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24º FESTIVAL INTERNACIONAL DE BALÉ DE
HAVANA
A melhor arte da dança
Mireya Castañeda
O 24º Festival Internacional de Balé de Havana, 28
de outubro a 7 de novembro, reunirá companhias e
estrelas de vinte países e prestará homenagem a
William Shakespeare, por ocasião de seu 450º
aniversário natalício.
Os detalhes mais recentes do que estará acontecendo
no prestigioso evento foram revelados em uma
entrevista coletiva em que, pela primeira vez, não
marcou presença sua presidenta, a prima ballerina
assoluta Alicia Alonso.
Segundo explicou o chefe da imprensa do Ballet
Nacional de Cuba (BNC), Mauricio Abreu, Alicia
Alonso, 93 anos, não pôde participar por estar com
gripe e os médicos recomendaram-lhe descansar, para
estar disposta para as intensas jornadas que virão.
Entre a informação revelada destaca a presença das
seis companhias norte-americanas convidadas: Ballet
Hispânico de Nova York, Pontus Lidberg Dance,
American Ballet Theatre (ABT), New York City Ballet,
Washington Ballet e Ballet de Cincinatti.
O chefe das relações públicas da companhia cubana,
Heriberto Cabezas, respondendo uma pergunta,
assinalou que é intensa e histórica a relação entre
o BNC, que Alicia fundou e dirige desde 1948, e o
mundo da dança estadunidense. E “se não houve maior
presença é porque não lhes dão permissão”.
Lembrou que Alicia Alonso foi uma das estrelas do
American Ballet Theatre e, inclusive, a maioria dos
40 bailarinos que fundaram o BNC eram
norte-americanos, pois somente 16 eram cubanos.
Ainda, estão convidadas companhias e bailarinos de
outros 19 países: Companhia Linga, Suíça; Ballet
Estable do Teatro Colón, Argentina; Winter Guests,
Noruega; Royal Ballet de Flandres, Bélgica; Ballet
de Hong Kong; Ballet da Ópera de Niza, França;
Ballet Nacional do Uruguai Sodre; Real Ballet da
Dinamarca; Ballet Nacional da China; Joburg Ballet,
África do Sul; Ballet de Santiago do Chile; Ballet
do Teatro San Carlos de Nápoles, Itália; Balleteatro
de Porto Rico; Companhia Nacional de Bailado,
Portugal; Northem Ballet, Grã-Bretanha; Ballet de
Hamburgo, Alemanha e Ballet Nacional da Noruega.
Por Shakespeare, a dança,
será o lema deste 24º Festival, pois este é o
dramaturgo que mais tem inspirado todos os ramos das
artes, valendo a pena examinar de perto aquilo que
será levado ao palco.
No balé cubano, afirmou Miguel Cabrera, historiador
do BNC, a obra de Shakespeare tem transcendência
desde o século 19, e depois no início do 20 Anna
Pavlova estreou em Havana sua versão de Romeu e
Julieta.
Precisou que a companhia cubana tem 15 obras com
temas de Shakespeare, de seus próprios coreógrafos e
de Serge Lifar, John Cranko e Brian Mcdonald.
“Fiel às suas raízes, a companhia cubana dedica o
Festival ao 450º aniversário do escritor e se
inaugura com Shakespeare e suas máscaras,
coreografia de Alicia Alonso, e se reprisa Hamlet
(cenas) de Iván Tenorio e Prólogo para uma
tragédia, de Brian McDonald.
Dos convidados poderão ver-se as peças seguintes:
As You Like It e Otelo, criadas pelo
notável bailarino e coreógrafo norte-americano John
Neumeier para o Ballet de Hamburg, interpretadas por
Carolina Aguero, primeira bailarina dessa companhia
e Javier Torres, primeiro bailarino do BNC e do
Northem Ballet.
Também estará no palco A Tempestade (pás de
deux) coreografia de Mauricio Wainrot, interpretada
por Maria Ricetto e Ciro Tamayo, do Ballet Sodre;
La pavana del moro, coreografia de José Limón,
pelo Ballet da Ópera de Niza; Romeu e Julieta,
coreografia de Nicolás Beriosoff, pelo Ballet Joburg
e La fierecilla domada (pás de deux)
coreografia de John Cranko, a cargo de Natalia
Berrios e Juan Manuel Ghiso, do Ballet de Santiago
do Chile.
