O Ártico também pode ser destruído
Joaquín Rivery Tur
O gelo que se desprende de um bloco central pode ser
um bom espetáculo para um fotógrafo ou um turista,
mas com certeza é um sinal de catástrofe. O gelo se
reduz dia após dia. No Ártico, na Antártida, nas
geleiras da montanha, em todos lados.
A revista Science tem prestígio bem ganho.
Os que escrevem para ela são verdadeiros
especialistas nos temas que tratam, e no seu último
número se alarma, se preocupa, porque a redução das
calotas pode condenar o polo Norte ao
desaparecimento, embora ninguém saiba em quanto
tempo.
Eric Post, professor de Biologia da Universidade
Estatal da Pensilvânia, recém afirmou que “em breve
poderia ser coisa do passado”.
A pesquisa indica que os ursos polares e certo tipo
de focas, que parem em cavernas sob a neve, perdem
muitos filhotes quando essas grutas desabam, devido
às prematuras chuvas da primavera.
Essas espécies poderiam estar condenadas à
extinção. De fato, existem relatórios sobre animais
e latitudes mis meridionais, como o zorro vermelho,
que estão invadindo zonas antes mais frias. Os ursos
brancos veem seu tamanho reduzido.
Pernte esta situação, a Casa Branca não age. O
governo norte-americano emite gases ao entorno,
quase como desejando a destruição do planeta.
Um estudo internacional deste cientista e professor
adverte acerca das consequências sofridas por
plantas, animais, insetos e seres humanos, em
decorrência da mudança climática. O aquecimento
reduziu em 45 mil quilômetros quadrados por ano as
camadas estacionais de gelo no verão ártico, nos
últimos 20 a 30 anos.
Os especialistas chegaram a uma conclusão
catastrófica: “É difícil prognosticar o que vai
acontecer se os prognósticos se cumprem e se as
temperaturas aumentam 6 graus mais neste século”.
O estudo enfatiza no dano à biodiversidade, mas
também eis o outro perigo que se estende ao planeta
todo: o derretimento dos gelos faria aumentar o
nível dos oceanos e os efeitos deste fenômeno vão
afetar, nomeadamente, os países insulares e
costeiros.
Segundo o Ecoportal.net, as temperaturas do Ártico
atingiram, nos últimos dez anos, seus valores
máximos desde há 2 mil anos, por causa dos gases que
provocam o efeito estufa, revertendo a tendência
para o arrefecimento natural, que deveria durar
quatro milênios mais.
Para David Schneider, do Centro Nacional dos
Estados Unidos para a Pesquisa Atmosférica, o Ártico
é “o lugar onde se pode ver o que está acontecendo
com o sistema climático e como o resto da terra
continuará ou poderia continuar”.
Isso é no norte. Na Antártida enxergamos os mesmos
perigos, aumentando os riscos, devido a que essa é a
zona mais castigada pelo buraco da camada de ozônio.
Do continente antártico desprendem-se cada vez mais
enormes blocos de gelo, cujo tamanho real não se
pode apreciar na superfície, mas a causa é a mesma:
o aquecimento do clima.
O cientista explicou que a plataforma Wilkins
experimentou uma fratura significativa em 1998,
quando tinha quase 20 quilômetros de comprimento e
250 metros de profundidade. Em 2008 houve outro
colapso, que a reduziu para 2,7 quilômetros de
comprimento uma sorte de ponte que se havia formado.
A navegação pelo extremo austral não será a mesma e
assim foi constatado em 23 de novembro de 2007 pelo
cruzeiro Explorer, que naufragou no estreito de
Bransfield após colidir com um iceberg. No navio
viajavam 100 passageiros e 54 tripulantes, os quais,
felizmente, foram resgatados ilesos.
René Preller, chefe de expedições turísticas
antárticas do Chile, com 31 anos de experiência
inclusive no Ártico, contou que em 1978 haviam dois
navios que faziam cruzeiros com 100 passageiros cada
um, e em 2008-2009 o número mal chegou a 43.
As estimativas do aumento do nível dos oceanos, com
o derretimento das calotas de gelo dos dois polos da
terra variam segundo diferentes especialistas. O
relatório elaborado pelo Painel Intergovernamental
sobre Mudança Climática, em 2007 expressou que o
nível do oceano poderia aumentar entre 19 e 59
centímetros para finais do século. Porém, vários
cientistas consideraram, num encontro efetuado na
Dinamarca, que o nível dos oceanos poderia aumentar
mais um metro, embora se mantenham baixas as
emissões de gases poluentes em todo mundo.
Se com o nível anterior previsto as afetações
principais as sofreriam as ilhas e zonas baixas
continentais do Pacífico e o Índico, caso o nível
das águas atingir um metro, muitas zonas do
continente americano também seriam afetadas, como
algumas ilhas do Caribe, zonas litorâneas do Golfo
do México, a zona de Nova York e Flórida, Guiana e
Equador e outras.
Um estudo patrocinado pelo Banco Mundial expressa
que as Guianas, as ilhas Bahamas, Belize e Jamaica
são os lugares mais expostos.
Segundo muitos cientistas, citados pela BBC,
ainda estamos em tempo de aliviar os possíveis
efeitos dum aumento do nível dos oceanos, mas os
empresários não estão interessados nas
consequências, mas sim nos lucros.
Aliás, existe o perigo das geleiras, cujos ciclos de
derretimento dão lugar a riachos e rios nas zonas
montanhosas, com uma importância vital para a
alimentação dos seres humanos, pois essas correntes
dão de beber, e dão água para a irrigação agrícola e
até para a indústria.
Por causa do aquecimento do clima, as geleiras estão
em processo de rápido desaparecimento, fenômeno que
se pode observar claramente na cordilheira andina e
nos Alpes europeus, mas do qual não escapa nem
sequer o Himalaia, sendo preciso considerar que
estas massas congeladas armazenam milhares de
toneladas de água doce que se têm formado ao longo
de milênios.