The New York
Times pede troca de prisioneiros entre Cuba e os EUA
WASHINGTON.— O jornal The New
York Times pediu ao presidente Barack Obama
trocar o cidadão estadunidense Alan Gross, preso em
Cuba acusado de ações encobertas, pelos três
lutadores antiterroristas cubanos que guardam prisão
injustamente nos Estados Unidos, desde 1998.
Em um editorial, publicado no
domingo, 2 de novembro, e intitulado "A Prisoner
Swap With Cuba" (Uma troca de presos com Cuba), o
jornal nova-iorquino reconheceu que Alan Gross, o
cidadão estadunidense que cumpre uma condenação de
15 anos de prisão, foi preso em Havana, em
consequência de uma estratégia irresponsável do
governo dos Estados Unidos e que o governo deve
achar uma solução.
Os editorialistas do The New York
Times consideram que Washington e Havana devem
avaliar o caso de Gross e dos cubanos Gerardo
Hernández, Antonio Guerrero e Ramón Labañino, para
darem os primeiros passos no caminho de uma
normalização do relacionamento entre ambos os
países.
"Uma troca de presos poderia abrir o
caminho para o reatamento dos laços diplomáticos, o
qual permitiria que os Estados Unidos tivessem
maiores oportunidades de fomentar mudanças positivas
na Ilha, mediante a expansão do comércio, o turismo
e maior contato entre cubanos e norte-americanos",
sublinha o jornal nova-iorquino.
"Caso contrário — acrescenta — será
perpétua a inimizade que reinou durante mais de 50
anos, continuando assim um ciclo de desconfiança
entre ambos os lados".
O editorial admite que Gross viajou
cinco vezes a Havana, em 2009, sob a direção da
empresa Development Alternatives Inc., que tinha um
contrato com a Agência para o Desenvolvimento
Internacional dos Estados Unidos (Usaid) e que,
fingindo ser turista, transportou furtivamente
equipamentos de comunicação.
Segundo o The New York Times,
funcionários norte-americanos concluíram que para
conseguir a liberdade de Gross é necessário
repatriar os três cubanos, os quais foram condenados
em um tribunal federal em Miami, em 2001.
"Para efetuar um intercâmbio —
destaca o editorial — o presidente Obama teria que
suspender o restante das condenações dos cubanos".
"Essa ação seria justificável se se
tivesse em consideração o longo período que
estiveram presos, as críticas que surgiram
relativamente à integridade do processo judicial que
enfrentaram e os possíveis benefícios que uma troca
poderia representar no esforço de conseguir uma
aproximação bilateral", acrescenta.
Lembrou que um painel de três juízes
do Tribunal de Apelações do Distrito 11 revogou as
sanções, em agosto de 2005, tendo determinado que um
conjunto de fatores impediu aos acusados de terem um
processo justo.
Segundo o editorial do domingo, 2 de
novembro, os juízes estabeleceram que, em virtude da
enorme hostilidade contra o governo cubano em Miami,
e de uma cobertura por parte dos jornalistas,
atacando os acusados, o júri não podia ser
imparcial.
Cita, ainda, a juíza Phyllis
Kravitch, a qual argumentou que a acusação dita
‘Conspiração para cometer assassinato’, feita contra
Gerardo Hernández, a quem os promotores ligam ao
derribo de dois aviões vindos de Miami, que foram
abatidos após violarem o espaço aéreo cubano, em
1996, não tinha fundamento. Os promotores, segundo a
juíza, não determinaram que Hernández enviasse
informações a Havana acerca desses voos.
Destaca, ainda, que entidades
independentes, incluindo um painel das Nações Unidas
que avalia detenções arbitrárias, e outros
organismos não governamentais fizeram críticas ao
processo judicial ao qual foram submetidos os cinco
cubanos. O editorial reafirma que caso não for
atingida uma solução ao caso de Alan Gross, a
possibilidade de estabelecer um relacionamento mais
sadio com Cuba sumirá por longos anos.
"Obama tem que reconhecer que isso é
inteiramente evitável, mas é preciso agir em breve",
conclui. (PL)