"Fidel é que
convoca"
• Diálogo com Roberto Chile
por ocasião de sua exposição
sobre o líder histórico da Revolução cubana
Yenia Silva
Correa
DESDE 13 de agosto e até 28 de
setembro foi aberta ao público, no museu Memorial
José Martí, a exposição fotográfica e audiovisual
Fidel é Fidel, do destacado cineasta cubano Roberto
Chile.

A repercussão nos meios e a
aceitação do público o confirmam as mais de 5.300
pessoas que até 30 de agosto tinham visitado o
lugar. Sobre este tema o Granma Internacional
dialogou com o autor das imagens.
Falemos da aceitação que teve a
exposição.
"Esta é uma exposição dum filho
deste povo. É uma homenagem a Fidel, mas também ao
povo que todos estes anos viveu vendo-o e lutando
com ele".
"O maior prêmio não é somente ter
conseguido tanta concorrência do público na
inauguração, uma concorrência incomum comparada com
todas as exposições que historicamente se têm
realizado aqui no Memorial, senão a concorrência que
teve depois".
"Vieram
pessoas de todos os setores da população: pais com
seus filhos, estudantes, jovens, militares,
trabalhadores da imprensa, enfim... o povo em geral".
"Eu diria que vêm não para ver estas
fotografias e estes audiovisuais, senão para
reencontrar-se com Fidel. Esta é uma exposição
popular e, como eu dizia o dia da inauguração, quem
convoca não é Chile, Fidel é que convoca e as
pessoas responderam a essa convocatória".
"Há crianças que o redescobriram,
jovens que o têm visto depois de muito tempo e
adultos que sentiram uma grande emoção, pois me
comentavam que valeu a pena tudo isto porque se
sente como um reencontro com esse guerrilheiro com
quem estiveram durante muitos anos de sua vida,
sendo parte indissolúvel da nação cubana".
Qual o papel da figura de Fidel
Castro em sua obra?
"Desde 1984, aproximadamente, tive a
tarefa de acompanhá-lo a todos lados. Estive com ele
durante mais de 25 anos: desde os lugares mais
inóspitos de Cuba até muitos países que visitamos,
quer por eventos quer por visitas de governo".
"Lembro
com muita admiração sua relação com o povo, seus
vínculos com as pessoas do nosso país e de todos
lados, e ter estado com ele em atos nacionais, em
visitas a usinas, a fábricas, a cidades..."
"Jamais esqueço que onde havia um
furacão, aí estava Fidel, onde havia um desastre, um
acidente, um problema, aí estava Fidel e nos junto
dele".
"As vivências que tenho da história
da Revolução nestes últimos 30 anos são infinitas, e
isso é por ter estado com ele, por tê-lo acompanhado,
e por ter dedicado os melhores anos da minha vida a
compartilhar essa aventura histórica".
O que está fazendo o senhor
atualmente?
"A tarefa principal que temos agora
é salvaguardar estas imagens, conseguir que este
tesouro audiovisual que conservamos em nossos
arquivos se possa salvar para que os jovens e as
crianças que ainda não têm nascido possam conhecer o
Fidel que nos vimos, possam conhecer os anos de
Revolução que nos vivemos e os valores culturais e
históricos que tem esta nação e que nós fomos
testemunhas disso".
"Além
do mais, estou trabalhando numa série que temos
intitulado preliminarmente Raíces. É uma
série fotográfica que também vai incluir
audiovisual, embora não documentário, sobre as
raízes africanas do nosso povo, com um olhar não
religioso, mas sim cultural, voltado para as
religiões cubanas de origem africana".
"Vou continuar uma série que fiz e
que teve grande repercussão dentro e fora de Cuba,
que intitulamos Afrodescendientes, Guanabacoa,
Cuba, mas neste caso nos temos estendido a
outros lugares da capital e do país".
"Já estivemos em muitas cidades:
Jaguey Grande, Agramonte, Perico, e vamos tentar ir
a Matanzas, Cárdenas, Camaguey e Oriente, para
conhecer sobre esta herança africana que a vida nos
legou e que tanto enriquece nossa cultura".
"Não se pode dizer que conhecemos a
cultura cubana se não sabemos quem é Oxum, quem é
Xango, Eleguá. Mas tampouco se pode falar de cultura
cubana sem ter claro que é uma mistura diversa de
todas as cores, todas as crenças, todo o ímpeto pela
vida que nos legou essa mestiçagem de espanhol,
africano, árabe e chinês que todos temos".