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Havana. 21 Maio, de 2014

Cuba: As viagens e os castelos de Havana

Roberto F. Campos

PARA a Organização Mundial do Turismo (OMT) viajar constitui uma atividade que tipifica o enfrentamento da paz contra a guerra, sobretudo a partir da compreensão e a tolerância intrínsecas.

E esse conceito tem muitas bases no conhecimento dos viajantes acerca da história e das tradições dos povos, que no caso cubano e, particularmente sua capital; Havana, atrai a atenção por seus castelos, símbolos permanentes de uma época anterior.

Lugares que atestam um momento de dominação, agora são transformados em imagem icônica da cidade, postal que identifica a urbe central do arquipélago cubano.

Havana, com seus contrastes, também tem castelos. Baluartes de uma época colonial entre os ataques dos piratas e o desejo espanhol de preservar sua colônia. Isso tudo ficou quase intato e hoje pode ser apreciado facilmente. Praticamente, estas fortalezas constituem símbolos da perpetuidade da memória histórica da cidade, da sua permanência, sendo por isso que aparecem nos postais turísticos como o mais distintivo.

O exemplo mais significativo é constituído pelo castelo do Morro, que recebe aqueles que chegam pelo mar, ou simplesmente àqueles — que visitam Havana — e pretendem conhecer os lugares mais representativos da cidade, fundada definitivamente em 16 de novembro de 1519.

O IMPENITENTE MORRO

Sempre à espreita, o castelo de Los Tres Santos Reyes del Morro, assenta sobre um alto rochedo, na entrada da baía de Havana. Esta fortaleza e seu farol guiam os navios e são uma imagem perfeita para aqueles que, durante as viagens, fitam seu olhar nos grandes detalhes.

Na atualidade, é um lugar para visitar, chegando a ele mediante uma embarcação que cruza o canal de entrada da baía ou por terra, cruzando o túnel de Havana.

Porém, antes de sua utilização como lugar turístico, muitas coisas aconteceram, pois a Coroa espanhola concebeu planos defensivos da cidade, entre os séculos 17 e 18, devido aos ataques marítimos efetuados pelos piratas.

As obras duraram 40 anos, iniciadas em 1589 e findas em 1630, sob a direção do engenheiro militar Juan Bautista Antonelli, quem foi, ainda, o pai de outros redutos da vila.

O Morro, como simplesmente é conhecido, tem forma de polígono irregular, com grossas muralhas, ergue-se a 40 metros acima do nível do mar e possui baluartes e outras construções próprias para a defesa.

Como fato mais destacado, o Morro permitiu enfrentar, em 1762, a esquadra inglesa que se apoderou dessa fortaleza e a partir dela, propiciou-se a tomada e ocupação de Havana, que durou 11 meses (até 6 de julho de 1763).

Qualquer viajante que chega hoje em dia à cidade distingue acima da fortaleza uma torre de dez metros, seu farol marítimo, que serviu de atalaia e sofreu várias mudanças: no começo a luz do farol era alimentada com lenha; a partir de 1819 com óleo, em 1928 com acetileno e finalmente desde 1945 com eletricidade.

LA FUERZA TORNOU-SE INEXPUGNÁVEL

Protegendo a entrada da baía, e sendo a fortaleza mais antiga, encontra-se na parte mais cosmopolita da cidade o castelo da Real Fuerza. Ali se pode desfrutar de uma tarde maravilhosa, sobretudo o pôr do sol, em um café na parte superior, ou desfrutar de exposições de artistas da cerâmica no seu interior.

Contudo, sua construção esteve também ligada ao auge dos ataques dos corsários e piratas, questão que obrigou o rei da Espanha, Felipe II, a ordenar ao governador de Havana na época, D. Hernando de Soto, a construção de uma grande fortaleza.

Estas obras começaram em 1558 e terminaram 20 anos depois, em 1578. Como peculiaridade, nos seus começos estiveram a cargo da única mulher governadora da capital, Dona Isabel de Bobadilla, esposa de Hernando de Soto, aventureiro que morreu em 1542, no rio Mississippi, durante a conquista da Flórida.

Então, aquela mulher apaixonada, que sempre esperou o retorno do seu companheiro, entregou a direção das obras ao arquiteto Mateo de Aceituno. Acabou sendo uma construção tão forte que alguns governadores a utilizaram como residência.

E como uma curiosidade, a senhora Bobadilla se converteu em um símbolo tal que foi criado um cata-vento, e acima dele foi colocada uma estátua de metal, na cúpula do castelo, recebendo essa figura o nome de La Giraldilla, um dos principais emblemas de Havana, que representa a figura de uma mulher olhando o horizonte.

LA PUNTA, MUITO PRÓXIMO DO MAR

O castelo La Punta foi construído em um rochedo, bem perto do mar, diretamente sobre ele. Sua construção durou dez anos, sendo acabado em 1600, quer dizer, 30 aos antes que o Morro. Esta fortaleza é um baluarte muito simples, em forma de quadrilátero, com 100 metros de comprimento e 58 de largura.

Os historiadores lembram que quando da ocupação de Havana por parte dos ingleses, o castelo sofreu grandes danos, que depois foram reparados. Em 1868, durante a Guerra dos Dez anos, pela independência da Coroa espanhola, acrescentaram-se quatro esplanadas, para desdobrar quatro canhões em cada uma delas.

SAN CARLOS DE LA CABAÑA: SEDE DE EVENTOS

Além de acolher o Museu das Armas e um local onde o comandante guerrilheiro cubano-argentino Ernesto Che Guevara instalou seu escritório, nos primeiros tempos da Revolução Cubana, em 1959, este lugar representa o centro do Parque Histórico, Turístico e Militar Morro-Cabaña.

Esta grande fortaleza também foi construída sob a regência do arquiteto Juan Maria Antonelli e está situada numa colina que domina a cidade toda, posição que os militares da época consideravam chave para a defesa da cidade.

Foi de tal maneira que o próprio Antonelli, após construir o Morro, olhou para aquela elevação e disse que quem a dominasse também conseguiria tomar Havana, como aconteceu depois com a armada inglesa.

As obras começaram em 1763 — imediatamente depois da retirada dos ingleses — por ordens de Carlos III e acabaram um ano mais tarde. Os planos foram feitos pelo francês M. de Valliere e os desenhos também correram pela conta do francês M. Ricaud de Tirgole.

Falamos neste caso de uma praça de 750 metros de comprimento, com um polígono de 450 metros de muralhas, com baluartes, terraços, capoeiras e revelins. Em 1859 continha uma tropa de 1,3 mil soldados, com 120 canhões e obuses de bronze.

Nos seus pátios foram fuzilados alguns patriotas cubanos, como Juan Clemente Zenea, foi sede do comando das tropas rebeldes, depois do ano 1959, cárcere, palco de julgamentos contra a segurança do Estado e finalmente local turístico.

E como símbolo que distingue a cidade, atualmente, cada noite, às 21 horas, é disparado um tiro de canhão, conhecido pelos cubanos como o "Canhonaço das nove", empregando uma peça de artilharia da época colonial, manipulada por cadetes, que envergam os uniformes da época colonial.

A tradição recolhe que esse disparo dava a ordem para fechar as muralhas da cidade, outra das medidas de proteção da vila contra os piratas.
 

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