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Havana. 24 Fevereiro, de 2014

Temos efetuado um magnífico Congresso operário, que coloca os alicerces para o futuro do movimento sindical cubano

Discurso pronunciado pelo primeiro secretário do Comitê Central do Partido e presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, general-de-exército Raúl Castro Ruz, nas conclusões do 20º Congresso da Central dos Trabalhadores de Cuba (CTC), em 22 de fevereiro de 2014

 Companheiras e companheiros;

 Cabe-me fazer as conclusões deste importante Congresso da Central dos Trabalhadores de Cuba (CTC), o qual certamente não se limita a estes três dias de trabalho dos delegados na capital, mas sim a um processo que foi iniciado, há mais de 15 meses, com o debate sindical ao longo do país, e que incluiu a ampla e democrática discussão do anteprojeto do Código do Trabalho, aprovado na Assembleia Nacional, no passado mês de dezembro.

 Da mesma forma o Congresso operário nos coletivos de trabalhadores e nas instâncias de município e província efetuou uma profunda análise do Documento Base, em quase 66 mil assembleias de afiliados, com uma participação de mais de 2,8 milhões de trabalhadores, focalizados no aperfeiçoamento do trabalho das organizações sindicais.

 No âmbito dos trabalhos prévios ao Congresso comemoramos, em 28 de janeiro passado, o 75º aniversário da fundação da CTC, que nasceu como a primeira organização unitária dos trabalhadores cubanos, nas difíceis condições da República burguesa e neocolonial, tendo que enfrentar, durante anos, a repressão e o assassinato de vários dos seus líderes mais revolucionários, a maioria comunistas, entre eles o aguerrido líder açucareiro e militante comunista Jesús Menéndez, fundador junto ao inesquecível Lázaro Pena desta organização.

 As presentes e futuras gerações de líderes sindicais devem se nutrir do valioso legado que guarda a vida e a obra do Capitão da classe operária, qualificativo merecido que Lázaro Peña soube ganhar no seio dos trabalhadores cubanos, forjador e fervente defensor da unidade das forças revolucionárias antes da Revolução e após o triunfo, quem acolhendo como própria a linha de Fidel, se consagrou à organização e brilhante condução do histórico 13º Congresso da CTC, em 1973.

 Diferentemente de congressos anteriores que se concentravam na análise e discussão de temas específicos e geravam propostas de modificações pontuais da legislação vigente no âmbito trabalhista, este 20º Congresso teve a vantagem de contar com as Diretrizes da Política Econômica e Social do Partido e a Revolução, aprovadas no 6º Congresso do Partido, bem como os objetivos de trabalho acordados na sua Primeira Conferência Nacional.

 A etapa de preparação do Congresso permitiu mostrar o apoio majoritário da classe operária ao rumo traçado para a atualização do nosso modelo econômico, e ao mesmo tempo se expressaram com clareza as insatisfações devido à lentidão com que vêm sendo aplicadas na base determinadas decisões aprovadas pelo governo, por ocasiões sem terem sido criadas as condições apropriadas e oferecido a argumentação e informação oportunas, nem se ter exercido o devido controle sobre a sua implementação.

  Apesar de que a questão do sistema salarial vigente na economia estatal resulta sensível e complexa, não posso deixar de abordá-la, embora noutras ocasiões já me tenha referido a esse tema.

 Coincido plenamente com vocês em que o sistema salarial atual não se corresponde com o princípio de distribuição socialista “de cada qual segundo sua capacidade a cada qual segundo seu trabalho”, ou o que quer dizer, que não garante que o trabalhador receba de acordo à sua contribuição à sociedade.

 Também é verdade que o salário não satisfaz todas as necessidades do trabalhador e da sua família, o que gera falta de motivação e apatia para com o trabalho, influi negativamente na disciplina e incentiva o êxodo do pessoal qualificado para outras atividades melhor remuneradas, independentemente do nível profissional requerido. Ainda, desestimula a promoção dos mais capazes e abnegados para cargos superiores, em consequência do daninho fenômeno da chamada de “pirâmide invertida”, o que se traduz em que, geralmente, perante maior responsabilidade menor receita pessoal.

