Livia Rodriguez
Delis
A recentemente finalizada 32ª edição
da Feira Internacional de Havana (Fihav)
caracterizou-se por ser uma das mais sólidas na
concretização de novos projetos que poderão
contribuir para a dinamização da economia de Cuba.
E é que a Fihav se afiançou como
ponto de referência de novas relações comerciais
mais fortes, eficientes e com objetivos bem
definidos, apoiadas pela apresentação da carteira de
negócios, as garantias que oferece a Lei 118 do
Investimento Estrangeiro, aprovada neste ano, e os
avanços da quase recém-estreada Zona Especial de
Desenvolvimento de Mariel (ZEDM).
No encerramento do evento, o
vice-presidente do Conselho de Ministros, Ricardo
Cabrisas Ruiz, afirmou que a feira deste ano marcará
um acontecimento histórico, por ser a primeira
dedicada à promoção do investimento estrangeiro. E
assegurou que culminou com um balanço positivo, que
se manifesta através de maior desenvolvimento
tecnológico, um nível superior na preparação e na
qualidade das mostras.
Quanto à carteira de negócios
apresentada, esclareceu que não constitui uma lista
de interesses, mas sim de objetivos bem definidos no
Programa de Desenvolvimento Econômico e Social do
país, no qual se concebe a importante participação
do capital de fora.
Explicou que a prioridade é a
captação dos investimentos do capital estrangeiro,
com o fim de dinamizar o desempenho da produção e
dos serviços, e exortou os empresários cubanos a,
além de manterem e avançarem nos contatos já
estabelecidos, continuar estudando os países que
possam significar novos negócios, fundamentalmente
em capital e tecnologia.
"Os empresários cubanos adquirem
grande responsabilidade, a partir das políticas e
decisões adotadas relativamente à separação das
funções estatais das empresariais, a concessão de
maior autonomia e alargar as faculdades da empresa
estatal socialista, garantindo um âmbito de gestão
mais flexível e menos centralizado", precisou.
Cabrisas agradeceu a participação no
evento dos homens de negócios e das delegações
oficiais o que, afirmou, constitui uma amostra do
crescente interesse neste evento em nível
internacional.
OS PREMIADOS
Na última noite do evento, como já é
habitual, foram entregues os prêmios à qualidade dos
produtos, ao estande, ao melhor design, entre outras
categorias. Cuba, o Brasil e a Espanha foram as
nações que mais prêmios conseguiram, com medalhas de
ouro e menções à qualidade do produto, o design e
outras categorias.
Na categoria de melhor pavilhão
foram premiados os da Alemanha, Brasil, Argentina e
o México, o país mais representado foi a Espanha,
com 312 empresas expondo seus produtos e o que mais
cresceu quanto à participação foi o Brasil.
EMPRESÁRIOS OPINAM
"Não existe na região um evento com
a organização e o poder de convocatória da Feira de
Havana". Assim opinou ao Granma Internacional
o empresário basco Ignacio Uriarte, presidente das
companhias Idurgo (talheres de luxo) e Capeans
(baixela de luxo), e representante da entidade
Vicrila (cristais).
Estas empresas — Idurgo, com 55 anos
no mercado; Capeans, 70 e Vicrila, 125 — são muito
conhecidas na Espanha pela qualidade e elegância de
seus produtos, os quais estão presentes desde o lar
do espanhol comum até a Casa Real do país europeu.
"Nem Chile, nem a Argentina, nem a
Colômbia têm uma Feira como a de Havana, com esta
quantidade de expositores da América e Europa, por
exemplo. Desde aqui temos feito negócios com uma
pequena usina do Uruguai para ensinar-lhes a
produzir estes produtos. Esta Feira é vital para
todos."
Acerca das oportunidades que se
abrem na Ilha disse: "Nós levamos estabelecidos em
Cuba há 24 anos, temos uma empresa cooperada com o
governo cubano que fabrica talheres, a qual neste
momento não se encontra em operações, mas queremos
estabelecer-nos com muita força".
"Como? Pois, indubitavelmente
vamos pôr em andamento a usina de talheres 30 de
noviembre, situada em Santiago de Cuba; a de pratos
do município especial da Ilha da Juventude e a de
cristais do município de La Lisa, em Havana".
"Estas três empresas", afirmou
Uriarte, "que deverão entrar em funcionamento no ano
2015, serão montadas com tecnologias modernas e
maquinarias de última geração, com as quais se
poderão fabricar 300 milhões de copos e por volta de
30 milhões de pratos, aproximadamente".
