Entre os temas examinados estiveram
a carteira de oportunidades para o investimento
estrangeiro; o envelhecimento da população; as
funções e faculdades das unidades empresariais de
base; as contas por cobrar e pagar; a inscrição de
imóveis estatais e o plano geral de reorganização
urbana da cidade de Santiago de Cuba.
CARTEIRA DE OPORTUNIDADES PARA O
INVESTIMENTO ESTRANGEIRO
O vice-presidente do Conselho de
Ministros, Marino Murillo Jorge, apresentou a
carteira de oportunidades para o investimento
estrangeiro, cuja conformação — explicou — "constitui
um aspecto essencial no processo de atração do
capital estrangeiro" e sua atualização faz parte do
cronograma de implementação da política para o
investimento estrangeiro.
Segundo informou Murillo,
precisamente a Feira Internacional de Havana que se
realizará no mês próximo, terá como tema central o
investimento estrangeiro, com o intuito de favorecer
a promoção da nova política e seu marco regulador.
A carteira aprovada nesta reunião
tem 246 projetos a desenvolver com capital
estrangeiro, com um montante de US$8,7 bilhões, e
abrange setores decisivos como o agrícola e
alimentar, a construção, a indústria farmacêutica e
biotecnológica, a energia renovável, e outros. "Os
projetos estão em todas as províncias, e no
município especial Ilha da Juventude", expressou.
Considerou que a carteira
apresentada é diversa e ampla e a incorporação nela
de projetos que contam com estudos prévios de
facilidades e diretivas de negociação acelerará a
concretização dos negócios.
A esse respeito, o ministro do
Comércio Exterior e do Investimento Estrangeiro,
Rodrigo Malmierca Díaz, refletiu acerca da
importância de dar continuidade a esta carteira e
continuar enriquecendo-a com novos projetos.
DINÂMICA DEMOGRÁFICA
Outro dos temas debatidos na reunião
esteve relacionado com a dinâmica demográfica do
país, um dos maiores desafios que a nação enfrenta
devido ao seu impacto na vida social, econômica e
familiar.
O chefe da comissão permanente para
a implementação e desenvolvimento, Murillo Jorge,
explicou que "nas próximas décadas Cuba apresentará
uma tendência ao decrescimento da população com um
envelhecimento contínuo da mesma, uma diminuição dos
nascimentos e um incremento das mortes. Isto implica
que, caso não se reverterem essas tendências, no
entorno 2025-2027, vão morrer mais pessoas das que
nascem, com uma diminuição total da população e em
todos os grupos etários, à exceção do grupo de 60
anos e mais".
Salientou que entre os aspectos que
mais impactam no envelhecimento da população estão
"os baixos níveis de fecundidade, o incremento da
expectativa de vida e o saldo migratório externo".
Sublinhou que o fator mais
determinante é a baixa fecundidade, cujas causas são
múltiplas e entre elas destacou os elevados níveis
de escolaridade, a incorporação da mulher ao
trabalho, o acesso limitado às moradias, o elevado
custo do atendimento aos filhos, a falta de serviços
de apoio à família e a convivência com pessoas
idosas, as quais também requerem de atendimento.
Quanto à política aprovada nesta
sessão do Conselho de Ministros, esclareceu que não
oferecerá resultados de maneira imediata, mas sim a
médio e longo prazo. "Seus objetivos principais são
estimular a fecundidade, atender às necessidades da
população idosa, bem como promover o emprego
majoritário e eficiente das pessoas aptas para o
trabalho". Ainda, também se informou que serão
aplicadas políticas fiscais e de preços que
favoreçam a natalidade e o atendimento às pessoas
idosas.
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
O segundo-chefe da Comissão
Permanente para a Implementação e Desenvolvimento,
Leonardo Andollo, apresentou a política integral da
propriedade industrial, que foi aprovada pelo
Conselho de Ministros.
Segundo explicou, ela se sustenta,
fundamentalmente, na implementação da 228ª Diretriz
da política econômica e social do Partido e a
Revolução, onde se expressa a necessidade de
"fortalecer as capacidades de prospecção e
vigilância tecnológica e a política de proteção da
propriedade industrial em Cuba e nos principais
mercados externos".
