Vice-presidente
da Argentina destaca em Havana importância da
integração
O vice-presidente argentino, Amado
Boudou, realizou uma visita oficial a Cuba, durante
a qual se reuniu com o primeiro vice-presidente dos
Conselhos de Estado e de Ministros, Miguel Díaz-Canel
Bermúdez; tributou uma homenagem ao Herói Nacional,
José Martí e ministrou uma conferência no Centro de
Estudos da Economia Cubana.
Durante a entrevista com Díaz-Canel,
ambos coincidiram em destacar o ótimo estado das
relações bilaterais e as potencialidades para seu
fortalecimento. Abordaram, aliás, temas de interesse
mútuo da agenda regional e internacional.
Boudou foi acompanhado pela
embaixadora da Argentina em Havana, Juliana Isabel
Marino, e pelo chefe da secretaria privada do vice-presidente,
Héctor Eduardo Romano. Pela parte cubana marcaram
presença o vice-ministro das Relações Exteriores,
Rogelio Sierra e outros funcionários da chancelaria.
Durante a estada, o vice-presidente
da Argentina ressaltou a importância de nossos povos
e governos continuarem trabalhando em prol da
integração da América Latina e o Caribe. Num
intercâmbio com a imprensa, antes de ministrar uma
conferência no Centro de Estudos da Economia Cubana,
Boudou insistiu na necessidade de constituirmo-nos
todos como uma só região, com uma identidade própria,
com interesses comuns, acima da nossa diversidade.
"Nós devemos reconhecer-nos fazendo
parte de um projeto de independência que ainda não
concluiu, ainda que quase todos nossos países
completem 200 anos de independência", disse. "Primeiro,
conseguimos quebrar o colonialismo político, mas
agora vem a etapa de quebrar o colonialismo
econômico".
"Isso vai precisar dum maior
intercâmbio entre as nossas nações, e que não
encaremos isso como um intercâmbio comercial, senão
como uma integração produtiva".
Nesse sentido, destacou a
necessidade de redirecionar para os nossos países o
comércio que se mantém com outros continentes.
"Dessa forma, disse, podemos gerar
empregos e, na verdade, o que engrandece as nações é
a possibilidade do povo todo ter emprego, de estar
trabalhando com dignidade, com um bom sistema de
previdência social".
"Nesta etapa acredito que é preciso
para todos os nossos países que trabalhemos a favor
da integração", insistiu. E lembrou que na 2ª Cúpula
da Celac a presidenta, Cristina Fernández de
Kirchner, assinalou que esse deveria ser o caminho a
seguir. "É claro, estamos muito comprometidos com
esta visão", afirmou.
Por outro lado, o vice-presidente se
referiu ao reclamo argentino das ilhas Malvinas,
assunto sobre o qual na quinta-feira, 26 de junho,
teve lugar um debate nas Nações Unidas.
Primeiramente, agradeceu a Cuba por
seu constante apoio neste tema.
"Não é um tema do governo da
Argentina, disse, é um tema do povo argentino, e nós
interpretamos também que hoje é um tema da América
Latina e o Caribe, devido ao apoio que encontramos".
"Reclamamos em termos de razão e não
em termos de força", acrescentou. "As Malvinas são
argentinas e têm que fazer parte da nossa soberania".
Boudou também comentou sobre os
fundos ‘abutres’. "É muito importante que a
Argentina possa continuar pagando sua dívida", disse.
E lembrou que se trata de um país que durante muitos
anos foi submetido a um esquema de endividamento,
desde o exterior e a partir de dentro; muitas vezes
os governos dos nossos países não trabalharam para
seus povos, mas sim para o sistema financeiro
internacional".
Recordou que esta situação explodiu
na Argentina, no ano 2001, e que com a chegada de
Néstor Kirchner e depois da Cristina Fernández de
Kirchner, teve lugar uma reorganização da economia,
"uma economia com crescimento e inclusão social,
isto é, um crescimento que chegasse ao conjunto do
povo e não somente aos poderosos de sempre".
"Isso também implicou a necessidade
de reestruturar a dívida, reestruturação muito bem
sucedida em 2005, em 2010, a possibilidade de a
Argentina pagar completa a dívida ao FMI e não ter
de escutar mais seus conselhos, que não tinham sido
bons".
"Hoje nos encontramos numa altura
onde queremos pagar", reafirmou, "queremos continuar
honrando todos os compromissos que se foram
assumindo e isto é preciso fazê-lo com justiça e
continuar negociando para conseguir que a Argentina
continue crescendo porque, como disse Néstor
Kirchner, os mortos não podem pagar suas dívidas,
então se alguém pretende que a Argentina desapareça
como uma nação soberana, não poderá cobrar suas
dívidas".
Relativamente à visita ao Centro de
Estudos da Economia Cubana, destacou que a ideia era
trocar experiências, a partir da verdade relativa da
cada um.