé e a dança contemporânea.
Sua presença no palco é poderosa,
como o flamenco, e suas obras sempre têm grande
dinamismo e um excelente vínculo entre o
propriamente coreográfico e artístico.
Aldabal, estreia mundial da
companhia Irene Rodríguez: sapateados e braços
eloquentes, acentos, energia, ritmo e paixão.
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