"Com a atualização do modelo
econômico cubano — comentou — a propriedade
industrial adquire novas dimensões e maior
importância, como ferramenta de gestão para as
exportações, a substituição de importações, os
empreendimentos — particularmente estrangeiros — e o
desenvolvimento científico e tecnológico, tanto para
as organizações estatais como para as formas de
gestão não estatais".
Explicou que no diagnóstico
realizado foram identificados vários problemas, para
os quais se propôs um conjunto de medidas
encaminhadas a aperfeiçoar o relacionado com esta
matéria. "Com o estabelecimento da política proposta
estaremos em melhores condições de promover o
desenvolvimento econômico sustentável do país".
SISTEMA EMPRESARIAL DO MINISTÉRIO
DAS FINANÇAS E PREÇOS SERÁ APERFEIÇOADO
Andollo Valdés também expôs as
propostas para o aperfeiçoamento do sistema
empresarial conhecido como Grupo Empresarial Caudal
S.A., dedicado a serviços profissionais no setor
financeiro, especialmente os seguros.
O aperfeiçoamento será dirigido a
achar solução às dificuldades que hoje se apresentam
e permitirá dispor de uma organização mais forte,
"que prestará serviços de seguros, avaliações de
ativos, auditorias, estudos de facilidades e
consultorias, fundamentalmente na atividade
econômica e de gestão, com a função de apoiar o
desenvolvimento do setor empresarial e das formas de
gestão não estatais".
Isso também está dirigido a
facilitar o desenvolvimento do investimento
estrangeiro no país.
FUNÇÕES E FACULDADES DAS UNIDADES
EMPRESARIAIS DE BASE
Ainda, o Conselho de Ministros
aprovou novas propostas relativas às funções e
faculdades das Unidades Empresariais de Base (UEBs),
sustentadas na reorganização paulatina que se vem
efetuando nos organismos da administração central do
Estado, o que vai criando as condições para separar
as funções estatais das empresariais.
No decurso da intervenção, Murillo
Jorge comentou que "no sistema empresarial estatal
cubano se reconhecem como figuras empresariais as
Organizações Superiores de Direção do Estado
(OSDEs), as empresas e as UEBs.
"Desta maneira, se ratifica o
conceito de que ainda que tenham definições e
funções diferentes, entre elas existe uma relação
estreita de funcionamento".
Dai que os membros do Conselho de
Ministros aprovassem "estender a todo o sistema
empresarial a aplicação do estabelecido no Decreto
281, referido a conceitos, funções e faculdades,
referidas às OSDEs, empresas e UEBs, exceto no
concernente ao processo de aperfeiçoamento
empresarial, incorporando-lhes aqueles elementos das
normas jurídicas derrogadas que sejam necessários
manter, bem como as novas faculdades outorgadas ao
sistema empresarial, como resultado da implementação
das diretrizes".
Em resumo, as UEBs vão ter as
faculdades que corresponderem a seu escalão e que
lhes permitam continuar desenvolvendo, de maneira
estável, as produções e os serviços.
TRATAMENTO FINANCEIRO PARA AS CPAs
DA AGRICULTURA NÃO CANAVIEIRA
Marino Murillo Jorge, também
ministro da Economia e Planejamento, apresentou a
proposta de tratamento financeiro para as
Cooperativas de Produção Agropecuária (CPAs)
dedicadas à agricultura não canavieira. Segundo
explicou, o objetivo é "aplicar um tratamento
similar ao aprovado para as Unidades Básicas de
Produção Cooperada (UBPCs), no sentido de resolver
sua situação financeira e colocá-las economicamente
ao mesmo patamar".
Mais de 380 destas CPAs enfrentam
dificuldades econômico-financeiras, com montantes
apreciáveis de perdas acumuladas, bem como dívidas
vencidas com os bancos, o orçamento do Estado e o
sistema empresarial, deficiências que limitam sua
sustentabilidade.
Por isso, para mantê-las em
funcionamento e conseguir estabilidade para
continuar sua atividade produtiva de forma
eficiente, foi aprovado "um tratamento financeiro
para que elas disponham dos recursos necessários,
bem como um grupo de medidas adicionais que lhes
permitam pagar suas dívidas, liquidar as perdas
acumuladas e atingir uma capitalização adequada".
