Cuba faz um
apelo ao mundo para lutar contra o Ébola
• A Ilha maior das Antilhas
anuncia o envio de uma brigada de 165 colaboradores
médicos para a Serra Leoa
"O governo cubano, como tem feito
sempre nestes 55 anos de Revolução, resolveu
participar deste esforço global, sob a condução da
Organização Mundial da Saúde, para enfrentar a
dramática situação que hoje existe na África
ocidental. Por sua vez, convoca os governos e
ministros da Saúde de todos os países a aderirem à
luta contra este flagelo".

A doutora
Margaret Chan e o doutor Roberto Morais Ojeda,
durante a
entrevista coletiva em Genebra.
Assim expressou em Genebra, Suíça, o
ministro cubano da Saúde Pública, Roberto Morales
Ojeda, em 12 de setembro último, ao anunciar o envio
de uma brigada de 165 colaboradores, constituída por
62 médicos e 103 enfermeiros, os que possuem, em
média, mais de 15 anos de experiência de trabalho.
"Eles todos, acrescentou, participaram anteriormente
em situações de desastres naturais e
epidemiológicos, assim como em missões de
colaboração médica e 23% deles tem mais de uma
missão internacionalista".
Acrescentou que esta colaboração,
que será através da OMS, com recursos escolhidos a
partir de todos os que voluntariamente têm
expressado a disposição de trabalhar em conjunto,
incluindo os EUA, será realizada em Serra Leoa.
Morales informou que viajou a
Genebra para reunir-se com a diretora-geral da
Organização Mundial da Saúde (OMS), a doutora
Margaret Chan, para dar resposta, em nome do governo
cubano, ao pedido de ajuda realizada por ela e pelo
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ao presidente
Raúl Castro Ruz, como parte do esforço mundial que é
preciso realizar para combater a epidemia do Ébola
na África ocidental.
O ministro explicou que desde o
primeiro momento Cuba resolveu manter suas brigadas
que hoje prestam serviços na África, e de maneira
particular os 23 profissionais que se encontram em
Serra Leoa e os 16 na Guiné Conacry.
Para
combater a epidemia precisa-se
de 500 a 600 doutores e mais de 1 000 trabalhadores
da saúde.
Durante a entrevista coletiva, junto
à doutora Margaret Chan, Morales fez um apelo ao
resto dos governos e ministros da Saúde, para que
possam contribuir com o resto dos países que estão
afetados.
Disse também que Cuba já adotou
medidas, como parte do Controle Sanitário
Internacional quanto à entrada e saída de viajantes,
assim como o fortalecimento do Sistema de Vigilância
Higiênico-Epidemiológico Nacional.
"Esta resposta de Cuba — aprofundou
o ministro — tem como antecedente que a Revolução
não esperasse o desenvolvimento de seus serviços de
saúde para começar a oferecer sua ajuda a outros
povos". Apenas um ano depois do triunfo, em 1960,
ofereceu-se a primeira ajuda médica internacional ao
Chile, para atender aos afetados por um terremoto; e
em maio de 1963 partiu a primeira Brigada Médica
para a Argélia, composta por 55 colaboradores, para
oferecer seus serviços durante um ano.
Na década de 70 se alarga a
colaboração solidária em países da América Latina,
África e Ásia e em 1998, com os furacões George e
Mitch no Caribe e na América Central, começa o
Programa Integral de Saúde, no qual têm participado
25.288 colaboradores da saúde, em 32 países.

A doutora
Margaret Chan afirmou que até 12 de setembro 4.782
pessoas tinham sido contagiadas pelo virus e 2.400
haviam falecido.
Cuba ainda colaborou na formação de
profissionais das ciências médicas para 121 países
da Ásia, África e a América. Até à data, graduaram-se
38.940 médicos, dos quais 24.486 pertencem às dez
promoções da Escola Latino-americana de Medicina,
inaugurada pelo líder cubano Fidel Castro Ruz, em
novembro de 1999, como parte do caráter sustentável
do Programa Integral de Saúde.
