PARA aqueles que vimos ir embora os
primeiros 1.214 médicos cubanos em agosto-setembro
de 2013 com destino Brasil para integrar o primeiro
grupo de cooperadores cubanos no programa Mais
Médicos, junto com os mais de 10 mil que continuaram
chegando posteriormente, parece-nos que o tempo
transcorreu muito rápido. Foi essa a sensação que
tivemos este verão quando começaram a retornar à
Ilha para desfrutar de suas merecidas férias.
Alguns não puderam conter a emoção e
expressaram. "sentir que a distancia é demasiada,
que tem passado muito tempo da última vez que vistes
teus seres queridos, que necessitas tocar tua terra,
e abraçar os costumes de tua pátria..."
Muitas vezes o trabalho ocupa os
vazios que a ausência deixa e que às vezes minimiza
até o momento da partida.
Unicamente aquele que tem estado
longe de sua terra pode compreender a solidão que se
sente ainda rodeado de amigos; quanto pesam a
separação da família, dos vizinhos, as discussões
fraternais sobre o último campeonato de beisebol;
nas noites de muito calor sentar-se na beira-mar e
esperar o tradicional toque de canhão, ou sentar-se
em qualquer parque principal de qualquer povo
cubano.
Todos esses grandes e pequenos
vazios são compensados com a sagrada missão de
sarar, proteger e salvar as pessoas mais pobres, nos
recantos mais difíceis ou inóspitos, em qualquer
parte do mundo.
Entre os médicos entrevistados, a
dra. Iraide Ivette Lozano Hidalgo, médico integral
da província de Holguin, expressou ao jornal
Granma: "Temos tido que enfrentar-nos, além da
nostalgia por nossos familiares, a um novo idioma, a
uma nova situação alimentar, a novos costumes, a
doenças que em Cuba já não existem e aqui têm uma
incidência preponderante; mas realmente a satisfação
de contribuir para sarar uma pessoa que jamais tem
sido visitada por um medico, simplesmente por causa
da distancia, é imensa".
Acontece que desde que chegaram ao
Brasil, os médicos cubanos têm atendido um grande
número de pessoas com padecimentos crônicos que nem
sequer tinham sido diagnosticadas.
Outro tema sensível, expresso até
por alguns meios de imprensa brasileiros, é o
impacto causado pelos médicos cubanos em seu
atendimento aos pacientes.
A isso também se referiu a dra. Ivia
Ávila Aguilera, que trabalha no Estado de Ceará,
integrada a uma equipe que atende sete postos de
saúde, com uma população de aproximadamente 1.350
pacientes que habitam zonas agrestes. "Nestas
condições há muitos médicos. Mas nossa recompensa
são suas atitudes, seu agradecimento e
solidariedade, apesar de sua pobreza. Essa é sua
forma de agradecer, compartilhando conosco o pouco
que têm".
Para a dra. Yasmit Aday, que
trabalha no município de Joinville, Estado de Santa
Catarina, tem sido "uma grande experiência trabalhar
onde existe tanta concorrência entre o setor privado
e o público, que em ocasiões incide negativamente no
atendimento que o povo recebe".
"Mas nesta parte da população, o
governo de Dilma Rousseff tem conseguido levar a
saúde a todos, através do projeto com nossos médicos
e com médicos de outros países como a Espanha,
Portugal e México", comentou Aday.
Uma das coisas que mais impressionam
à maioria dos médicos entrevistados, foi a
disparidade social que existe nesse país
sul-americano.
"Há muitas diferenças, pessoas com
muito dinheiro e outras sem nada, que são isoladas e
discriminadas. A população está agradecida e
satisfeita com nosso esforço, atendemos qualquer
pessoa sem distinção. No início foi difícil,
encontramos certa resistência em alguns setores, mas
pouco a pouco conseguimos integrarmos", expressou
Yamila Valdés, doutora que também colabora em Santa
Catarina.
Enquanto esta edição esteja a
circular, o dr. Enrique Capote La O, de Santiago de
Cuba, deve estar contando os dias que lhe ficam em
sua cidade natal junto a seus familiares para depois
retornar a seu trabalho em Macapá, cidade capital do
Estado de Amapá, na região da Amazônia para
continuar atendendo seus pacientes.
O dr. Enrique reflete sobre a
essência que diferencia os profissionais cubanos da
saúde, seu esforço diário. Daí que segundo sua
opinião, podemos afirmar que Mais Médicos é um
sucesso, "porque com nossa presença temos revertido
a situação da saúde nos lugares mais remotos e
desatendidos. Quando chegamos, determinados grupos
de poder desataram uma guerra da mídia contra nossa
presença e contra o programa implementado pelo
governo de Dilma. Mas a qualidade dos nossos médicos
e a natureza do trabalho que desenvolvemos deitou
por terra essa campanha; a realidade tem demonstrado
a pertinência de Mais Médicos, e os milhões de
pessoas atendidas são o exemplo mais sólido dessa
realidade".
As opiniões dos recém chegados à
imprensa nacional reafirma que os médicos cubanos
gozam do reconhecimento mundial no mundo todo, não
só pela sua preparação profissional mas sim por sua
qualidade humana e disposição de atender os mais
necessitados em qualquer recanto do mundo.