Cuqui: uma
cubana de coração
Nuris Barbosa
León
DESDE o verão do ano 1991 visita
Cuba uma brigada de amigos de Porto Rico, que tem o
nome de Juan Rius Rivera, nome de um lutador
independentista desse país que participou nas
guerras de independência cubana do século 19 e
ganhou a patente de general.
Um desses visitantes é Carmen
Virginia López Vélez, conhecida como Cuqui, que em
mais de vinte ocasiões já veio a Cuba. Sua profissão
é assistente social e mora em San Juan, a capital.
Ela milita no Comitê de Solidariedade e faz parte da
Junta diretiva para a coordenação das brigadas,
segundo conta ao Granma Internacional.
"Os integrantes das brigadas nunca
se dispersam, participam de uma rede de
solidariedade com Cuba e com os povos da América
Latina. Fazemos manifestações nas ruas, em frente da
embaixada dos EUA em Porto Rico ou outro organismo
governamental. Exigimos a liberdade dos lutadores
antiterroristas cubanos, presos nos EUA, o fim do
bloqueio a Cuba e a desocupação da base de
Guantánamo. Mobilizamo-nos para a realização de
atividades culturais ou sindicais e sempre
convidamos várias personalidades ou intelectuais que
possam explicar as injustiças cometidas".
Como membro da Comissão dessa
rede, qual é o outro trabalho que realiza?
Nós determinamos as atividades que
cada brigada vai realizar em Cuba e escolhemos os
porta-bandeiras. A entrega da bandeira é o momento
mais importante, porque se torna implícita a
homenagem a realizar com alguma figura patriótica de
Cuba ou do meu país, explicamos o programa
conformado e as iniciativas a empreender. Escolhemos
figuras que tiveram destaque nas diferentes lutas em
Porto Rico para que sejam os porta-bandeiras. Nesse
ato faz-se um sarau cultural com os artistas que
trazemos na brigada.
Também explicamos a realidade cubana
e enfatizamos na possibilidade de que se façam
doações de materiais escolares, equipamentos
informáticos ou médicos. Nós próprios financiamos a
estada da brigada no território cubano e outra das
atividades que promovemos é a noite cubana,
destinada a degustar pratos, acompanhados de um
espetáculo cultural. O dinheiro arrecadado é
empregado para o financiamento da brigada, sua
logística.
Qual tem sido uma das ações de
maior impacto da brigada?
Todas as ações têm tido seu impacto
porque tentamos não repeti-las. Ao concluir a
campanha em prol da liberdade de nossos presos
independentistas, começamos outra jornada que
chamamos do Yunque ao Pico Turquino.
Estivemos preparando-nos durante um
ano para levar cinco bandeiras ao Yunque, a elevação
mais alta que temos em Porto Rico, para depois
trazê-las a Cuba e subir o Pico Turquino. Com essa
ação também pretendemos exigir a liberdade dos
lutadores antiterroristas cubanos, presos
injustamente nos cárceres do império, lembramos o
legado de Hugo Chávez e de Ernesto Guevara, as lutas
do movimento operário internacional e a juventude.
Foi impressionante porque nesta brigada trouxemos
pessoas maiores de 60 anos, jovens e adolescentes
menores de 18 anos e houve um treinamento esportivo,
para poder subir essas montanhas.
Para a brigada de 2014, quais
iniciativas fizeram?
Propusemo-nos encontros teóricos com
a história de Cuba. Conhecemos do processo de
transformação econômica implementado nos últimos
anos e conversamos com especialistas cubanos para
nos esclarecerem acerca do tema. Fomos à escola
Pedro Albizu Campos, no município de Unión de Reyes,
na província de Matanzas e levamos materiais
escolares. Essa escola de ensino primário tem uma
grande significação para nós porque leva o nome de
um patriota e líder independentista portorriquenho.
Já visitamos essa escola em várias ocasiões e a
queremos com o coração.
Ainda, estivemos no instituto
pedagógico Pedro Albizu Campos, no município de
Guines, na província Mayabeque, e lembramos Camilo
Cienfuegos, um comandante da Serra Maestra,
desaparecido em 1959, em um acidente de aviação. No
ensejo dessa homenagem conversamos com populares do
município de Yaguajay, em Sancti Spíritus e
visitamos escolas vocacionais militares, conhecidas
como Camilitos. E percorremos a cidade de Santa
Clara.
O que é que planejam realizar na
próxima brigada?
Queremos trazer uma grande delegação
cultural para que participe do Festival do Caribe,
que se realiza cada ano em Santiago de Cuba, porque
pensamos homenagear os 500 anos da fundação dessa
cidade da parte oriental de Cuba.
Por que seu amor por Cuba?
Eu lembro que quando era criança
contribuí com cinco centavos para uma coleta para
apoiar a Revolução Cubana, em 1960, e na época tinha
seis anos. Acompanhei um irmão mais novo, com ideais
independentistas e ele me fez ver a possibilidade de
um país diferente, tendo o exemplo desta Ilha.