Atualmente, a Ilha maior das
Antilhas colabora com professores na formação de
recursos humanos das ciências médicas em 10 países,
com uma matrícula de 29.580 estudantes.
Um dos programas mais sensíveis e
humanos iniciou-se em julho de 2004, com a Operação
Milagre, em parceria com a República Bolivariana da
Venezuela, mediante a qual 2.890.000 pessoas de 35
países, delas, 36.636 africanos, melhoraram ou
recuperaram a visão.
Também mencionou que após o furacão
Katrina ter açoitado a cidade de Nova Orleã, em 19
de setembro de 2005 foi criado o Contingente
Internacional de Médicos Especializados no
Enfrentamento a Desastres e Grandes Epidemias "Henry
Reeve". Nesse momento, ofereceram-se 10 mil médicos
para ajudar o povo norte-americano, ajuda que não
foi aceita pelo governo desse país; mas a partir do
contingente foram conformadas 39 brigadas que
estiveram presentes em situações de emergência em 23
países.
A deficiência física, um dos
problemas mais prementes em nossos povos, motivou, a
partir do ano 2008, a realização de um Estudo
Psicossocial e Clínico-Genético desta população, que
permitiu chegar aos lares de 1,5 milhão de pessoas
com deficiências físicas na Venezuela, Equador,
Nicarágua, Bolívia e São Vicente e as Granadinas.
Na África, até à data, uns 76.744
colaboradores da saúde prestaram serviços em 39
países. Neste momento existem 4.048 colaboradores em
32 países, deles 2.269 são médicos.
Cuba marca presença hoje em 66
países, com 50.731 colaboradores, dos quais 64,6%
são mulheres e 25.412 deles são médicos.
Como resultado de todos estes anos
de solidariedade e cooperação foram cumpridas
595.482 missões em 158 países, com a participação de
325.710 trabalhadores da saúde, muitos deles com
dois, três e mais missões.
Durante estes anos de cooperação
realizaram-se mais de 1,2 milhão de consultas
médicas, mais de 2.2 milhões de partos, oito milhões
de intervenções cirúrgicas e mais de 12 milhões de
crianças e mulheres grávidas foram imunizadas.
O MAIS IMPORTANTE É TER O PESSOAL
ADEQUADO, AFIRMA DIRETORA DA OMS
Por seu lado, a doutora Margaret
Chan destacou que o mais importante para evitar a
transmissão do Ébola é ter o pessoal adequado, os
especialistas adequados, que sejam treinados
apropriadamente e que saibam como se manterem a
salvo eles próprios.
"O dinheiro e os materiais são
importantes, mas com estes meios somente não podemos
parar o surto de Ébola. O mais importante são as
pessoas; pessoas que sintam compaixão, médicos e
enfermeiras que saibam como reconfortar os
pacientes, apesar das barreiras de, por exemplo,
estar usando meios de proteção e trabalhar sob
circunstâncias muito difíceis", sublinhou a doutora
Chan.
Após significar que o surto de Ébola
que está devastando parte da África Ocidental é o
mais longo, severo e complexo em quase quatro
décadas da história desta enfermidade, a diretora-geral
da OMS reconheceu que Cuba é conhecida mundialmente
por sua capacidade de treinar excelentes médicos e
enfermeiras, assim como "por sua generosidade e
solidariedade com os países na rota para o progresso".
Mais adiante, em resposta aos
jornalistas, a doutora Chan informou que a China
respondeu também e já tem equipes médicas nos três
países afetados.
Acrescentou que o secretário-geral
da ONU esteve falando com os líderes mundiais,
especialmente com o Reino Unido, Estados Unidos,
França, África do Sul, China, e "todas as
conversações têm sido muito positivas. Trata-se
agora de saber os detalhes, quantas pessoas, quais
materiais e onde".