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Havana. 9 Abril, de 2014

Reabilitação neurológica com
enfoque integral
• No 25º aniversário da sua criação, por iniciativa de Fidel, o Centro Internacional de Restauração Neurológica de Havana (Ciren) tem contribuído para melhorar a qualidade de vida de mais de 120 mil pacientes de 96 países, incluindo Cuba

Lilliam Riera
Fotos de Anabel Díaz Mena

O reconhecimento da comunidade científica e o agradecimento dos pacientes atendidos no decurso destes 25 anos de trabalho humano, fazem orgulhar o Centro Internacional de Restauração Neurológica (Ciren) de Havana, que se distingue por trabalhar com um enfoque integral na reabilitação de pacientes que apresentam alguma lesão ou doença do sistema nervoso.


O trabalho nesta área está focalizado na recuperação das capacidades cognitivas, que permitem a realização de atividades funcionais básicas.

"A partir de sua inauguração, em 26 de fevereiro de 1989 até à data, uns 120 mil pacientes de 91 países — 105 mil cubanos e 15 mil estrangeiros — conseguiram melhorar a sua qualidade vida, graças aos tratamentos recebidos", afirmou numa entrevista concedida ao Granma Internacional o doutor Emilio Villa Acosta, presidente dessa instituição científica.

O médico lembra que essa instituição foi criada por iniciativa do líder histórico da Revolução, Fidel Castro, e garante que foi a primeira e até agora a única no mundo onde é aplicado um sistema de reabilitação intensiva (até sete horas diárias) para tratar das sequelas provocadas pelas doenças neurológicas degenerativas.

O alto nível científico dos seus especialistas e a dedicação de todo o pessoal à nobre tarefa de restituir capacidades, diferenciam a alta instituição, que trabalha com equipes muldisciplinares, sob a direção de neurologistas experientes.

Pertencente ao Ministério de Saúde Pública, no Ciren existem dois importantes programas de tratamento: o de Restauração Neurológica e o de Restauração Biológica Geral (Rebioger).


A reabilitação intensiva, com uma duração de até sete horas diárias, procura diminuir as sequelas de doenças neurodegenerativas.

O primeiro deles é formado por cinco clínicas especializadas, entre as que se encontram a de Transtornos do movimento e doenças neurológicas degenerativas — única do país e a primeira a ser criada no hemisfério ocidental — onde se trata, entre outras doenças, do Mal de Parkinson, que aumenta a sua freqüência com o envelhecimento da população.

O Parkinson é incurável, mas pode ser tratado e se caracteriza por lentidão nos movimentos, rigidez, tremores, alterações dos reflexos da postura e dificuldades na fala.

Nas outras quatro são atendidas afecções da medula espinal, neuromusculares, doenças cerebrovaculares, traumas crânio-encefálicos e a paralisia cerebral infantil.

O segundo programa, desenhado para pessoas maiores de 30 anos, sãs ou aparentemente sadias, busca melhorar os diversos efeitos que provoca o estresse oxidativo, para o qual lançam mão de um leque de produtos desenvolvidos por cientistas e médicos do Ciren.

A assimilação de tecnologias avançadas e a criação de métodos e procederes próprios, para transferi-los ao sistema nacional de saúde e pô-los ao serviço da população, e no caso dos segundos, também para a sua comercialização, é outra das missões deste centro com grande prestígio.

PACOTE TECNOLOGICO CUBANO PARA CIRURGIAS AVANÇADAS


A instituição possui ginásios especialmente desenhados e com equipamento moderno para fins terapêuticos.

O Ciren é munido da mais moderna e precisa tecnologia de diagnóstico, empregue nas neurociências clínicas e experimentais; e ao mesmo tempo conta com um pacote tecnológico 100% cubano, que permite a realização de cirurgias avançadas por mínimo acesso, de maneira bem-sucedida e sem complicações.

Este pacote é composto por uma armação ou marco estereotáxico (Estereoflex) que se fixa à cabeça do paciente para a realização da cirurgia — desenvolvido, em parceria, pelo Ciren e pelo Centro de Imunoensaio (CIE) — e softwares próprios para a planificação cirúrgica tridimensional, o registo da atividade elétrica neuronial, em regiões profundas do cérebro e a cirurgia neurológica vascular.

