|
|
|
C
U B A |
Havana.
27 Outubro,
de 2014 |
|
|
|
Pedro Porfírio:
A verdade sobre o
Porto de Mariel em Cuba
Em sua deliberada má fé, Aécio Neves
e alguns manipuladores da direita costumam dizer na
maior cara de pau que o governo brasileiro está
construindo um porto para Cuba só para ajudar o
governo cubano, como se estivesse desviando dinheiro
para a ilha que derrotou o império com a sua
revolução invicta.
Os idiotas da fauna obscurantista
podem até se compensarem psicologicamente quando
repassam essa mentirada pela internet. Mas o tucano,
que não é um idiota, mas pretende enganar os menos
informados, exerce o mandato de senador e já foi até
presidente da Câmara Federal.
"Ele sabe que o BNDES não pode
repassar um centavo para governos estrangeiros: quem
a ele recorre é a empresa nacional que vai ganhar em
dólares em obras por dezenas de países.
Foi o que explicou didaticamente o
presidente do BNDES, Luciano Coutinho, em audiência
na Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara dos
Deputados, em 27 de maio deste ano.
Segundo o presidente do BNDES, não
houve empréstimo ao governo cubano e sim para uma
empresa brasileira, no caso, o Grupo Odebrecht. Ele
lembrou que o BNDES é impedido por lei de emprestar
dinheiro para empresas ou governos estrangeiros. "O
BNDES libera recursos apenas para empresas
brasileiras que tenham sido encarregadas de realizar
um serviço no exterior. Nossa relação é com a
empresa nacional, para gerar empregos no Brasil."
Luciano Coutinho lembrou que o
investimento foi feito na exportação de serviços de
engenharia e que esse tipo de mercado é muito
disputado. Destacou que, na América Latina, o Brasil
responde hoje por quase 18% da exportação de
serviços de engenharia para a região, perdendo
apenas para a Espanha, e à frente dos Estados Unidos
e da China."Prestamos serviços a países como
Argentina, Venezuela, República Dominicana, Cuba,
Peru e Equador", informou o presidente do BNDES aos
deputados.
Num mercado muito disputado, o
Brasil é o oitavo maior exportador de serviços de
engenharia do mundo. A China desembolsou entre 2008
e 2012 um total de US$ 45,2 bilhões; os Estados
Unidos, 18,6 bilhões; a Alemanha, US$ 15,6; e a
França, US$ 14,6 bilhões, enquanto o Brasil
financiou US$ 2,24 bilhões, ficando atrás ainda da
Índia, do Japão e da Inglaterra.
Cuba paga em dia, segundo
construtora brasileira: "a exportação de serviços
suporta hoje 1,7 milhão de postos de trabalho no
Brasil".
O presidente da Odebrecht, Marcelo,
foi mais além. Sua empresa, que tem serviços em 23
países e emprega 200 mil pessoas, está muito feliz
com Cuba, onde o porto, com um custo enxuto inferior
a US$ 1 bilhão (lá não rola propina: não faz muito,
em 2011 o ministro Alejandro Roca pegou 15 anos de
cadeia por ter recebido um jabá de uma empresa
chilena de sucos).
Os pagamentos estão sendo feitos
rigorosamente em dia, como escreveu no site 247: o
risco de inadimplência apontado por alguns críticos
não pode ser contaminado pelo viés ideológico; "para
quem está questionando os riscos quanto ao
pagamento, é importante saber que a ocorrência de
calotes não está relacionada a alinhamentos
ideológicos: os maiores "defaults" recentemente
enfrentados pelo Brasil vieram dos Estados Unidos e
do Chile".
Ao ponderar que em 2013, a Odebrecht
Infraestrutura faturou US$ 8 bilhões no exterior, o
presidente do grupo, que completou 60 anos de
serviços de engenharia este ano escreveu:
"O BNDES não investiu em Mariel. O
BNDES financiou as exportações de cerca de 400
empresas brasileiras, lideradas pela Odebrecht, no
valor equivalente a 70% do projeto. Se o porto será
de grande importância para o socialismo cubano, foi
o capitalismo brasileiro que mais ganhou até agora.
País que não exporta não cresce, não
adquire divisas e não se insere na economia
internacional. A exportação de serviços suporta hoje
1,7 milhão de postos de trabalho no Brasil, na
interação com vários setores produtivos. Promove a
inovação e estimula a capacitação de mão de obra
altamente especializada.
Entretanto, lemos e ouvimos que o
financiamento brasileiro gera empregos no exterior;
que os contratos são sigilosos, talvez para encobrir
negócios escusos; que drena recursos da nossa
infraestrutura; e que o TCU (Tribunal de Contas da
União) não fiscaliza.
Nada
disso é verdade
Primeiro: o financiamento à
exportação gera empregos no Brasil, porque não há
remessa de dinheiro para o exterior. Os recursos são
desembolsados aqui, em reais, para a aquisição de
85% dos bens e serviços produzidos e prestados por
trabalhadores brasileiros (os demais 15% são pagos à
vista pelo importador).