 Ao mesmo tempo, temos carecido de uma focalização integral na implementação da política salarial e de estimulação, o que conduziu à aprovação pontual, ao longo dos anos, de diferentes sistemas de bonificação extrasalariais, em setores e atividades as quais, nem em todos os casos, estão ligadas aos resultados do trabalho e ao incremento da produtividade.

   Tampouco nos podemos esquecer de quase 1,7 milhão de cidadãos que dedicaram dezenas de anos ao trabalho e hoje desfrutam do direito a uma merecida aposentadoria, mas cujas quantias são reduzidas e insuficientes para enfrentar o custo da cesta básica de bens e serviços.

 Ao constatarmos estas crua realidade, em cuja solução integral não temos deixado de trabalhar intensamente, não podemos infundir na nossa população falsas expectativas em curto prazo. Seria irresponsável e teria efeitos contraproduzentes aprovar um aumento generalizado dos salários no setor estatal, pois o único que causaria é uma disparada da inflação nos preços, caso não estarem respaldados devidamente por um incremento suficiente da oferta de bens e serviços.

 Fazer isso pode parecer fácil, é aplicado em muitos lugares do mundo, inclusive na rica Europa, nalguns dos seus países em crise, é a fórmula neoliberal que vem sendo aplicada em várias regiões do mundo com o objetivo de preservar e multiplicar a fortuna dos mais ricos e condenar à marginalidade milhões de habitantes do planeta.

  Embora tenha expressado isso noutras ocasiões não é ocioso e ainda menos ante este Congresso operário, reiterar que na Cuba revolucionária ninguém ficará desamparado e não haverá espaço para as terapias de choque contra o povo. Nenhuma das mudanças que realizarmos poderá jamais atentar contra as conquistas sociais que são fruto da Revolução.

 Caso o salário médio crescer mais rápido do que a produção de bens e serviços, os efeitos para a economia e para o povo seriam fatais; isso seria equivalente a “engolir” o futuro, aumentar irracionalmente a dívida externa e, definitivamente, gerar instabilidade na sociedade cubana, por causa de uma inflação galopante que destruiria a capacidade aquisitiva do salário e das pensões.

 Tenhamos presente o princípio essencial de que para distribuirmos riquezas, primeiramente é preciso criá-la e para fazer isso temos que elevar de forma sustentada e eficiência e a produtividade.     

 Neste tema deixo à parte os serviços médicos, aos quais será aumentado o salário em breve, pois a receita fundamental do país, neste momento, provem do trabalho de milhares de médicos prestando serviços no exterior.

 Na mesma medida em que avancemos nesse propósito, irão sendo conformadas as condições para ter melhores salários e pensões.

  Precisamente a esse fim vão encaminhadas as decisões já adotadas pelo governo, e outras muitas em estudo, para suprimir gradualmente os diversos entraves que ainda existem no sistema empresarial, acerca dos quais vocês já receberam uma ampla informação.

 Esse é, ainda, o objetivo fundamental do processo de eliminação da dualidade monetária e cambiária, cuja etapa inicial de preparação de condições se encontra em andamento e na qual se prevê despregar um sistema salarial mais flexível e consequente com o já mencionado princípio de distribuição no socialismo.

 Em meio destas circunstâncias e cumprindo os acordos do 6º Congresso do Partido vem se propiciando o crescimento de formas de gestão não estatais na nossa economia, cujos trabalhadores recebem ingressos significativamente superiores aos do setor estatal, bem seja o subsidiado ou empresarial. Esta realidade, que a ninguém surpreendeu, não nos pode levar a gerar estigmas contra os trabalhadores autônomos ou independentes e associados a cooperativas, os quais, na maioria, afiliaram-se ao movimento sindical, atêm-se ao estabelecido e cumprem suas obrigações tributárias.

