O maestro Leo Brouwer afirmou que o
6º Festival de Música de Câmara que leva seu nome
será "de grande magnitude pelos artistas talentosos
que participam".
Esta 6ª edição será dedicada
especialmente ao seu 75º aniversário natalício,
festividade que se estenderá o ano todo e até março
de 2015.
A diretora-geral do Festival,
Isabelle Hernández, explicou em coletiva, no hotel
Meliá Cohiba de Havana, que se trata "dum evento
cheio de surpresas" e que se estenderá de 26 de
setembro a 12 de outubro.
Por sua vez, o maestro Brouwer se
referiu a determinados aspectos de alguns dos 30
concertos e figuras cubanas e internacionais que
participam.
Em 2 de outubro, no teatro Mella,
Haydée Milanês oferecerá o concerto Palavras.
Homenagem a Marta Valdés em seu 80º aniversário. "É
um monográfico de Marta memorável. Marta é ao mesmo
tempo Stravinsky, um Schonberg do filin, uma das
compositoras mais belas que tenho ouvido", disse
Brouwer.
Em diálogo especial para esta
página, a compositora expressou: "A primeira coisa é
agradecer a Leo. Vamos fazer algo muito belo nos
polos do amor e do respeito, como ele diz. Estamos
falando dum dos melhores momentos da minha vida
porque Haydée Milanês trabalha comigo há dois ou
três anos nesta antologia que ela tem gravado de
canções minhas. Estou muito contente de completar 80
anos. Isto me motivou muito para continuar vivendo.
Não tenho medo do tempo".
No disco Palabras. Haydée Milanês
canta a Marta Valdés, a jovem interpreta títulos
antológicos como Palabras, Deja que siga sola, Tu
dominas, No te empeñes más, En la imaginación,
até completar 14. "Haydée tem desenterrado algumas
coisas que estavam guardadas, entre elas vários
clássicos, além disso, ela é que fez os arranjos. O
disco é uma beleza. E eu estou muito feliz com este
trabalho", disse Marta Valdés.
Em breve diálogo com o Granma
Internacional, Haydée Milanês expressou que para
ela "é uma honra, primeiro participar do Festival e
ter trabalhado a obra desta grande compositora
cubana. Realmente tem sido difícil, um grande
desafio, pois é um repertório muito difícil e que,
além do mais, tem sido interpretado por grandes
figuras da história da música cubana e de outras
partes do mundo. Trabalhei dois anos e meio neste
disco".
Sem aferrar-se a cronologias,
Brouwer falou da inauguração do Festival, em 27 de
setembro, no teatro Karl Marx, com o concerto Onde
está a vida, de Pancho Céspedes (Cuba-México).
Céspedes disse à imprensa que sua
apresentação "possivelmente esteja entre os
acontecimentos mais importantes da minha vida.
Agradeço muito a Leo, para mim sua dimensão é a de
Mozart e Beethoven, o fato de que me tenha convidado
me faz sentir artista. Vou cantar minhas canções e
farei duas homenagens, a Ignácio Villa (Bola de
Nieve) e a Armando Manzanero".
A seguir, Brouwer falou das "figuras
internacionais de primeira magnitude", como o
diretor e instrumentista espanhol Jordi Savall,
"para mim, o melhor da música antiga do século 20. O
descobri há 50 anos e fiquei muito impressionado".
Savall estará no concerto Les voix
humaines, na Basílica Menor do convento de São
Francisco de Asís, em 3 de outubro, onde terá como
convidado o violonista espanhol Ricardo Gallén.
Gallén também participará do
concerto O arco e a lira, em 11 de outubro,
no teatro Martí, junto aos extraordinários
violoncelistas Yo-Yo Ma (França-EUA) e Carlos Prieto
(México) e Guitar duo, do Brasil.
Leo Brouwer explicou que esta é uma
peça escrita por ele para comemorar o centenário do
poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz. A obra toma o
nome do volume escrito em 1956 pelo pensador e
poeta, Prêmio Nobel de Literatura.
