UM homem faz o que deve — sem
importar-lhe as conseqüências pessoais, os
obstáculos, as pressões nem os perigos — e este é o
fundamento da moralidade humana.
A frase, que neste instante qualquer
cubano poderia assumi-la para qualificar a admiração
que sentimos por nossos Cinco heróis, pertence ao
vocabulário político do presidente John F. Kennedy,
em suas definições sobre o valor.
Desde a detenção destes cinco homens,
no amanhecer do dia 12 de setembro de 1998, a
imprensa de Miami se propôs apresentá-los como todo
o contrário e iniciou um dilúvio de propaganda
mal-intencionada e fraudulenta para apresentar o
caso como uma tenebrosa rede de espiões enviados
para atentar contra a segurança nacional dos Estados
Unidos, criminosos perigosos cujo propósito era
destruir os EUA ou como assassinos a soldo.
Foi René González Sehwerert, em uma
das visitas que sua filha Irma lhe fez, quem
explicava que "os meios os tinham julgado" a priori.
Hoje é muita a documentação que
prova que o governo dos EUA utilizou suas agências
de propaganda contra Cuba: Rádio e Tevê Martí, como
ponta de lança para a manipulação do processo contra
os Cinco e de forma secreta pagou importantes somas
de dinheiro a 84 jornalistas dessa cidade, para que
publicassem notícias e artigos e para que
participassem de tertúlias na rádio e na televisão,
com o objetivo de difamá-los e influir no júri que,
finalmente, os condenou.
A missão desses jornalistas era
transmitir mensagens apoiando os argumentos do
governo no julgamento e criar um ambiente de
histeria e de ódio irracional.
Os advogados e investigadores
provaram como nos meios locais de Miami foram
convocadas, inclusive, manifestações públicas diante
do lugar onde se reunia a defesa e acossaram os
supostos membros do júri, durante a fase anterior ao
julgamento, perseguindo-os pelas ruas com câmeras e
filmando suas licenças de motoristas e mostrando-as
na televisão.
Existem denúncias de que os meios
tiveram um papel muito mais ativo durante o
julgamento, que se efetuou entre os anos 2000 e
2001, para demonizá-los.
Durante os 194 dias que durou o
julgamento, somente nos jornais The Miami Herald
e El Nuevo Herald, apareceram mais de mil
materiais, uns cinco cada dia.
No site Reporters for Hire
(repórteres de aluguer) foram publicadas 2.200
páginas de contratos e documentos que demonstravam
que o governo dos EUA pagou a esses jornalistas.
Revendo alguns títulos dos materiais
publicados nesses meses constata-se essa campanha de
fogo:
-São traidores, devem ser punidos
severamente.
-Espião considerou recrutar
empregados de base aérea.
-Rede de espionagem cubana ataca
segurança nacional.
-Possível aliança com o terrorismo.
A surpreendente ofensiva contra uma suposta rede de
espiões cubanos em Miami poderia ser uma ação
destinada a prevenir uma possível colaboração do
governo de Cuba com países envolvidos em ações
terroristas contra os Estados Unidos.
-Os advogados são bem conhecidos nos
círculos judiciais locais. Têm ganho milhares de
dólares defendendo narcotraficantes, ladros,
mafiosos, sequestradores, motociclistas violentos e
militares corruptos...
-Espiões planejavam sabotagens na
Flórida. Os supostos espiões de Havana planejavam
realizar atos de sabotagens em instalações aéreas da
Flórida, revelou a procuradoria geral numa corte de
Miami. A acusação agrava a situação dum caso que tem
atraído a atenção e a imaginação do exílio cubano.
- A procuradoria teme que Cuba
controle o julgamento dos espiões. O governo de Cuba
pretende manipular o julgamento contra cinco
supostos espiões, tentando fechar o caso com "uma
versão arranjada", afirmou em Miami a principal
representante da procuradoria.
-Medo de integrar júri de espiões. O
medo de uma reação violenta por parte do exílio
cubano se o júri decide absolver os cinco homens
acusados de espiar para o regime da Ilha, tem levado
a muitos candidatos a solicitar da juíza que os
escuse do dever cívico.
"Para ser sincero, senhoria, espero
que minha participação no júri não tenha impacto nos
meus negócios", declarou um vice-presidente de uma
importante entidade bancária da área metropolitana
da cidade.
Quando a juíza Joan A. Lenard
pediu-lhe para esclarecer, Jesse Lawhome Jr. indicou
que temia que um veredicto absolutório dos acusados
prejudicasse seu negócio, porque "tenho relações com
membros da comunidade hispana que têm opiniões
contra sobre o tema".
Ficou demonstrado nas audiências
para a seleção do júri que nenhuma das 164 pessoas
selecionadas como candidatos, examinadas ante a
juíza, no processo de perguntas das partes, admitiu
publicamente ter uma impressão favorável de Cuba. Os
três aspirantes que opinaram com certo ar de
equilíbrio foram vetados pela procuradoria.
-A KGB tinha instruções para a
defesa dos espiões.
-A procuradoria teme de uma
conspiração contra no julgamento.
-Juiz impede que ponham o exílio no
banco dos réus.
Existem argumentos suficientes para
falar sobre as luxúrias da mídia de Miami, contudo,
vejamos três exemplos publicados em setembro de
2001:
Cuba utilizou alucinógenos para
treinar seus espiões. Um ex-agente afirma que Cuba
empregou técnicas de hipnose em seus espiões.
Consistia no uso de drogas para explorar a
possibilidade de "dominar as mentes a longa
distância".
O governo cubano treinou os tubarões
que há pouco atacaram banhistas na costa leste dos
Estados Unidos. Foram treinados na Ilha de Pinos.
O vírus do Nilo detectado em cidades
dos Estados Unidos foi enviado de Cuba para
inabilitar os soldados norte-americanos na Flórida.
O artigo, "O vírus do Nilo prolifera nas bases
militares", que inclui um mapa do estado mostrando
onde estão as bases, cita dois "professores"
emigrados que alegam que os iraquianos enviaram
amostras do vírus a Havana e que os cubanos poderiam
ter infectado as aves migratórias "antes de retornar
aos estados Unidos".
A grande imprensa norte-americana
fez e faz silêncio total sobre esta injustiça, e
continua imperando esta opinião de escárnio com que
têm apresentado e continuam apresentando nossos
heróis.
Duas prisões perpétuas para um
espião cubano. O chefe do bando passará o resto de
sua vida numa prisão federal. (Isso disseram sobre
Gerardo Hernández, em dezembro de 2001).
Retorna a Cuba segundo dos cinco
espiões. O espião Fernando González, um dos cinco
agentes da inteligência de Castro julgados nos EUA
em 2001 foi libertado após cumprir sua condenação
(Esta foi a notícia de 1º de março de 2014).
Como disse numa mesa-redonda da
televisão cubana, em agosto de 2006, esse lutador
pela verdade e a justiça, o destacado advogado
Leonard Weinglass, "as decisões contraditórias sobre
o caso dos Cinco demonstram que é impossível ver o
assunto do ponto de vista legal e em termos da lei
norte-americana, porque se trata dum julgamento
essencialmente político e, em particular, da
política dos Estados Unidos contra Cuba".
Weinglass disse aos cubanos confiar
em que os Cinco serão libertados. "Os Estados Unidos
não podem ser cúmplices dum crime e ao mesmo tempo
julgar as pessoas que se opõem. Não se pode apoiar
uma guerra contra Cuba e ao mesmo tempo julgar a
quem tentam se opor a ela".
(Intervenção do autor na
Audiência Parlamentar sobre os Cinco em 5 de maio de
2014)