Artistas do universo da dança universal brilharão
durante os 11 dias do Festival, entre elas a
argentina Paloma Herrera, entre os dez melhores
bailarinos do século pela revista Dance Magazine, e
para quem coreógrafos como Jiñ Kylián e Nacho Dueto,
criaram várias peças.
Paloma participa dos festivais de Havana desde
1996, e no ano anterior, 2012, retornou com o grupo
de José Manuel Carreño e estrelas do Ballet
estadunidense. Paloma e Carreño dançaram uma
inesquecível Sinatra Suite.
Neste ano, Paloma Herrera, quem anunciou que na
próxima temporada sairá do ABT, interpretará
Rubies (pás de deux de Joyas) e
Chaikovski pás de deux, ambas de Goerge
Balanchine, acompanhada de Gonzalo García, do New
York City Ballet; e Verano porteño (pás de
deux de Cuatro Estaciones de Buenos Aires),
coreografia de Mauricio Wainrot, junto a Juan Pablo
Ledo, primeiro bailarino do Ballet Estable do Teatro
Colón.
Xiomara Reyes (Cuba-EUA), primeira bailarina do
ABT, que também se retira na próxima temporada,
dançará Great Galloping Gottschalk (pás de
deux) coreografia de Lynn Taylor-Corbett, e
Coppelia, ambas com o primeiro bailarino
espanhol Carlos López.
Neste universo rutilante, também se apresentará o
bailarino principal do New York City Ballet, Joaquin
de Luz, considerado uma das mais brilhantes figuras
da dança mundial e Brooklyn Mack, primeira figura do
Washington Ballet, proclamado pela revista Dance
Magazine entre os 25 bailarinos do mundo a
admirar.
Durante o Festival, Mack partilhará o palco com a
primeira bailarina do BNC, Viengsay Valdés,
considerada uma das mais brilhantes da companhia
cubana na atualidade. Dançarão juntos numa das cenas
de A magia da dança e em Diana e Acteón.
Viengsay também vai bailar uma das funções do O
lago dos cisnes, tendo como partenaire o
ucraniano Ivan Putrov, com inúmeros prêmios
internacionais, entre eles a Medalha de Ouro do
concurso de Ballet Serge Lifar.
Homenagem impostergável desta edição do Festival a
Fernando Alonso (Havana, 1914-2013) maestro de
maestros, um dos fundadores da Escola Cubana de
Ballet e do Ballet Nacional de Cuba, junto a Alicia
e Alberto Alonso.
As jornadas denominadas Fernando Alonso in
Memoriam, terão lugar apropriadamente na Escola
Nacional de Ballet, e contarão com aulas magistrais
e colóquios de alto nível com a presença de figuras
relevantes da dança mundial, entre eles, Julio
Bocca, José Manuel Carreño, Orlando Salgado e Cyril
Atanassoff.
Fernando Alonso, um dos ícones do Ballet cubano,
foi diretor-geral do BNC até 1975 e depois do Ballet
de Camaguey, até 1992, quando passou a dirigir a
Companhia Nacional de Dança do México. Recebeu o
Prêmio Nacional de Dança 2000, depois, em 2008
recebeu o Prêmio Benois da Dance, numa gala no
teatro Bolshói de Moscou.
Arnold Haskel — durante muitos anos decano mundial
da critica do balé — definiu a representação cubana
num concurso em Varna como o “milagre cubano”, a
partir desse momento, a Escola Cubana de Ballet
atingiu uma estatura cosmopolita, reconhecida em
nível mundial.
Além da contribuição à cultura da dança mundial, a
companhia organiza, há 54 anos, um Festival onde
participaram 73 companhias de 61 países e mais de um
milhar de convidados, resultando pilar da
coreografia mundial, pois em suas 23 edições
anteriores se apresentaram 981 estreias, delas 241
mundiais.
Isto é um avanço das jornadas de luxo do já iminente
24º Festival de Ballet de Havana, que se perfila
variado, clássico, moderno, contemporâneo.
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