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O
bloqueio não tem razão de ser
Diplomatas, especialistas e dirigentes participaram
da videoconferência Havana-Washington para abordar
as afetações do bloqueio estadunidense à economia
nacional
Claudia Fonseca Sosa

OS Estados Unidos mantêm
vigentes a filosofia de castigo, de não perdoar Cuba
por ter tomado as rédeas de seu destino há mais de
50 anos, assegurou na quarta-feira, 8 de outubro, em
Havana a diretora-geral para os Estados Unidos do
Ministério das Relações Exteriores, Josefina Vidal.
Em breves palavras com a
imprensa, depois de assistir a uma videoconferência
com Washington, na qual se abordaram as afetações do
bloqueio estadunidense à economia cubana, Vidal
argumentou que a Casa Branca teima nessa filosofia,
pois Cuba resolveu soberanamente fazer o que
considerou de interesse para seu povo sem nenhum
tipo de ingerência nem de domínio estrangeiro.
A diplomata acrescentou, não
obstante, que há um reconhecimento sobre o
inservível dessa filosofia para os interesses dos
Estados Unidos e comentou que são inúmeros os
centros acadêmicos, instituições, personalidades
políticas, religiosos e homens de negócios que
transmitem ao governo a ideia de que a atual
política é obsoleta e tem que mudar.
Acerca do futuro das relações
com os Estados Unidos, a diretiva afirmou que o
bloqueio econômico, comercial e financeiro é tema de
máxima prioridade na política nacional. Ambos os
países podem conversar e se os dois governos, de
maneira racional e civilizada, se propõem sair deste
desencontro mantido de cinco décadas, é possível
fazê-lo, assinalou.
Durante a videoconferência
transmitida ao vivo por Cubavisión Internacional,
Andrés Zaldívar Diéguez, titular do Centro de
Investigações Históricas da Segurança do Estado,
lembrou a gênese da perseguição financeira à que se
viu submetido o país desde a instauração do
bloqueio, em 1962.
Manifestou que em virtude da
medida extraterritorial, Cuba continua sem poder
exportar e importar livremente produtos e serviços
para ou desde os Estados Unidos, não pode utilizar o
dólar norte-americano em suas transações financeiras
internacionais ou ter contas nessa moeda em bancos
de terceiros países.
Tampouco lhe permitem ter acesso
a créditos de bancos nos Estados Unidos, de suas
filiais em terceiros países e das instituições
financeiras internacionais como o Banco Mundial, o
Fundo Monetário Internacional ou o Banco
Interamericano de Desenvolvimento.
De sua parte, o investigador do
Departamento do Comércio e Integração do Centro de
Estudos da Economia Mundial, Jonathan Quirós Santos,
assinalou que o bloqueio provocou danos econômicos
superiores a US$ 1 trihão e que as multas ao banco
francês BNP Paribas mostram que nos últimos anos as
sanções se acirraram.
De Washington, o destacado
acadêmico Phil Peter e o advogado Robert Muse
abordaram os efeitos negativos do bloqueio para
empresas norte-americanas, a perda de oportunidades
de negócios e comércio.
Peter, presidente do Cuban
Research Group, esclareceu que caso produzir-se um
levantamento desta política, as oportunidades de
intercâmbio se multiplicariam em âmbitos como os
investimentos, o turismo e o comércio.
Destacou também que se se
pusesse fim ao bloqueio, as companhias
estadunidenses e de outras partes do mundo
interessadas em investir no setor energético cubano
poderiam participar na exploração em águas profundas
do Golfo do México.
Muse, por seu lado, referiu-se à
margem de manobras que tem a administração de Barack
Obama para levantar o bloqueio e normalizar as
relações bilaterais.
“Se o presidente Obama tivesse
decisão política poderia eliminar as sanções
econômicas e também tirar Cuba da lista de países
patrocinadores do terrorismo”, assegurou.
No próximo 28 de outubro terá
lugar o debate na Assembleia Geral da Organização
das Nações Unidas sobre o tema do bloqueio
econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos
contra Cuba.
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