Reunião de
Especialistas em Havana
• Melhor preparados para
prevenir e enfrentar o Ébola
DURANTE dois dias reuniram-se em
Havana 278 especialistas e diretivos de 34 países,
em um encontro de caráter técnico para a prevenção e
o enfrentamento ao Ébola.
O vice-ministro de Saúde Pública de
Cuba, José Ángel Portal Miranda, advertiu que a
epidemia do Ébola constitui um enorme risco para a
humanidade, pois cada vez se registram novos casos e
as mortes continuam aumentando, sem se conseguir sua
contenção. "Devemos lutar — disse — para que o Ébola
não se converta em uma das maiores pandemias da
humanidade".
"Somente o caminho da preparação e
do trabalho conjunto poderá evitar a sua propagação",
afirmou. "As intervenções dos participantes foram
coincidentes quanto à preparação de programas
nacionais, para o qual se requer de decisão
política, organização, disciplina, rigor e
eficiência", precisou o dr. Portal Miranda.
"O mais provável — expressou — é que
se produza a introdução de poucos casos na região,
pelo qual devemos estar muito vigilantes,
consciencializar as pessoas, e que se compartilhe a
informação nacional com a comunidade internacional.
"Hoje estamos mais unidos e melhor preparados",
declarou o vice-ministro da saúde cubano, nos
minutos finais do encontro.
O evento foi útil e solidário,
trocaram-se experiências, abriram-se portas,
estreitaram-se mãos e laços, fizeram-se coordenações
e ficaram escritas todas e cada uma das
recomendações das diferentes Comissões de Trabalho.
A vice-ministra de Saúde Pública de
Cuba, Márcia Cobas, foi a responsável pela leitura
do relatório do evento que, como resultado dos
debates, propôs diversas linhas de ação, com
destaque entre elas para a necessidade de manter a
vigilância epidemiológica, estimular o
desenvolvimento de equipes multidisciplinares e dar
ao paciente acompanhamento eminentemente clínico.
Outra das recomendações é que o país
deve criar um centro nacional, no sentido de
coordenar todas as medidas para evitar a introdução
da doença. Ainda, é preciso garantir o cumprimento
do estabelecido pela OMS e a OPAS, definir em cada
país a rota crítica que garanta o envio das amostras.
Outro aspecto relevante é, ainda,
facilitar a aquisição de equipamentos e meios de
proteção, com preços preferenciais, e criar uma
reserva para a sua utilização imediata, em casos de
emergência.
PRIMEIRO CURSO INTERNACIONAL
Como resposta ao tema da capacitação
e formação de recursos humanos, foi convocado o
primeiro curso internacional para a prevenção e o
enfrentamento ao Ébola, que será no Instituto de
Medicina Tropical "Pedro Kourí" (IPK), de Havana, de
10 a 15 de novembro próximo.
"Hoje é um dia especial, porque nós
todos nos reunimos convocados por causa de uma
doença que pode afetar o continente americano,
reunimo-nos para compartilhar nossas experiências e
necessidades e a busca de soluções que vão
encaminhadas a preservar a vida e à defesa da
humanidade", manifestou o ministro da Saúde da
Bolívia, doutor Juan Carlos Calvimonte.
"Em nome do presidente Evo e do povo
da Bolívia quero dizer ao povo irmão de Cuba: muito
obrigado por ter criado este espaço de preparação
técnica, que viva a América, que viva o comandante
Fidel, que viva o comandante Raul,", concluiu.
No conjunto de todas as Comissões
foram recolhidas 151 intervenções, as quais
permitiram examinar um grupo de temas
transcendentais, relativamente à doença provocada
pelo vírus do Ébola.
A dr.ª Carmen Rosa Fernández
Martínez, da Comissão de manejo clínico da doença,
informou que tinham participado 76 delegados e
convidados de 18 países. Nesta Comissão ficaram
definidas as seguintes linhas de ação: a necessidade
de estabelecer a vigilância das pessoas que tenham
viajado à área de transmissão com risco de terem
sido contagiadas, e enviá-las a centros
especializados para esses fins.
Define-se, ainda, o caso suspeito
daqueles pacientes com nexo epidemiológico, que
apresentem febre e algum dos sintomas da doença.
Caso o primeiro teste do vírus resultar negativo, o
teste deve ser repetido 48 horas depois; se for
positivo o paciente passa para os centros de
atenção; se for negativo é descartado como um caso
de Ébola.
As equipes de resposta rápida seriam
formadas por epidemiologistas, médicos de perfil de
urgências, enfermeiras e outros especialistas, que
se considere que serão treinados e serão estáveis,
disponíveis durante as 24 horas do dia.
O atendimento das crianças, quando
necessário, será com acompanhante, se o acompanhante
padeceu a doença estará sem meios de proteção, caso
contrário, com os equipamentos de proteção
estabelecidos.
O acompanhamento e avaliação do
paciente será eminentemente clínico, com todas as
amostras nos laboratórios, situados preferentemente
nas próprias unidades. Será necessária a validação
do diagnóstico por parte de laboratórios
certificados.
Será de importância vital
estabelecer a cooperação entre autoridades
reguladoras para o deslocamento de amostras através
das fronteiras. Define-se o critério de alta depois
do resultado negativo de dois testes acerca do
vírus.
Francisco Duran García fez a
relatoria na comissão sobre Epidemiologia, presidida
pelo vice-ministro de Saúde de Cuba, José Angel
Portal, na qual participaram 85 delegados de 29
países.
Como primeiro ponto pôs-se ênfase na
necessidade de reforçar o sistema de vigilância de
cada país e sua articulação com o centro nacional de
enlace, para fortalecer as respostas nacionais e
regionais. Outro objetivo é o de fortalecer as
relações internacionais em nível de fronteiras para
obter a informação avançada e mais completa sobre
navios, aeronaves e outros meios que cheguem ao
país.
A Comissão de Formação e Capacitação
de recursos humanos teve 31 participantes de 17
países e acordaram estimular a capacitação
presencial que facilite o intercambio de
experiências entre especialistas que, além de
incrementar os conhecimentos de identificação de
vírus na região, estimule a criação de laboratórios.
Na Comissão de Comunicação Social,
presidida pela doutora Marcia Cobas, participaram 35
especialistas de 14 países, além de representantes
cubanos da Defesa Civil, da Associação de
Comunicadores Sociais, da Faculdade de Comunicação
da Universidade de Havana e do Instituto da Rádio e
Televisão e do Ministério da Saúde Pública.
Nesta equipe de trabalho acordou-se
fortalecer a gestão da comunicação social
relativamente ao Ébola, através da criação de grupos
de comunicação em nível nacional e regional para
apoiar e identificar um porta-voz único, lançar mão
de protocolos internacionais para a comunicação de
riscos e aspectos éticos no manuseamento da
informação. Desenhar planos nacionais e regionais
que incluam mapas de mensagens e a identificação dos
recursos tecnológicos para gerir sua disponibilidade
na região.
Para tudo isso se torna
imprescindível procurar fundos para campanhas de
educação pública. A produção e distribuição de
materiais de divulgação dirigidos às populações
vulneráveis foi outra das linhas traçadas.
Potencializar o emprego dos meios
regionais, como a Telesur, a rádio do sul e outros
meios e produzir materiais educativos sobre o tema
em espaços públicos rurais e urbanos foram outros
dos temas examinados.