O emprego deste método avançado próprio permite a realização em Cuba de cirurgias funcionais para o tratamento do Parkinson, em pacientes em fases avançadas da doença (4 e 5); retirada de tumores do sistema nervoso; deformações vasculares intra-craniais, epilepsias e outras.

O doutor Villa Acosta referiu que 970 pacientes, entre cubanos e estrangeiros, que sofrem de Parkinson e epilepsias, têm sido operados, com a ajuda deste pacote tecnológico.

Ainda, referiu que treze instituições do país, das províncias de Cienfuegos, Villa Clara, Holguín e Santiago de Cuba, possuem o equipamento e seu pessoal é qualificado para efetuar essas cirurgias.

TÉCNICA CIRÚRGICA INOVADORA PARA TRATAR DO PARKINSON

É preciso destacar que este desenvolvimento próprio favoreceu a aplicação, pela primeira vez no Ciren, e com caráter de inovação mundial, de uma nova técnica cirúrgica para o tratamento do Parkinson — a subtalamotomia dorsal lateral seletiva — que consiste em "lesar" uma estrutura neuronial (o núcleo subtalâmico), o qual desempenha um papel fundamental no controle dos movimentos.

Além do emprego da mais moderna farmacologia no Ciren contam, sem dúvida, com ferramentas de luxo para a abordagem da referida patologia, as quais continuam sendo aperfeiçoadas.

Os resultados obtidos pelo Ciren com esta nova técnica e outras cirurgias funcionais têm sido publicados em revistas especializadas de alto impacto no mundo; já foram apresentados em congressos internacionais de Neurologia, e têm merecido o reconhecimento e a colaboração da universidade de Emory, em Atlanta, Estados Unidos, através dos doutores Mahlon de Long e Jorge Junco.

Durante muitos anos, o Ciren contou, também, com o apoio e a cooperação de outro profissional de destaque, o doutor José A. Obeso, da Clínica Universitária de Navarra, Espanha, quem foi o principal promotor de uma reunião internacional de especialistas sobre temas relativos ao Parkinson, que a instituição cubana acolheu como sede, há alguns anos.

Da mesma forma, mantém contatos com famosos especialistas do México, Alemanha e o Reino Unido, entre outros, "como uma forma sadia de globalização do conhecimento, em função do bem-estar e da saúde dos povos", diz o doutor Villa Acosta.

PROJETOS EM DESENVOLVIMENTO COM COLABORAÇÃO INTERNACIONAL

O doutor Villa Acosta informou que atualmente trabalham em vários projetos, em parceria com instituições doutras nações, entre os quais mencionou um deles relacionado com o diagnóstico e tratamento do autismo, com envolvimento da Espanha, México, Brasil e a Argentina.

Precisou que com o México e o Canadá continuam pesquisando acerca da epilepsia, enquanto que com os Estados Unidos, Espanha, Alemanha e Inglaterra está sendo valorizado o emprego da Eritropoetina no tratamento do Parkinson, bem como outras novas variantes cirúrgicas.

Referiu que, ainda, trabalham muito estreitamente com o Instituto de Hematologia e Imunologia (do Ministério de Saúde Pública cubano) e com o Centro de Neurociências de Cuba (Cneuro), que juntamente com o CIE faz parte do Grupo da Indústria Biotecnológica e Farmacêutica (BioCubaFarma).

Com o Instituto de Hematologia e Imunologia estão trabalhando no transplante neural, utilizando células da medula óssea do próprio paciente, para tratar de um infarto cerebral. Desde 1987, o Ciren desenvolveu técnicas de transplante neurológico.

Entretanto, em parceria com o Cneuro foi criado um laboratório de estudos cognitivos para o desenvolvimento de ferramentas e de softwares que facilitem os tratamentos para a recuperação dessas capacidades, sobretudo em pacientes que tenham sofrido trauma cranial.

"No Ciren não para a pesquisa e a inovação", diz o doutor Villa Acosta. E lembra que são muitos os desafios, pois seus especialistas trabalham na fronteira do conhecimento humano.
 

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