"Com a aplicação deste tratamento
financeiro se prevê garantir o incremento da
produção previsto em seus programas de
desenvolvimento até o ano 2018", concluiu Marino
Murillo.
DÍVIDAS NAS CONTAS POR COBRAR E
PAGAR
A seguir, a ministra das Finanças e
Preços, Lina Pedraza Rodríguez, expôs um relatório
sobre o estado das contas por pagar e cobrar
vencidas, questão onde houve avanços, em sentido
geral.
Segundo comentou "o comportamento da
economia, durante o primeiro semestre de 2014,
influiu negativamente na tendência decrescente que
se tinha manifestado no decurso de 2013".
Explicou que entre as principais
causas desses resultados está a falta de liquidez
das empresas, especialmente mais de 160 delas que
tiveram saldos econômicos desfavoráveis. Ainda,
sublinhou que "há uma concentração elevada de
dívidas vencidas entre entidades subordinadas ou
atendidas por um mesmo organismo, com uma media de
65%".
Como elemento favorável destacou o
fato de que "foi possível diminuir
significativamente a diferença existente entre o
total de contas por cobrar e por pagar no país".
Cabe agora ao Ministério das Finanças e Preços —
afirmou — "zelar para que, futuramente, esses
números não voltem a incrementar-se". Também
diminuíram os pagamentos no efetuados aos
produtores.
Finalmente, Pedraza Rodríguez disse
que: "no que resta de ano se prevê uma modificação
favorável no comportamento das contas pendentes ou
vencidas, "o qual esta respaldado pela adoção dum
conjunto de medidas econômicas no período, que
permitem conseguir um nível de estabilização e
cumprimento de contratos e acordos pendentes".
PLANO DE INSCRIÇÃO DE IMÓVEIS
A ministra da Justiça, María Esther
Reus González, apresentou o relatório sobre o
cumprimento do plano de inscrição de imóveis
estatais, no período janeiro-agosto de 2014, tema
que durante os últimos anos tem sido recorrente
nestas reuniões, com o propósito de avaliar seu
comportamento.
De maneira geral mencionou que o
cumprimento do plano integral de inscrição — no qual
se incluem tanto os órgãos locais do Poder Popular
como os organismos da administração Central do
Estado (OACEs) e entidades nacionais — anda em torno
de 82,8%.
A ministra também alertou acerca da
importância de conseguir, nestes últimos meses do
ano, um equilíbrio na apresentação dos dossiês ao
Registro da Propriedade, pois as limitações de
pessoal e de equipamentos existentes não permitirão
responder a demanda desproporcionada que isto pode
ocasionar.
Finalmente, avaliou, que "além dos
números que possam ser constatados ao concluir o ano
2014, é importante destacar que devido à magnitude
das cifras inscritas, o esforço realizado até o
momento permitiu preservar e proteger juridicamente
o patrimônio do Estado num período breve. Isto
beneficia a ordem e beneficia diretamente temas como
o investimento estrangeiro, a marcação de terrenos
para a construção de moradias e o aluguel de locais
a entidades e trabalhadores não estatais, entre
outros".
AFETAÇÕES ECONÔMICAS EM OPERAÇÕES DO
COMÉRCIO EXTERIOR
As principais afetações econômicas
ocasionadas ao país pelas irregularidades nas
operações do comércio exterior, durante o primeiro
semestre de 2014, também foi tema de análise na
reunião. Segundo o ministro do Comércio Exterior e
do Investimento Estrangeiro, Rodrigo Malmierca, o
tema é examinado, cumprindo um acordo do Conselho de
Ministros, adotado com o objetivo de manter um
estrito controle sobre estes fatos em todos os
organismos.
"Ainda quando não possamos afirmar
que o total das irregularidades que se produzem são
detectadas, temos incrementado o controle e atenção
às empresas e organismos envolvidos", afirmou.
Quanto aos principais problemas
disse que estão ligados a uma péssima escolha dos
fornecedores; processos dilatados de contratação;
manipulação incorreta das mercadorias na
comercialização; problemas com o transporte e seu
planejamento; falhas no sistema de controle da
qualidade e indisciplinas tecnológicas.
"Existem outras afetações, mais
complexas de descobrir, que se produzem devido às
irregularidades na contratação e decisão de compra",
afirmou Malmierca.
