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Havana. 10 Setembro, de 2014

ECOSSISTEMAS EM CUBA
Do mar para as montanhas

Joaquín Rivery Tur

OS livros sagrados dos maias contam que os deuses formaram o ser humano a partir do milho e, na essência, com isso se intuía na legenda que o meio faz o homem.

Resulta um princípio muito belo, pois o meio e a vida estão tão relacionados que daí surge o conceito de sistemas ecológicos (ecossistemas): aquelas condições onde tudo acontece e se desenvolve.

Cuba, um arquipélago esplêndido na região do trópico, tem grandes ecossistemas que vão desde os fundos marinhos ate as cúpulas das montanhas, os extremos de uma natureza que nesta nação moldou e implantou seu selo.

A grandiosa diversidade inicia-se desde fora, quando alguém se aproxima por mar, mergulha, desembarca e se interna por cidades modernas e antigas, rumo a savanas e montanhas, olha no subsolo, percorre florestas. Estas ilhas e ilhotas não têm fim para os interesses dos curiosos, dos turistas, geógrafos, espeleologistas, geólogos e biólogos...

As águas que cercam Cuba são pródigas até à generosidade, desde seu oceano, imortalizado pelo escritor Ernest Hemingway, até as praias fabulosas, areia fina e sol resplandecente.

SOB A ÁGUA

Aqueles que se aventuram a auscultar as maravilhas ocultas sob o espelho de água nas zonas próximas da costa, descobrem um universo de bordados coralinos e um movimento perpétuo das formas que a vida adota nesses lugares profundos e menos profundos da plataforma submarina.

Ali floresce uma grinalda de tesouros submersos que se aferram à plataforma em comunidades, às vezes gigantescas, de corais e suas variantes de recifes frontais, promontórios e barras, em perfeita simbiose com peixes, algas, esponjas, ascidias, moluscos e crustáceos. Um reino de cores na beira toda da plataforma (3.200 quilômetros).

Quem não se espanta ao ver a beleza de uma paisagem coralina, onde a natureza pareceu esvaziar as cores em grande extensão? Os pólipos têm criado estes lugares de fantasia e enorme utilidade, pois suas formações defendem as costas de furacões, servem de hábitat a muitas espécies e são uma impecável fábrica de areia da melhor qualidade para as praias.

Cuba conta com mais de quatro mil ilhotas que rodeiam a Ilha, formando ecossistemas próprios, cheios de intimismo, talvez pela escassa presença humana, embora alguns deles se tenham incorporado à vida econômica do país mediante o turismo. São eles os arquipélagos Los Canarreos, Jardines de La Reina, Los Colorados e Jardines del Rey.

As praias constituem a fronteira entre a água e a terra, os mangues e os pantanais. Estes últimos são ecossistemas para a imaginação, com abundância de aves e de mangues, lagoas litorais, estuários, planícies inundadas de água doce e florestas pantanosas.

O maior de todos, insuperável no Caribe insular, declarado pela Unesco Patrimônio da Humanidade, é o Pantanal de Zapata. Também destacam o de Lanier, na Ilha da Juventude, e o de Birama, na foz do rio Cauto, além de outros menores em diferentes províncias.

No Pantanal de Zapata encontra-se o maior criadouro de crocodilos, com o Crocodylus rhombifer, espécie endêmica de Cuba, e duas aves únicas do lugar, com um habitat muito reduzido: a gallinuela de Santo Tomás (Cyanolimnas cerverai) e a ferminia (Ferminia cerverai).

No subsolo, em zonas montanhosas, embora também em áreas planas, há muitas grutas que fazem de Cuba um paraíso de espeleologistas pela riqueza do mundo subterrâneo, graças à natureza calcárea do país. Na província de Pinar del Rio, no ocidente, está o maior sistema de grutas, nas montanhas do centro existe um salão com uma das estalagmites mais altas do mundo, e na planície norte da zona central, no Parque Nacional Caguanes, há um sistema de grutas que espanta por sua horizontalidade.

PLANÍCIES E MONTANHAS

A linguagem dos artifícios da natureza para expressar-se muda de forma abrupta em terra firme das ilhas maiores do arquipélago (Cuba e a Ilha da Juventude), onde se podem observar dois tipos de ecossistemas bem definidos: as planícies e as montanhas.

As planícies são, possivelmente, a paisagem mais frequente e também a mais transformada historicamente pelo ser humano para culturas de diferentes tipos e para a pecuária.

No seio da terra não há uniformidade e há dois tipos distintivos antes de chegar às montanhas: as planícies calcárias costeiras e os terraços marinhos. Exemplos da primeira são a península de Guanahacabibes e o sul da Ilha da Juventude.

Os terraços marinhos são elementos chamativos do relevo e os casos cubanos estão entre os maiores e mais conservados do mundo, que atingem sua maior evolução em Maisí (extremo oriental de Cuba) e Cabo Cruz, no remate ocidental da Serra Maestra. Estas são formações até com 24 degraus, com desnível entre 80 e 100 metros, muito íngremes.

Por Maisí se considera que entraram as migrações de indígenas arahuacos, chamados localmente taínos, empurrando para o oeste os siboneyes, e naqueles terraços batidos fortemente pelo ar forte há sítios arqueológicos suficientes para demonstrar que esse era precisamente o lugar de chegada de muitos povoadores autóctones, muito antes da chegada dos conquistadores espanhóis.

Desde ali, pela costa norte, se estende o grupo orográfico Nipe-Sagua-Baracoa, com as florestas mais virgens, os rios mais limpos e uma diversidade biológica inigualável no Caribe insular. Ali se encontra a reserva da biosfera Cuchillas del Toa e o Parque Nacional Alexandre von Humboldt.

A Serra Maestra é a cordilheira em situação oposta, ao longo da costa meridional das províncias orientais. Em seu território se encontram os parques nacionais Desembarco do Granma e Turquino, e suas elevações e florestas foram palco da luta guerrilheira dirigida pelo comandante-em-chefe Fidel Castro até o derrubamento da ditadura de Fulgencio Batista, apesar do apoio que Batista recebia dos Estados Unidos.

Continuando rumo ao ocidente, no centro do país, encontramos a cordilheira de Guamuhaya ou Escambray, possivelmente dos quatro grupos orográficos o mais afetado pela ação do homem.

Finalmente, no oeste, a cordilheira de Guaniguanico, com a originalidade de suas silhuetas pétreas denominadas mogotes (morros) no Vale de Viñales. Ali se encontra a reserva da biosfera Sierra del Rosario.

Somente resta mencionar o elemento principal de todos estes sistemas ecológicos: o povo cubano, que habita neles e cuida muito do seu patrimônio histórico e cultural.
 

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