"Também marcará presença o
violinista norueguês Henning Kraggerud, que vai
tomar o lugar de Jacha Heifetz, David Oistrakh e
Itzhak Periman". Em 28 de setembro Kraggerud
oferecerá o concerto Noruega em sua música no teatro
Martí, com obras de Halvorsen, Olé Bull, Grieg,
Svendsen e o proprio Kraggerud. Também participará a
Schola Cantorum Coralina dirigida por Alina Orraca e
a Orquestra de Câmara de Havana, regida pelo maestro
Brouwer.
Depois se referiu ao Quarteto
latino-americano de cordas (México) que "tem no seu
repertório a integral de Ginastera (Argentina),
Revueltas (México) e Villa-Lobos (Brasil) os tres
grandes. Vão interpretar a obra do rockeiro
britânico Elvis Costello, Cartas a Julieta,
uma homenagem a William Shakespeare". No concerto,
em 9 de outubro no teatro Martí, estará a flautista
cubana Niurka González e o cantor Augusto Enríquez.
Em 1º de outubro, no teatro Karl
Marx, se anuncia Fito Paez essencial. "Ele quer
cantar a Silvio e a Pablo. Eu fiz os arranjos de
ambos, sob a direção da Orquestra de Câmara de
Havana. Vou compartilhar com Daiana García, que
dirige a orquestra com excelência. É uma felicidade
poder convidar jovens talentos", comentou Brouwer.
"Entre as novidades do Festival
estão as chamadas Noites Brancas, que significam
grandes festejos noturnos na Europa, e nós, a partir
da iniciativa de Isabelle Hernández, comemoraremos,
in memoriam, de Julio Cortázar em seu centenário,
Tata Guines, Santiago Feliu, Juan Formell e Paco de
Lucía".
O Festival sempre se tem
caracterizado pela diversidade e união das artes,
com conferências, aulas magistrais, performances,
espetáculos teatrais, de dança, cinema e exposições.
Leo Brouwer se deteve especialmente
na exposição Pintura en acción, de Eduardo
Roca (Choco), a quem considerou "um dos grandes
pintores. Vamos fazer uma exposição descomunal por
seu 65 aniversário natalício".
Choco disse que seu aniversário
"será celebrado com um Festival de música porque Leo
sempre tem ideias impressionantes. Para mim este
convite significa um compromisso. Eu queria ser
músico, e isso foi uma grande frustração, mas agora
os músicos me dão as cores. La Fábrica de Arte me
deu a chance de pôr minha obra em movimento, vão
poder tocar e dançar com ela. Há texturas, cores,
ritmos. Haverá quadros, instalações e algo mais. São
obras que vão ganhar vida".
Neste ano por primeira vez no
Festival e em Cuba, depois de 15 anos, o maestro Leo
Brouwer dará aulas magistrais de violão, nos dias 2
e 3 de outubro no teatro Miramar.
Para o encerramento do evento, em 12
de outubro, no teatro Karl Marx, e muito simpática
ou casualmente?, no mal chamado Dia da Raça (pela
"descoberta" da América em 1492) será apresentado o
concerto para piano e orquestra Ancestros que o
relevante compositor tem dedicado ao muitas vezes
premiado pianista cubano Chucho Valdés.
"Dedico este concerto a Chucho
porque ele é um gênio do piano, um irmão mais novo a
quem quero muito. Ele me pediu e não pude resistir.
É um concerto para um jazzista, não de jazz, embora
tivesse ares de jazz".
De imediato, Leo Brouwer confirmou:
"Sim, este é o último Festival. O primeiro ia ser o
único e continuou a pedido dos artistas
participantes e do público que suportou minha
música. No primeiro coincidiu que comemorávamos meu
70 aniversário natalício, e agora cinco mais, então,
eu creio que é um ciclo que fechamos, resultado de
muito trabalho e estamos felizes com isto. Vou
aproveitar estes 30-40 anos mais que me restam,
quero escrever. Não vou fazer minhas memórias porque
usualmente têm o bom e o mau e eu sempre apago o mau".
Resta então desfrutar ao máximo este
excepcional Festival, suas intensas e maravilhosas
jornadas de música, dança e plástica que o maestro
Leo Brouwer nos presenteia.