Presos Políticos do Império| MIAMI 5      

     

Só TEXTO|Assinatura jornal impreso| 

 C U B A

Havana. 30 Julho, de 2014

Uma semente pela
não violência de gênero
• Um projeto inclusivo advoga, a partir dos meios audiovisuais, a
mudar estereótipos, atraindo instituições, jovens e artistas

Yenia Silva Correa

EM março de 2011, teve lugar na Casa da Alba Cultural, em Havana, a apresentação oficial do Projeto "Todas Contracorriente", que luta pela não violência contra as mulheres e as meninas, uma iniciativa que procura dar maior visibilidade à figura feminina, particularmente na mídia.

Três anos após ter sido criado, conta com o apoio de instituições e organizações nacionais. Para falar acerca deste tema sua líder, a cantora cubana Rochy Almeneiro, visitou a sede do semanário Granma Internacional.

Por que é que surge "Todas Contracorriente"?

"Este projeto surge graças ao meu relacionamento com o dr. Julio César González Pagés. Comentávamos a tendência que há nos meios audiovisuais de mostrar a mulher tão só como um objeto sexual. Ele me propôs fazer algo a esse respeito, a partir da música, e gostei imenso da ideia. Eu cantava uma música que se chama Contracorriente, da autoria de Yamira Díaz, e lhe disse: "Esta pode ser uma peça que se pode levar a um novo contexto e usar para esse tema", e assim começou o projeto. Gravamos e pedi a nossa amiga Omara Portuondo se queria participar comigo. Ela aceitou logo. Sua participação foi como dar legitimidade à importância deste trabalho, porque ela é uma figura de muito respeito e tem defendido a cultura cubana em todas as vertentes. Sua presença foi como sair com o pé direito".

Quem aderiu a esta iniciativa?

"Sempre pensamos que é um projeto aberto para todo aquele que se queira envolver, que pretende dar visibilidade à mulher de maneira integral, lutar pela não violência contra as mulheres e as meninas e aceitar todos: mulheres, homens, jovens ou não, para que se apropriem dessa ideia e participem do trabalho".

"A partir do momento em que a pessoa colabora de alguma maneira, já faz parte do projeto. Esta é a ideia. Não é algo meu nem muito menos. Embora eu seja a cara líder, está aberto para todo aquele que queira ser uma pessoa ‘contracorrente’".

Que atividades vêm realizando?

"Abrimos este espaço na Casa da Alba, chamava-se ‘Mulheres da Alba’, e convidamos músicas, cientistas, escritoras e poetisas, para compartilhar com o público".

"Graças ao apoio do Instituto Cubano da Música (ICM), a Federação das Mulheres Cubanas (FMC) e outras organizações, como o Sistema das Nações Unidas e a Unicef, determinamos tornar este projeto móvel e levá-lo para as províncias".

"Nós propusemos ao ICM uma turnê nacional e foi aprovada logo. Com o apoio da FMC resolveram-se as questões logísticas, que incluíam oficinas de sensibilização nestes temas e concertos com os quais pretendíamos mostrar que as pessoas podem escutar canções, desfrutar de um bom momento, inclusive dançar com canções que não têm que agredir a mulher nem mostrar violência de maneira nenhuma".

"A primeira turnê foi por mais de 14 cidades do país. As oficinas tiveram lugar nas escolas de instrutores da arte. Fizemos concertos nas cidades principais das províncias e houve visitas aos monumentos dedicados às mulheres importantes da história, porque tornar mais visíveis as mulheres na história também é uma forma de lutar pela não violência".

"Inclusive, temos uma proposta para o Ministério do Turismo no sentido de traçar uma rota pelos monumentos dedicados a estas mulheres, no país todo. A ideia é que se saiba que em cada província há uma mulher que deve ser homenageada".

"A segunda turnê teve como objetivo a formação de líderes de opinião e a apresentação da campanha ‘O valente não é violento’, direcionada aos homens.

Que lugar ocupa o trabalho com os jovens?

"O trabalho nas turnês é direcionado fundamentalmente ao público jovem, porque são os que estão sendo mais bombardeados com os produtos audiovisuais violentos, com o machismo e são eles o que têm nas mãos transformar a sociedade".

"Creio que é trabalho nosso educá-los, por isso escolhemos as escolas de arte, porque os intrutores da arte estão inseridos nos lugares onde se estão determinando políticas culturais em nível comunitário. Achamos importante envolver a juventude que se está formando para que sejam educadores".

O que foi previsto para 25 de novembro?

"Em 2011 teve lugar a primeira oficina de sensibilização acerca destes temas para os artistas. Em breve, vai haver outra ligada à jornada da não violência, que é de 25 de novembro a 10 de dezembro. São 16 dias de ativismo mundial pela não violência, e o dia 25 de novembro é o dia mundial da não violência com as mulheres e as meninas.

"Existe um programa da rede de artistas "Únete", acerca daquilo que se pode fazer no país para dar maior visibilidade à campanha. Isso inclui oficinas dirigidas aos artistas de todos os ramos: audiovisuais, artes plásticas, teatro, dança..."

O quanto deve mudar a imagem da mulher que hoje oferecem os produtos audiovisuais?

"O trabalho da mídia é muito importante. Acho que os que determinam as políticas culturais, em nível nacional, deveriam frequentar estes cursos com os especialistas do gênero. Existe decisão em nível do país para que isto venha a acontecer, mas é preciso que se apropriem dela, sobretudo a televisão. Há muitos produtos que transmitem valores violentos e estou certa de que é por causa do desconhecimento dos realizadores e dos artistas".

"Não se trata de travar uma guerra contra os homens, mas sim da defesa dos direitos de equidade entre homens e mulheres, do respeito à outra pessoa, de que nós todos advoguemos por uma cultura de paz".

Os trabalhos para mudar as consciências são em longo prazo. Estão prontos para continuar este projeto sem medir o tempo?

"O ‘Todas Contracorriente’ chegou a nós para ficar. Assim que entrei neste projeto o tenho como uma das razões de vida e se trata de não esmorecer. O caminho é longo. Talvez não vejamos o resultado, mas o importante é irmos plantando a semente da não violência".
 

IMPRIMIR ESTE MATERIAL


Diretor Geral: Pelayo Terry Cuervo. Diretor Editorial: Gustavo Becerra Estorino
HOSPEDAGEM: Teledatos-Cubaweb. Havana
Granma Internacional Digital: http://www.granma.cu/

  Inglês | Francês | Espanhol | Alemão | Italiano | Só TEXTO
Só TEXTO / Assinatura jornal impreso

© Copyright. 1996-2014. Todos os direitos reservados. GRANMA INTERNACIONAL/ EDICAO DIGITAL

Subir