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Havana. 19 Fevereiro, de 2014

RELAÇÕES SOCIAIS
Um mundo para os seres humanos

Yenia Silva Correa

UMA das prioridades de muitas instituições e centros de pesquisa em Cuba tem sido trabalhar a favor dos estudos sobre a mulher. Debater sobre estes aspectos fora do campo acadêmico é requisito fundamental para educar a partir da comunicação, num mundo que deve ser cada vez mais inclusivo.

A presidenta da Cátedra de Gênero e Comunicação, do Instituto Internacional de Jornalismo José Martí, a doutora Isabel Moya Richard, compartilha suas impressões a respeito do tema.

Qual a situação atual dos estudos de gênero em Cuba?

“Acho que os estudos de gênero em Cuba estão num bom momento. A criação de 33 cátedras de estudos sobre a mulher, a existência de um mestrado de gênero e do Centro de Estudos da Mulher, da Federação das Mulheres Cubanas (FMC) têm desenvolvido um conhecimento que permite um exame próprio da realidade cubana. Contamos, ainda, com uma incipiente bibliografia onde se publica o pensamento de pesquisadores cubanos sobre estes temas. Inclusive nalgumas questões estamos bastante avançados, como por exemplo no estudo das masculinidades”.

Quanto tem contribuído o diplomado de Gênero e Comunicação à compreensão do tema?

“O diplomado nasceu no ano 2002 e deve-se, em primeiro lugar, à sensibilidade de Guillermo Cabrera, o diretor do Instituto naquele momento, que criou a cátedra de Gênero e Comunicação. Começamos com ações pequenas. Depois foi possível o desenvolvimento deste diplomado que tem graduado mais de 200 pessoas da América Latina e Espanha, permitindo desenvolver outras oficinas e seminários. O diplomado é uma das muitas ações que realizamos”.

As mulheres se desempenham num mundo onde predomina o ponto de vista masculino nas relações sociais. Será que também vai chegar o momento onde exista o ponto de vista feminino?

“A questão não é ver o mundo a partir do olhar masculino ou feminino. O desafio — e ao que realmente aspira o feminismo —  é ver um mundo para os seres humanos, reconhecendo suas diversidades, a pluralidade na maneira em que ser homem ou ser mulher se possa estruturar”.

“Acho que o maior problema da sociedade contemporânea é o mandato obrigatório de que coisa é ser mulher ou homem. Na prática vemos que há diferentes maneiras de assumir isto. Essas maneiras devem ser desenvolvidas a partir das possibilidades, dos interesses, do desejo das pessoas e não por obrigados mandatos culturais. Daí a importância de que os meios levem estes temas a debate”.

“Às vezes, a aproximação dos meios é muito esquemática: ou uma super mulher que é praticamente impossível conseguir e que não resulta paradigma para ninguém porque não tem vida própria, ou o modelo de mulher que para ter sucesso deve abrir mão da família, ou pelo contrário, a maternidade como algo obrigatório e forçado. Esses esquemas não levam a nenhuma parte”.

Então, o que acha a senhora que devemos fazer os profissionais dos meios?

“Penso que devem abordar como um problema esta realidade. Em datas determinadas entrevistamos mulheres magníficas, maravilhosas e sacrificadas, mas não se aborda o problema de como se vive a maternidade. Por que razão são tão poucos os homens que cuidam dos filhos a partir dos seis meses e até o ano de vida, se recebem as mesmas vantagens?”

“Infelizmente, as mulheres também somos machistas porque essa é uma ideologia que está na sociedade. Educaram-nos assim. Por ocasiões pensamos que devido aos sucessos atingidos pelas cubanas na vida pública já isso significa uma igualdade. Temos avançado muito na participação política. Somos o segundo país do mundo com mais mulheres no Parlamento. Mas existe um desafio a partir da cultura que é mais difícil de transformar. Existe uma estrutura cultural que vai desde o lar até os grandes meios, que continuam nos conformando à maneira tradicional. Por isso, no caso particular de Cuba, o importante é abordar isso como um problema, pois existem muitos sucessos e não temos tantos problemas como os de outras sociedades”. 

 

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