6º ENCONTRO SINDICAL NOSSA AMÉRICA
Espaço de resistência, luta e articulação
Nuria Barbosa León
MEMBROS e dirigentes de organizações operárias do
continente se reunirão em Havana para comemorar nos
dias 3 e 4 de maio o 6º Encontro Sindical Nossa
América (ESNA), espaço de participação popular para
a construção da resistência ante o capitalismo.
O evento apresenta-se como mecanismo aglutinador no
contexto das lutas sociais e como espaço de
articulação para defender os interesses de classe.
Seu objetivo é a integração solidária, o respeito a
soberania e a eliminação da exploração e a injustiça
social dos países americanos, sem exclusão à
diversidade.
O colombiano Manuel Rodríguez Cárdenas tem sido um
dos coordenadores do movimento e ele opina que estes
encontros nascem como necessidade imperiosa de
buscar a união das forças progressistas da região
para enfrentar o neoliberalismo, além de acompanhar
os novos processos de integração e na mesma medida
apoiar a emancipação política das nações.
Seus objetivos vão encaminhados à inserção do
movimento de trabalhadores, com identidade própria,
nos cenários atuais, e a ação comum contra as
praticas imperiais. “As declarações finais buscam a
busca de ações especificas ante a militarização do
imperialismo, os golpes de Estado, políticas de
emprego, flexibilização trabalhista, papel da mulher
e dos setores em resistência, com suas
particularidades como gênero, etnia, juventude,
aposentados, desempregados, que lhe dão um valor
acrescentado ao Encontro Sindical Nossa América.
O espaço surge por ocasião do 2º Congresso
Bolivariano dos Povos, efetuado em Caracas,
Venezuela, dezembro de 2004, quando o presidente
Hugo Chávez Frias apresenta a idéia de conformar uma
nova Central Sindical na América. De maneira ágil e
representativa, representantes sindicais presentes
no fórum, acordam elaborar uma proposta que tenha
como base protagônica a Central Unitária de
Trabalhadores do Brasil (CUT), a Central de
Trabalhadores de Cuba (CTC) e a Força Bolivariana de
Trabalhadores da Venezuela (FBT).
Aquela idéia que iniciou em caracas, posteriormente
voltou a ser debatida no Fórum Social Mundial em
Porto Alegre — 2005 e no 4º Encontro Hemisférico de
luta contra a ALCA, desenvolvido em Havana em abril
desse ano, onde se considerou a criação de um Fórum
Sindical pela integração. É por isso que nos finais
de 2007 nasce a nova iniciativa do Encontro Sindical
Nossa América, devido à necessidade de articulação
das organizações sindicais com propósitos comuns.
Quito, capital do Equador, celebrou o primeiro
evento de ESNA, em maio de 2008, e na Declaração
Final, conhecida como Carta de Quito, se expôs um
diagnostico cojuntural que justificava o
desenvolvimento e continuidade destes encontros.
Tamb0Úm alertou sobre o posicionamento do movimento
de trabalhadores ante a crise capitalista que se
agudizava aceleradamente, reconheceu o
extraordinário retrocesso das relações sociais
devido às políticas neoliberais e definiu três eixos
fundamentais: a defesa dos direitos dos
trabalhadores e dos direitos sociais, a integração
solidária e soberana; a luta na defesa da soberania
alimentar, sobre os recursos energéticos, hídricos,
a biodiversidade e a sustentabilidade ambiental.
Em 2009, em São Paulo, Brasil, teve lugar a segunda
edição, onde participaram representantes de 21
países da área e de organizações sindicais do
Chipre, República Democrática do Congo, Galiza,
Índia, Japão, País Vasco, Portugal e Vietnã.
A agenda desse encontro debateu o conteúdo e
compromisso político dos sindicalistas ante os
problemas do capitalismo.
O presidente da Venezuela Hugo Chávez participou da
terceira convocatória que teve lugar em
Caracas-2010. Nesse encontro fez-se um chamamento
para ampliar e aprofundar na construção de
estratégias, ações de lutas, alternativas próprias e
conjuntas para enfrentar e superar a crise. Também
se falou de potenciar a participação social nos
processos de mudança que s elevam a cabo na região,
e contribuir com a ação comum para a urgente e
necessária justiça social ligada à definitiva
independência da América. A Declaração Final
expressou: “Abraçamos todas as ideologias da nossa
classe, todas as formas de luta e nos esforçaremos
para conseguir a necessária unidade de todas as
estruturas organizativas existentes, sem competir
com elas. Cremos no internacionalismo proletário”.
Em Manágua, Nicarágua, os eventos continuaram em
2001 com a participação de 337 delegados de 134
organizações procedentes de 27 países. No
encerramento marcou presença o presidente Daniel
Ortega e sua Declaração Final chamou a desenvolver
ações especificas ante a crise do capitalismo
mundial e para a defesa dos direitos dos
trabalhadores, com renovado sentido classista das
lutas sociais contra um modelo explorador.
Na quinta edição, efetuada na Cidade do México, em
2012, participaram 400 delegados de 20 países e 28
delegações de 34 estados nacionais. A Declaração
Final do México e os documentos políticos que se
debatem vão dirigidos a instalar um modelo sindical
que assuma integralmente os problemas dos
trabalhadores, promovendo debates e fortalecendo os
vínculos entre as organizações.
Para Manuel Rodríguez Cárdenas, Cuba mostra-se como
o eixo aglutinador, não só por seu exemplo ante o
mundo e a legitimidade de sua Revolução, mas também
para poder reunir todo este clamor e anelos, e
encaminhá-los para um sentido comum sem desvirtuá-lo
de seus princípios. “Eu diria que Cuba tem sido
determinante para este maravilhoso fórum porque tem
sabido ser ator-fundador e fonte de riqueza para
alimentar os debates, as resoluções finais e os
planos de ação”
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