"A usina de Santiago de Cuba passará
de empresa mista a ser administrada totalmente por
Idurgo, e ali, tal como no resto das entidades, nós
contribuiremos com o saber-fazer e o equipamento,
enquanto Cuba porá a mão de obra e o pessoal
qualificado, e em um prazo de três anos serão
entregues totalmente à parte cubana."
Sua experiência lhe permite ver que
a materialização dos projetos no setor turístico é
uma boa base para assentar-se com mais força na Ilha
e aprofundar os vínculos comerciais:
"Agora, com a nova lei do
investimento estrangeiro, as condições são ótimas
para investir em Cuba quanto a impostos, ao local, à
força de trabalho e outras garantias que oferece o
governo cubano; isso interessa aos empresários e
depois de 24 anos não vamos perder a chance".
ENGENHARIA DE PRECISÃO VINDA DA
ESPANHA
Com a sede perto de Madri desde o
ano 1998 a empresa familiar Escribanos, cujo diretor
de desenvolvimento e negócios, Juan Manuel García,
determinou chegar à Feira de Havana com outro
conceito de entrada ao mercado.
A empresa espanhola se especializa
no fabrico de peças em mecanização de elementos de
muita alta precisão, para áreas como a indústria e a
aviação2 que necessitam deste tipo de componentes.
Pela capacidade de produção, as
máquinas especializadas da Escribanos podem ser
utilizadas para a produção de trens de pouso e se
podem adaptar para a obtenção de elementos
específicos de qualquer setor.
É por isso que o objetivo desta
entidade espanhola em Cuba não é somente vender
equipamentos, mas estabelecer alianças estratégicas
com empresas claves, às quais transferiria
tecnologia e conhecimentos para que a capacidade
industrial se regenere e que a Ilha adquira
autonomia para sustentá-la durante o ciclo de vida
desses sistemas.
"Não podemos fornecer equipamentos
que tragam algum benefício a médio e longo prazo;
pelo que vemos que a transferência de tecnologia, de
conhecimento e de ajuda à industrialização de um
país é um veículo muito mais efetivo para o país
receptor."
"Há outras vantagens adicionais:
cria força de trabalho, acumula tecnologia que pode
servir de base para a diversificação de peças para
equipamentos de outros setores, mais sofisticados ou
de uma natureza específica para as empresas
cubanas."
Além de outros contatos, a Fihav
deu-lhe a oportunidade de reunir-se com empresários
cubanos interessados na capacitação: Têm-nos pedido
ajuda para a formação concreta na utilização de
máquinas de cinco eixos, devido ao número
considerável desse tipo de equipamento que temos em
nossas fábricas e nossa experiência industrial.
ARMAZENAMENTO DE ÚLTIMA TECNOLOGIA
PARA MARIEL
A empresa francesa PIRS que, desde
há 30 anos constrói estruturas de última tecnologia
com fins diversos, fundamentalmente de armazenagem,
veio pela primeira vez à Fihav 2014 motivada pela
abertura, há um ano, da Zona Especial de
Desenvolvimento Mariel.
"Somente há três empresas no mundo,
que se dedicam a este tipo de estrutura: duas
estadunidenses e a PIRS, a qual tem obras
construídas em 15 países do mundo", afirmou Julio
Cesar González, representante para a América Latina
e o Caribe.
O empresário corroborou que sua
presença em Cuba tem como fim participar na zona
dedicada a silos para os cereais, concebida para o
Mariel e considerou que as soluções de sua entidade
são as idôneas para essa tarefa.
Contrário das estruturas
tradicionais de armazenamento com silos metálicos,
as propostas pela entidade francesa são em forma de
domo, não se corroem, não se oxidam, controlam a
temperatura e os níveis de umidade dos produtos e
têm sistemas automáticos de carga e descarga.
"Entre suas vantagens, também se
destaca a resistência desses armazéns a fortes
ventos, movimentos telúricos; e para o açúcar, milho
e sementes são mais competentes" embora se possam
armazenar nessas estruturas todo o tipo de produtos".
Durante a Feira, na qual
identificaram negócios em setores como o níquel,
seus empresários tiveram encontros com funcionários
do Ministério da Indústria Alimentar e do Ministério
de Agricultura, aos quais manifestaram seu interesse
de contribuir ao aumento da capacidade de
armazenamento de Cuba.