Nesse sentido, comentou que "se
adotaram medidas para enfrentar essas deficiências,
dirigidas fundamentalmente a elevar a preparação do
pessoal ligado à atividade do comércio exterior;
melhorar o processo de contratação internacional,
bem como resolver problemas logísticos e de
qualidade. Isto permitiu diminuir as despesas
provocadas pela estadia de navios e contêineres,
embora existam atrasos nas exportações como
consequência de deficiências no planejamento e
operação do transporte interno".
Igualmente, explicou "que na análise
sobre as afetações econômicas foi incluído o ponto
das demoras na extração de cargas aéreas, que
representam despesas não previstas, tornando-se
evidente que, em alguns casos, este meio de
transporte foi utilizado desnecessariamente, pois é
mais custoso que o frete marítimo".
Finalmente, o ministro afirmou que
"se continuará trabalhando no aperfeiçoamento dos
mecanismos estabelecidos para o controle destas
afetações econômicas e a tomada de medidas oportunas
para evitá-las e enfrentá-las".
PLANO GERAL DE REORGANIZAÇÃO URBANA
DA CIDADE DE SANTIAGO DE CUBA
O Conselho de Ministros também
aprovou o Plano Geral de Reorganização Urbana da
cidade de Santiago de Cuba. Segundo explicou o
presidente do Instituto de Planejamento Físico
(IPF), Samuel Rodiles Planas, "o impacto do furacão
Sandy nesta cidade trouxe como consequência um novo
olhar no tocante à sua reorganização, devido às
profundas mudanças sofridas no hábitat, áreas de
relva, espaços públicos, serviços e infraestrutura
técnica".
Como objetivos gerais assinalou:
adequar o destino e utilização do solo, seu melhor
aproveitamento e uma apropriada localização das
atividades, considerando as implicações ambientais;
desenvolver uma infraestrutura territorial
equilibrada que melhore a integração, funcionamento
e acesso em correspondência com o desenvolvimento
econômico, social e ambiental da localidade;
proteger e reabilitar o patrimônio construído e
cultural, os espaços naturais e públicos, as novas
edificações e a arquitetura integrada em seu
conjunto; bem como erradicar a precariedade nas
urbanizações e conseguir disciplina e controle na
ordem urbana da cidade.
Rodiles Planas destacou que para o
trabalho realizado levaram em conta aspectos
fundamentais da cidade como o fato de que "mais de
70% de suas edificações são susceptíveis a danos por
sismos de grande intensidade e enchentes que, em
decorrência de fenômenos meteorológicos extremos
pudessem afetar múltiplas áreas".
"O conjunto das moradias e
edificações ficou muito deteriorado depois da
passagem do furação Sandy. Nesse sentido, a
estratégia de desenvolvimento habitacional desenhada
é baseada na transformação progressiva e de maneira
integral do hábitat da cidade, as moradias e seus
serviços associados. Entre as prioridades foram
definidas as afetações provocadas por este furacão e
os trabalhos em cortiços, bairros e locais
insalubres", explicou.
Para a implementação do Plano Geral
de Reorganização Urbana foram definidas três etapas:
curto, médio e longo prazo, que abrangem até 2025.
Realizou-se, ainda, o levantamento
das violações cometidas no entorno urbano e o
governo conta com um plano integral de enfrentamento
às ilegalidades que inclui um sistema de controle
periódico, por parte das máximas autoridades da
província e do IPF.
Rodiles Planas também comentou que
"a implementação deste Plano da cidade de Santiago
de Cuba, representará um salto qualitativo e
quantitativo para seu desenvolvimento integral".
A esse respeito, o primeiro-secretário
do Comitê Provincial do Partido em Santiago de Cuba,
Lázaro Expósito, lembrou que dois anos após a
ocorrência deste fenômeno natural é aprovado este
plano. "Até agora, na província foi resolvido 56%
dos danos nas moradias e 83% das afetações em
instalações estatais", informou.
Também afirmou que se enfrentam com
rigor as construções ilegais; o bairro San Pedrito
se transforma, e se trabalha no melhoramento da
imagem da cidade, por ocasião de seu 500º
aniversário, em 25 de julho de 2015.