Segundo: informações como o valor,
destino e objeto do financiamento sempre foram
públicas, como pudemos ouvir e ler em todos os meios
que trataram de Mariel. As únicas informações que
não são públicas são as usuais das operações
bancárias, como o valor do seguro, eventuais
contragarantias e as taxas que compõem a operação.
Nos financiamentos feitos pelos
chineses, alemães, americanos, enfim, por todos os
países, essas informações também são confidenciais.
Não foram o Brasil e Cuba que inventaram essa regra.
Terceiro: os recursos que financiam
exportações não concorrem com os destinados a
projetos no Brasil e são providos por fontes
diferentes. Os números falam por si: em 2012, o
BNDES destinou cerca de US$ 7 bilhões para apoiar o
comércio exterior e US$ 173 bilhões para o mercado
interno.
O porto de Cuba não impediu a
construção de nenhum projeto no Brasil. Aliás, até
ajudou.
Por meio da exportação de serviços,
como a de Mariel, a Odebrecht se capacita e gera
resultados que aplica aqui, como fez no terminal de
contêineres da Embraport, em Santos. É o maior do
Brasil e foi construído pela Odebrecht,
simultaneamente a Mariel, com investimento próprio
de R$ 1,8 bilhão".
Já Mauro Hueb,
diretor-superintendente em Cuba da Odebrecht,
destacou em outra entrevista: "É importante
ressaltar que US$ 800 milhões foram gastos
integralmente no Brasil para financiar exportação de
bens e serviços brasileiros para construção do porto
e, como consequência disso, gerando algo em torno de
156 mil empregos diretos, indiretos e induzidos,
quando se analisa que a partir de cada US$ 100
milhões de bens e serviços exportados do Brasil, por
empresas brasileiras, geram-se algo em torno de 19,2
mil empregos diretos, indiretos e induzidos".
Vendas a Cuba foram incrementadas a
partir do governo FHC
A bem da verdade, os primeiros
negócios dessa natureza com Cuba foram iniciados
ainda no governo Fernando Henrique, como ressaltou o
diretor do departamento de relações internacionais e
comércio exterior da Fiesp, Thomaz Zanotto, em
entrevista a Record News em 31 de janeiro de 2014.
No caso do porto de Mariel, a
principal garantia é a sua própria receita. Toda a
operação lá é gerenciada por uma empresa de
Cingapura, que faz o mesmo em outros países do
mundo. Segundo o diretor da Fiesp, como você verá no
vídeo da Record, desde o tempo de FHC Cuba vem
pagando os financiamentos brasileiros rigorosamente
em dia. Nesses mais de 16 anos, o Brasil somou US$
1,8 bilhão em investimentos em Cuba, sem nenhum
problema registrado.
Ao inaugurar a obra da empresa
brasileira, no início deste ano, a presidenta Dilma
Rousseff observou: "É um processo ganha-ganha, Cuba
ganha e o Brasil também ganha. É um bom negócio (…)
Nós continuamos fazendo investimentos na área de
portos no Brasil. O Brasil hoje é um país líder na
América Latina e tem suas responsabilidades. Assim
como a gente saúda países desenvolvidos que, ao
fazer investimentos, financiam o fornecimento de
suas empresas nacionais, por exemplo, o Brasil
financiou o Porto de Mariel, agora, no acordo, quem
forneceu os equipamentos, os bens e os serviços
foram empresas brasileiras. Mais de 400 empresas
brasileiras participaram desse esforço, gerando
emprego e renda".
Para entender melhor a importância
das exportações de serviços na economia de qualquer
país, vale dar uma lida no artigo da superintendente
da Área de Comércio Exterior, Luciene Machado, e do
chefe do Departamento de Comércio Exterior do BNDES,
Luiz de Castro Neves, sobre o apoio do BNDES a
projetos de infraestrutura no exterior, publicado no
jornal Valor Econômico em 17 de abril de 2014. " Os
principais benefícios da internacionalização são
sentidos no Brasil. Para as empresas, a inserção
internacional representa não só a oportunidade de
ampliar sua produção e obter economias de escala,
mas também de diversificar sua carteira de clientes
e mitigar riscos. Obter sucesso no mercado externo,
onde a competição é mais acirrada requer produtos de
qualidade e preços competitivos e capacidade de
absorver e desenvolver novas tecnologias. Já o
mercado interno se beneficia não só dos impactos
favoráveis sobre emprego e renda, mas também dos
ganhos na qualidade dos bens e serviços disponíveis
aos consumidores, usualmente a preços decrescentes.
Basta lembrar dos automóveis comercializados pelo
país na década de 80".
Como se vê, age de má fé quem
critica uma política de exportação de serviços
altamente benéfica para a economia brasileira,
movido apenas pela mais obsoleta intolerância
ideológica. (Extraído do portal Vermelho)
|
|
|
|
|