 Ora bem, não desconhecemos que este fator subjetivo representa uma pressão adicional nas aspirações dos trabalhadores estatais, refreadas durante anos, de ver incrementados seus salários o antes possível.

 Nunca devemos esquecer que o sistema econômico que prevalecerá na Cuba socialista, independente e soberana, continuará sendo baseado na propriedade do povo todo sobre os meios fundamentais de produção e que a empresa estatal é e será a forma principal na economia nacional, de cujos resultados dependerá a construção de nosso socialismo próspero e sustentável.

 Portanto, o processo de atualização do modelo econômico e social vai enveredado a criar as condições que permitam o incremento de forma sustentada e sustentável do ingresso dos trabalhadores estatais e, ao mesmo tempo, preservar as conquistas sociais da Revolução.

 Nestas circunstâncias, cresce o papel do movimento sindical cubano e as importantes missões que lhe correspondem: por um lado, organizar, integrar e mobilizar os trabalhadores no interesse da formação de valores trabalhistas, patrióticos e morais; e do outro representá-los e defender seus direitos diante da administração em um clima de exigência mútua.

 Para atingir esse objetivo o trabalho sindical deve ser despojado de formalismos e da antiga mentalidade, surgida ao longo de anos de paternalismo, igualitarismo, gratuidades excessivas e subsídios indevidos. Sabemos que há magníficos companheiros que ainda sentem saudades daqueles tempos passados, quando nos difíceis momentos do início do período especial fomos obrigados a implementar soluções emergentes; não obstante, é preciso superar velhos hábitos e a barreira psicológica associada a eles para compreendermos que jamais recuaremos àquela função do sindicato como distribuidor de estímulos de diferentes tipos.

 A CTC e seus sindicatos devem se concentrar no essencial, que é exercer sua atividade no interesse da implementação bem-sucedida das Diretrizes e desenvolver um trabalho político-ideológico diferenciado e abrangente, na defesa da Unidade dos cubanos, tendo em conta que seu trabalho se torna mais complexo nas condições de um setor não estatal da economia que vai crescendo, onde não são aplicáveis os métodos e o estilo tradicionalmente utilizados no setor estatal, os que, ainda, deverão ser aperfeiçoados.

 Nesse sentido, também devemos ter em conta a imperiosa necessidade de fomentar e atrair o investimento estrangeiro, no interesse de dinamizar o desenvolvimento econômico e social do país, propósito no qual vamos avançando, com a criação da Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel, e na elaboração de um projeto de Lei sobre o Investimento Estrangeiro, que será submetido à Assembléia Nacional, no próximo mês de março.

 O trabalho sindical nas empresas mistas ou de capital estrangeiro, logicamente, será diferente, não na sua essência, mas sim na forma em que o temos praticado até hoje e para isso é preciso irmo-nos preparando desde agora.

 Particularmente se torna necessário potencializar o vínculo permanente dos dirigentes sindicais com as organizações de base, sua participação nas assembleias de afiliados e a atenção dos jovens que se iniciam na vida trabalhista, para o qual se deverá garantir a preparação prévia e o conhecimento da situação concreta de cada lugar, no interesse de influir no trabalho político-ideológico e produtivo com os trabalhadores.

 Também se torna imprescindível assegurar a permanente capacitação e superação dos líderes sindicais quanto ao conteúdo e alcance das políticas e medidas que vão sendo aprovadas, no âmbito do processo de implementação das Diretrizes, dominar a nova legislação, de forma tal que contem com a informação requerida para esclarecer dúvidas, supervisionar seu cumprimento, alertar oportunamente acerca de qualquer desvio e somar os coletivos de trabalhadores à sua materialização prática.

 Este rumo de trabalho adquire maior relevo quando observamos o alto grau de renovação na direção dos executivos sindicais na base, quase 44%, enquanto foi renovado 35% dos secretários gerais de seções e de bureaus sindicais e 17% deles são jovens menores de 30 anos.

