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9ª CONFERÊNCIA SOBRE DESASTRES
Primeiro, proteger a vida
Lisanka González Suárez
RECENTEMENTE, teve lugar em Havana um congresso
internacional para discutir como enfrentar os
desastres, onde se reuniram centenas de funcionários
e especialistas; entre eles, destacados cientistas e
acadêmicos de mais de 30 nações, dedicados à
proteção civil, dos recursos, da economia e do meio
ambiente.
A pergunta seria então: por que razão eles vieram a
este pequeno e pobre arquipélago do Caribe, com
escassos recursos naturais, com limitações no acesso
às tecnologias avançadas e não foram então às
capitais de nações poderosas e ricas? A razão não
poderia ser outra que o reiterado reconhecimento
internacional, ganho por Cuba, como um dos melhores
países preparados para enfrentar desastres naturais.
A preparação atual do sistema da Defesa Civil e a
prática acumulada pelo povo cubano, colocam a nação
no lugar de destaque que hoje ocupa em nível mundial
neste item.
Quatro anos depois do triunfo da Revolução,
concluídas as inadiáveis tarefas da Reforma Agrária
e da Campanha de Alfabetização, o jovem governo,
liderado por Fidel Castro, acometia importantes
programas de educação, saúde pública, cultura —
reformas e leis pelas quais tanto tinha lutado e
esperado o país — em meio aos desafios que impunham
as ações dos bandos contrarrevolucionários, armados
e apoiados pelo poderoso e mais próximo vizinho do
norte; a invasão a um pedaço de seu território, o
bloqueio econômico, a Crise dos Mísseis, ações de
terrorismo, entre outras atividades inimigas que
procuravam fazer colapsar a Revolução.
Esse era o panorama geral de 3 de outubro de 1963
quando um novo evento pôs à prova o Estado
revolucionário. Na ocasião, o desafio provinha da
natureza e com nome de mulher: o furacão Flora.
A ilha foi açoitada por um fenômeno natural que
nenhuma força podia evitar, um furacão de categoria
cinco, que açoitou quatro províncias orientais,
arrasando várias comunidades, as que praticamente
apagou do mapa; pessoas e animais desaparecidos,
campos, estradas e caminhos destruídos, rios
vazando, como o Cauto (o de maior extensão do país),
aproximadamente duas mil pessoas mortas, balanço que
a coloca como a segunda maior catástrofe registrada
em Cuba.
Nos mais de 50 anos decorridos daquela tragédia
foram construídas novas moradias, reconstruíram-se e
construíram-se povoados, centenas de estradas e
caminhos, recuperaram-se as culturas,
desenvolveram-se novos planos pecuários,
construíram-se barragens. A única coisa
irrecuperável foram as vítimas mortais.
Nos últimos vinte anos, a região do Caribe tem sido
afetada por cerca de 150 furacões. E como é natural,
a maior das Antilhas tem sido diretamente açoitada
por alguns deles que entraram ou roçaram nosso
território; tais como Gustav, Ike e Paloma (2008) e
o mais recente Sandy (2012) que provocaram vultosos
danos econômicos. Contudo, graças aos planos e
medidas tomadas pelo Estado para minorar os golpes
da natureza, as mortes de pessoas têm-se reduzido ao
mínimo, geralmente associadas à imprudência de
alguns cidadãos que descumprem, precisamente, as
medidas indicadas.
Nenhuma mão pode parar, como tantas vezes temos
dito, a fúria dum furacão, mas ficou demonstrado que
seus efeitos podem ser aliviados, implementando com
eficácia as experiências e práticas na prevenção e
enfrentamentos a estes desastres. Durante mais de
cinco décadas, o sistema da Defesa Civil demonstrou
sua eficácia, com a estratégia empregada e a
integração dos recursos e instituições da sociedade
e do Estado cubano, sem reparar no aperfeiçoamento
de mecanismos que respondam no momento preciso.
Primeiramente, a vida dos habitantes da Ilha, onde
quer que estejam. Por tal motivo, esta pequena
nação, bloqueada, pobre, difamada, incluída por
instituições que respondem aos interesses imperiais
junto a um grupo de países que não priorizam a vida,
constitui exemplo para o mundo na proteção de seus
habitantes e bens.
Não poucos países enviam a Cuba especialistas,
buscando a experiência que temos atingido, admitida
ainda pelos mais desenvolvidos e poderosos, alguns
dos quais, por sinal, já sofreram esse tipo de
golpes, com grandes perdas por causa, em boa medida,
de não ter uma eficaz organização nem planos
antecipados.
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