 Igualmente, desde o Congresso anterior, se registrou uma significativa renovação nos cargos principais da CTC e os diferentes sindicatos. Hoje nos acompanha o anterior secretário-geral, companheiro Salvador Valdés Mesa (Aplausos), quem por causa de seu trabalho relevante foi promovido a vice-presidente do Conselho de Estado e na sua condição de membro do Bureau Político do Partido se manteve acompanhando de perto o desenrolar deste evento. 

 Acho justo reconhecer, ainda, o trabalho ativo realizado nos últimos oito meses, à frente da Comissão Organizadora, pelo companheiro Ulises Guilarte de Nacimiento (Aplausos), a quem vocês elegeram hoje como novo secretário-geral da CTC.

 Antes de finalizar devo referir-me aos acontecimentos que têm lugar hoje na irmã República Bolivariana da Venezuela. Nós temos condenado energicamente os incidentes violentos levados a cabo por grupos fascistas, que provocaram mortes, dezenas de feridos, ataques a instituições públicas e destruição. Sabemos, pela própria experiência, quem são os que estão nos bastidores, que financiam e apoiam estas brutais ações, que têm como objetivo derrubar o governo constitucional venezuelano.

  Estes fatos confirmam que onde quer que haja um governo que não convenha aos interesses dos círculos de poder nos Estados Unidos e a alguns dos seus aliados europeus se torna alvo das campanhas de subversão. Agora, lançam mão de novos métodos de desgaste mais sutis e mascarados, sem abrir mão da violência, para quebrar a paz e a ordem interna e impedir aos governos se concentrarem na luta pelo desenvolvimento econômico e social, caso não conseguirem derrubá-los.

 Não poucas analogias podem ser achadas nos manuais de guerra não convencional, implementados em vários países de nossa região latino-americana e caribenha, tal como hoje acontece na Venezuela e que com matizes similares se tornou evidente noutros continentes, anteriormente na Líbia e atualmente na Síria e Ucrânia. Quem tiver dúvidas a esse respeito o convido a folhear a Circular de treinamento 18-01 das Forças de Operações Especiais norte-americanas, publicada em novembro de 2010, sob o título “A Guerra não Convencional”.

 Agora mesmo na Ucrânia estão ocorrendo acontecimentos alarmadores. A intervenção das potências ocidentais deve parar, para permitir ao povo ucraniano exercer de forma legítima seu direito à autodeterminação. Não se deve ignorar que estes fatos podem ter consequências muito graves para a paz e a segurança internacionais.

 Temos expressado e ratifico hoje aqui nosso pleno apoio à Revolução Bolivariana e Chavista e ao companheiro Nicolás Maduro (Aplausos) quem com inteligência e firmeza vem enfrentando esta complexa crise.

 Temos a convicção de que o povo venezuelano saberá defender suas irreversíveis conquistas, o legado do presidente Hugo Chávez e o governo que elegeu livre e soberanamente, tal como expressa nossa Declaração do dia 12 de fevereiro passado.

 Companheiras e companheiros:

 Considero que temos efetuado um magnífico Congresso operário, que coloca os alicerces para o futuro do movimento sindical cubano, já que as questões examinadas têm a ver muito de perto com o papel da CTC e dos seus sindicatos no processo ideológico, político e econômico da Revolução. Por esse motivo, em nome do Partido Comunista e do Governo Revolucionário parabenizo nossa classe operária e todas e todos aqueles que participaram diretamente neste 20º Congresso (Aplausos).

 Nesse sentido, acho que é apropriado lembrar um excerto do discurso de Fidel, ao encerrar o histórico 13º Congresso, há mais de 40 anos, quando expressou, cito: “Não se impõe um ponto de vista, discute-se com os trabalhadores. Não se adotam medidas por decreto, não importa quão justas ou quão certas possam ser.. as decisões fundamentais que afetam a vida de nosso povo têm que ser discutidas com o povo e essencialmente com os trabalhadores”. Fim da cita.

 Assim como nos ensinou Fidel, o continuaremos fazendo,

Viva a classe operária cubana! (Exclamações de “Viva!”)

Muito obrigado (Aplausos).
 

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